(Foto Ilustrativa)
A legitimidade virá com a palavra do povo
Estive profundamente ligado à política cultural de Barra Mansa, participei de outras tantas mobilizações para a organização de conferências e fóruns em Volta Redonda e no Médio Paraíba. Estou conselheiro de cultura, representando o setor de teatro e literatura há dois anos. Nesse período vimos, dentro daquele Conselho, casarões sendo derrubados, mesmo com a negativa do CMC, vimos projetos de sala de espetáculo sendo modificados, igrejas com obras de emergência, enfim, uma grande mobilização. O meu maior questionamento hoje é o porquê do esvaziamento das reuniões.
Enquanto Barra Mansa assinou o seu compromisso com o Sistema Nacional de Cultura em 2011, Volta Redonda só o fez agora. Calma, não vou começar com comparativos competitivos. Não. O que quero destacar é a recente mobilização que ocorreu. Na grande verdade a mobilização dos fazedores de Cultura em Volta Redonda é antiga, mas nos últimos meses, vésperas de eleições, vimos episódios deploráveis, e cada vez mais deploráveis, para ambos os municípios.
A sociedade civil cobrou
Em Barra Mansa, a grande questão é: a sociedade civil cobrou, cobrou do poder público para que se discutisse de forma ampla e democrática as leis, os estatutos, os decretos. Tivemos uma reunião com o Comitê de Cultura da Câmara Municipal em abril. Aqui abro um parênteses. Nessa reunião estiveram o superintendente da Fundação de Cultura de Barra Mansa, os três vereadores da comissão, além de grupos, como o Sala Preta e o PAC, que reivindicavam o cumprimento da Lei Orgânica Municipal, no que tange sobre a participação e o paritarismo do CMC. Também estava presente, representando o Conselho, um secretário, o de Planejamento, o sr. Zito, que nunca, em dois anos, havia ido a uma reunião sequer do Conselho. Mas ali estava representando.
Falamos da nossa Conferência Livre de Cultura, que teve a participação de mais de 20 agrupações culturais, mais de 70 pessoas reunidas discutindo e debatendo questões e soluções. Mas ali estava representando o poder público, dentro do CMC o secretário de Planejamento, ele portava uma carta do MinC, parabenizando o sr. prefeito pela adesão ao Sistema. Nenhuma novidade! Um jornal local já tinha soltado a nota, já estávamos sabendo. Ele poderia ter se calado. Mas não. Ele quis, por que quis, demonstrar o descaso que o Executivo tem com a cultura, abriu sua boca e disse:
“As pessoas que organizaram esta Conferência Livre, que é vergonhosa, estão com objetivos eleitoreiros, e eu não aceito isso, não vou cair numa dessas”.
Esse é aquele tipo de coisa que nós, atores-índios de Timburibá, não podemos ouvir calados, muito menos com bambus nas mãos. Flecha neles! Quando foi exposto a ele que de cultura ele não sabia nada, aos gritos, ele se retirou da “baixaria”. A reunião prosseguiu normalmente e conseguimos que a Câmara cobrasse da Fundação o cumprimento da LOM. Fecho aqui o parênteses.
Fachada para constar nos registros oficiais
Voltando à sociedade civil, que nesse dia deu um tapa de luva no Executivo, me pergunto: Cadê essa gente?! O CMC de Barra Mansa está convocando a sociedade para debater cultura, para ouvir, para falar, mas ninguém aparece. Será que o prestígio do órgão gestor de cultura da cidade está em déficit? Vá saber! Me lembro do Fórum Municipal de Cultura de Barra Mansa, realizado no Colégio Washington Luis, que eu tentei de todas as formas alertar à comunidade que tudo aquilo ali não passava de uma fachada para constar nos registros oficiais que o Executivo estava executando e para fazer bonito para ministério ver. Não deu outra. O Planejamento já chegou com tudo na mão, certo?! Varada n’agua! A cultura no médio paraíba só dá varada n’agua. O que mais faz é chifrar barranco!
Agora e o que está acontecendo em Volta Redonda? Sou obrigado, ou melhor, não tenho outra escolha, senão concordar em tudo com meu amigo Giglio, artista, poeta, palhaço que tanto admiro e boto fé. Ele recentemente escreveu um texto aqui, falando sobre os últimos episódios do prefeito de Volta Redonda e de seu secretário de Cultura. Como pode o Executivo dessa cidade virar as costas para a sociedade? Como pode a sociedade depositar seus votos em pessoas que agem dessa forma? Os artistas de Volta Redonda se organizaram, numa brilhante e excepcional organização, para a realização da Conferência Extraordinária de Cultura. Essa é extraordinária porque a última ainda está valendo, e para que esta de agora tenha validade foi feito um encontro com o Legislativo para que todos os “is” tivessem seus pingos.
Escoltado por pessoas influentes
Mas, e como sempre tem um porém tenebroso, a SMC resolveu convocar a comunidade artística para um fórum. Dizem por aí que o secretário chegou de repente, escoltado por pessoas influentes, e que não foi possível não aderir! Ora! Como não?! Ainda dá tempo de os artistas de Volta Redonda perceberem que esse jogo político, falacioso, que está acontecendo, só será sanado, como diz o Baiano, se a sociedade se organizar e se fortalecer, se os artistas não arredarem o pé, se ninguém topar em ser feito de otário.
Aos organizadores da Conferência de Volta Redonda peço para não recuarem. Avancem! Avancem! Minguem o fórum e lotem a Conferência. A legitimidade virá com a palavra do povo! Boto fé e estou com vocês! “Eu também só quero saber do que pode dar certo, não temos tempo a perder!”