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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Entrevista

A multifacetada Denise Emmer

Poeta, compositora, cantora e violoncelista fala sobre suas inspirações, mídias digitais e muito mais

Colunistas  –  03/09/2017 21:51

  • Denise Emmer

  • Denise com o saudoso poeta Ivan Junqueira...

  • Denise com seu inseparável violoncelo

(Fotos: Divulgação)

Denise Emmer é poeta, compositora, cantora e violoncelista, tendo feito temas musicais de grande sucesso para personagens de telenovelas no fim da década de 1970 e ao longo da década de 1980. Quem não se lembra, por exemplo, de "Alouette” de “Pai herói”? Talento precoce para a música, Denise precocemente também publicou uma coletânea de versos intitulada “Geração estrela”, organizada pelo poeta Moacir Félix, seguida de “Flor do milênio”, “Canções de acender a noite”, “Equação da noite”, “Ponto zero”, “O inventor de enigmas”, entre outros títulos, incursionando-se, inclusive, pelo romance. Detentora de importantes prêmios e saudada pela crítica como grande poeta de sua geração, é, sem dúvida, uma das grandes vozes da poesia brasileira hoje. É bacharel em física e música (violoncelo). Pós-graduada em filosofia - Latu Sensu - UFRJ, Nasceu no Rio de Janeiro. 

As cores, os elementos de sua preferência e suas fontes de inspirações? 

A vida e os seus cenários, enquanto descoberta de novas sintonias. Os elementos mutantes dos biomas que se modificam a cada espetáculo dos dias a surgirem. Não existe uma escolha pessoal por temas e nem poderia, se considerarmos a poesia uma expressão espontânea. Mas defino-me pela vida em sua totalidade do macro aos microcosmos. Dos temas do amor, das reminiscências e da morte. 

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário, em sua opinião, se desenha para a literatura e a música brasileira?

Vejo um democrático leque de oportunidades, antes restritas aos que conseguiam ultrapassar as barreiras das editoras e gravadoras. Contudo, o vasto material oferecido requer uma leitura atenta e crítica. Grande parte dos trabalhos revelados com facilidade são de valores discutíveis. Entretanto, os novos e/ou antigos de significância nos estarão visíveis para apreciação.

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade? 

Sim, na medida em que me entendo a escrever para poucos. Entretanto, a força que me move para criar, é bem maior do que a triste realidade brasileira de decadente ensino e precário investimento na educação, sendo esta a base na formação de um povo que vislumbra o futuro. Mesmo assim, continuo o meu caminho sem me preocupar para onde ecoará a minha lírica. 

O que a literatura e a música de mais satisfatório lhe proporciona? 

Sensações distintas. A música me leva para os longes e a poesia me aprofunda em minhas sombras. 

Qual é, a seu ver, a função da literatura na sociedade? 

Criar uma reflexão sobre o tempo e o espaço no qual vivemos. Espantar enquanto alerta. Além de inventar novas estéticas de enredos inesperados, seja para o deleite ou para melhorar o mundo. 

A carta 

(Denise Emmer) 

Zarparam meus navios mar adentro
Levando minha carta sem palavras
Quando o dizer tudo é dizer nada
Poemas de horizontes reticências 

Se posso discorrer a transparência
Já não me afogo em frases para tanto
E o que posto é uma folha em branco
Para dizer-te árvore sem flores 

Não traço dores tampouco alegrias
Antes sorria agora sou um livro
Que abriga extensas pausas sem ruídos
Quando o dizer nada é dizer findo. 

(Lampadário Ed 7Letras)

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Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

1 Comentário

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  • cláudia brino

    maravilha de poeta. adorei a entrevista. parabéns a olho vivo