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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Um dos Maiores Baluartes da Poesia Brasileira

Anderson Braga Horta e o país de maravilha que se chama Poesia

Para o poeta nascido em Carangola, publicar é fundamental; comungar é próprio do homem; mas é consequência e não essência

Colunistas  –  21/01/2018 18:52

  • O poeta com as devidas homenagens a sua mãe Maria Braga Horta

  • O poeta em um dos momentos de sua efervescente vida/carreira literária

  • Com o poeta/editor Jean Carlos Gomes em sua residência, Brasília

  • O poeta em mais um dos momentos de sua efervescente vida/carreira literária

  • O poeta com sua mulher, Celia Santos

  • O poeta em outro momento de sua efervescente vida/carreira literária

(Fotos: PoeArt Editora e Acervo do Autor)

Anderson Braga Horta (Carangola, MG, 17 de novembro de 1934) é filho do advogado Anderson de Araújo Horta e da professora Maria Braga Horta, poetas. Cursou o ginásio em Goiânia e Manhumirim, o clássico em Leopoldina e direito no Rio de Janeiro. Fez o primeiro vestibular da UnB, iniciando o curso de Letras Brasileiras, que não concluiu. Chegou a Brasília em 1960, como redator da Câmara dos Deputados. Admitido em 1957 (datilógrafo), aposentou-se como diretor legislativo 40 anos depois. Exerceu o magistério desde o colégio, e o jornalismo no Rio e em Brasília. Casou-se no Rio, em 1962, com a capixaba (de Cachoeiro de Itapemirim) Célia Santos. No ano seguinte nasceram os gêmeos, brasilienses, Marília e Anderson, e em 1999 a neta, Fernanda.
Para ele, o poeta não pode deixar de se assenhorear das técnicas versíficas, mas isso é apenas a base; ao escritor compete extrair do potencial de sua língua toda a cintilação que possa, dignificando-a sempre; escrever, atividade intelectual, não se esgota no âmbito do intelecto; o poeta há de comover-se e comover, mas não se há de entregar à emoção desassistida da inteligência, porque a emoção, por si só, não é ainda poesia; a esse amálgama de pensamento-emoção-sentimento que é o poema não se deve tolher o voltar-se para a sorte do homem no espaço e no tempo, seja do ponto de vista filosófico, seja do social; pois à poesia, arte da palavra, interessa necessariamente tudo o que de humano se possa representar nela.
Obra poética - “Altiplano e outros poemas”, “Marvário”, “Incomunicação”, “Exercícios de Homem”, “Cronoscópio”, “O cordeiro e a nuvem” e “O pássaro no aquário” (entre 1971 e 2000); “Fragmentos da paixão: Poemas reunidos”, “Pulso” e “Quarteto arcaico”, 2000; “Antologia pessoal”, “Thesaurus”, “Brasília”, 2001; “50 poemas escolhidos pelo autor”, “Galo branco”, “Rio”, 2003; “Soneto antigo”, “Brasília”, 2009; “Elegia de Varna”, trad. Rumen Stoyanov, “Sófia”, 2009; “Signo: Antologia metapoética”, “Thesaurus”, 2010; “De uma janela em Minas Gerais - 200 sonetos”, “Guararapes - EGM”, 2011; “De viva voz”, “Thesaurus”, 2012; “TiempodelHombre”, “Lima”, 2015. Conto: “Pulso instantâneo”, “Thesaurus”, 2008. Ensaio “(Thesaurus): A aventura espiritual de Álvares de Azevedo”, 2002; “Sob o signo da poesia”, 2003; “Traduzir poesia”, 2004; “Testemunho & Participação”, 2005; “Criadores de mantras”, 2007; “Proclamações”, 2013; “Do que é feito o poeta”, 2016. 

Confira a entrevista com Anderson Braga Horta 

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira? 

Um cenário de novas e imensas possibilidades de divulgação/comunicação, no aspecto mais positivo; mas, no aspecto negativo, um cenário perigoso de banalização e vulgaridade. Este há de transformar-se para melhor, assim o esperamos, quando voltarmos a dar à Educação um valor efetivamente humanístico, e não apenas (pretensamente) pragmático. Infelizmente, pouco se vê nesse sentido. 

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?

Fui levado a escrever poesia ao ler pela primeira vez Castro Alves. Maravilhado com a beleza musical, plástica, sensual, metafórica, entusiasticamente sentimental e pensamental de seu “Navio Negreiro”, saí da leitura do poema com a convicção de que esse tipo de obra requintada e quase totalizadora de nossa capacidade de expressão merecia tornar-se o foco de uma vida. Era uma espécie de alquimia. Quis ser poeta, quis tentar também naturalizar-me cidadão desse país de maravilha que se chama Poesia. E comecei a fazer por onde, naturalmente imitando o bardo de “Vozes d´África” e das “Espumas Flutuantes”. Claro que publicar é fundamental (comungar é próprio do homem); mas é consequência e não essência.

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"A literatura tem sobre as outras artes esta vantagem: se faz com palavras e, pois, com os seus significados. Assim, tudo o que é humano, ou desumano, ou transumano, em termos de emoção, de sensibilidade e também de pensamento, integra o seu âmbito".

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O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?

A sensação de estar vivendo, ativa e reativamente, ainda que em posição modesta, nesse país maravilhoso a que acabo de me referir (não apenas feito de versos, mas também da prosa criativa, deixe-se claro). A sensação de estar aprimorando o meu espírito ao procurar afiná-lo ao diapasão dos maiores dentre seus criadores, que ponho na categoria de mestres da humanidade. 

Qual é a função da literatura na sociedade?

Uma função semelhante à da música, à das artes em geral: a elevação do espírito, o refinamento da sensibilidade, a compreensão de que a labuta pelo pão nosso de cada dia, o amealhamento de riquezas, a conquista de posições são ferramentas para a manutenção da vida, constituindo-se a sua exacerbação, o mais das vezes, em desvios que nos atrasam os passos na direção de sua finalidade mais nobre: a chama da fraternidade, do amor, da união. A literatura tem, aliás, sobre as outras artes esta vantagem: se faz com palavras e, pois, com os seus significados. Assim, tudo o que é humano, ou desumano, ou transumano, em termos de emoção, de sensibilidade e também de pensamento, integra o seu âmbito. 

O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura, fazendo, além de uma justa homenagem, um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante? 

Divulgar o pensamento e a experiência de escritores de valor, como são os que você entrevistou até agora - e em cujo rol entro graças à generosidade do amigo -, é um serviço prestado à cultura; como o são, de resto, as outras ações de divulgação a que você tem dedicado a vida, por profissão e vocação. 

O que diz a noite

(Anderson Braga Horta

Que diz a noite profunda?
Diz “não” às almas convulsas,
que não entendem de paz. 

Que diz a noite profunda?
“Talvez” - ao triste filósofo
sumido em dúvidas. 

Que diz a noite profunda?
Diz “vem” ao poeta envolto
em chamamentos de amor. 

Que diz a noite profunda?
Diz “dorme” ao órfão cansado
de andar em sonhos no mundo. 

Que diz a noite profunda?
O todo, o nada. 

> Em 2014, pela homenagem in memoriam que fizemos no livro “Vozes de aço XVI” à poeta Maria Braga Horta, sua mãe, estivemos em Brasília para a entrega das devidas homenagens em novembro do mesmo ano. Porém, agora, em 2018, este magnífico e importante poeta brasileiro será homenageado no livro “VIII coletânea século XXI” da PoeArt Editora, juntamente com outro notável poeta/divulgador da poesia brasileira, Antonio Miranda.

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Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

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