(Fotos: Divulgação)
Tiago Rezeck em "Fragmentos",
da Cia. Teatral Liberdade de Expressão
A primeira enquete do segmento artes cênicas foi um sucesso, com 1.961 votos. Três dos indicados foram muito bem votados e Tiago Rezeck fechou no topo, com 50,33% dos cliques. Em segundo lugar ficou Pedro Cipriani, registrando 23,30% da preferência dos leitores do OLHO VIVO. Na terceira colocação aparece Rodrigo Do Val, que conseguiu 9,94%. O resultado completo da votação está aqui.
- Queria parabenizar a todos os indicados, e dizer que todos mereciam ser vitoriosos, e também queria agradecer a todos que votaram em mim, mas, em especial, Roberta Amancio dos Santos, Maria Angélica Vieira, Aline Oliveira, Regiane Brandão, Edneusa Martins Guilherme, Bruno Andrade, Ian Douglas, Paulo Barcelos e Patrick Thouin. Também aos alunos e funcionários do Ciep 053 - Nelson Gonçalves, pois todos foram primordiais para que eu fosse vitorioso nessa enquete. Obrigado, bom ter pessoas como vocês ao meu lado - diz Rezeck.
O ator começou a carreira na Oficina de Teatro/Educação do projeto Serviço Social do Comércio/Rio para crianças e jovens, no Sesc Barra Mansa, com o diretor André Spinola. Ainda no Sesc, concluiu várias oficinas de teatro, circo, palhaço, música, dança e malabarismo, entre outras.
- A arte do palhaço aprendi com meu mestre André Spinola, e aperfeiçoei ao longo do tempo com oficinas de palhaço com Richard Riguetti, do Grupo Off-Sina (RJ); Luiz Igreja, da Companhia do Gesto (RJ); e Márcio Libar, do Teatro de Anônimos (RJ), além de outros estudos ao longo desses nove anos. Fiz diversas peças teatrais e esquetes, participando de diversas mostras, festivais, ações sociais, sendo indicado a vários prêmios, além de trabalhar com contação de histórias, sombras e teatro empresarial - conta.
Rezeck foi convidado por Lúcio Roriz para ocupar o cargo de subdelegado do Sated-RJ (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio de Janeiro), para representar Barra Mansa. Trabalhou com grandes artistas da região, como Bernardo Mauricio, Lúcio Roriz, Marcelo Soares, Simão Francisco, Luciene Martes, Marinez Fernandes, entre outros, com participações em diversos grupos. Em outubro, ministrou, ao lado de Thiago Nardini, a oficina de três dias de técnicas de apresentação em público no CADUFF (Congresso de administração da Universidade Federal Fluminense), onde a base prática da oficina se faz por técnicas teatrais.
Veja algumas atuações do ator
Ainda em outubro, o seu artigo científico “Treinamento e desenvolvimento - Insanidade é fazer as coisas da mesma forma e esperar resultados diferentes, pois o colabor-ator deve ser treinado, não adestrado”, que retrata sobre a importância e os benefícios do teatro empresarial como transmissor de aprendizagem, a fim de gerar competência nos empregados através do treinamento consciente, foi aprovado na Jornic (Jornada de Iniciação Científica) do UGB (Centro Universitário Geraldo Di Biase). Foi o primeiro da área a ser representado em uma semana científica de trabalhos acadêmicos. Esse artigo, segundo Rezeck, é o primeiro no país a focar na aplicação das técnicas de teatro dentro da empresa, não só as apresentações como de costume, mas jogos teatrais e técnicas milenares para o desenvolvimento do talento humano.
Atualmente, ministra oficinas e cursos livres de teatro em escolas, é produtor da Expressar-T Produções Artísticas, integrante da Cia. Liberdade de Expressão e atua no seriado "4 vidas". De acordo com as contas do ator, faltam 153 apresentações públicas para completar 1000, marca que ele pretende alcançar em 2013, quando o Expressar-T completa dez anos.
Veja o bate-papo do OLHO VIVO com Tiago Rezeck
Confira a entrevista com Tiago Rezeck
Três concorrentes foram muito bem votados. Você esperava ganhar o prêmio de melhor ator por votação popular? Algumas pessoas não gostam de enquetes, e até ficam irritadas quando são indicadas. Qual a sua avaliação sobre um prêmio como esse?
Bem, concorrer com tanta gente talentosa foi uma honra, e era evidente que alguns seriam bem votados. Eu aprendi a nunca esperar, sempre lutei para atingir meus objetivos, e depois de nove anos de dedicação às artes cênicas, consegui perceber que meu trabalho foi bem feito, esse prêmio popular me mostra o retorno do público em relação ao meu trabalho, o que me deixou muito feliz, pois esse reconhecimento não tem preço, é disso que vivemos, de público, vivemos para eles, pensamos sempre neles, e é deles que nos vem as recompensas!
Sobre ser indicado a enquetes, acho muito válido, pois é uma forma de promover e enaltecer o trabalho de grandes artistas da região que muitas vezes ficam escondidos. Lógico, a gosto para tudo, tem gente que não gosta, mas acho fundamental a interação do público com os artistas, assim, podemos saber como anda a visão da arte na região!
Esse prêmio traz uma discussão entre artistas e público necessária para se movimentar a arte na região, premiando aqueles que merecem, qualquer um dos indicados merecem a vitória, simplesmente pelo fato de estar se dedicando a vida na arte na região, onde sabemos das imensas dificuldades de se viver de arte por aqui. Não só na arte, mas em todas as áreas, esse prêmio vem mostrar que em nossa região existem pessoas competentes no que fazem, e devem sim ser reconhecidas pelos seus esforços e dedicação, valorizando nossos talentos e deixando todos com vontade de conhecer mais o que temos de bom por aqui.
O ator atuando no espetáculo "Los best amigos", sucesso de público em Barra Mansa
Qual o seu mais recente trabalho? Quando e onde foi apresentado? Quem é o autor, diretor...
O meu trabalho mais recente é o seriado "4 vidas", com roteiro de Felipe Simões, que também assina a direção ao lado de Lúcio Roriz, tendo previsão de estreia em janeiro na Band.
Mas como sou conhecido pelos espetáculos teatrais, o mais recente foi o espetáculo "Fragmentos", da Cia. Teatral Liberdade de Expressão. Fez parte do festival da Cia. no Sesc Barra Mansa.
Dirigido por Patrick Thouin, que construiu a peça a partir de colagem de textos. O espetáculo fala sobre as várias perdas de amor, seja ele entre homem e mulher, de amigos, famílias ou qualquer outro, que nem sempre nos trazem felicidades. Por amor as pessoas enlouquecem, matam e se matam. O amor não é um presente de loteria, nem sorte e nem magia, é simplesmente o resultado concreto de um relacionamento maduro e crescente entre duas pessoas.
Um lindo e emocionante espetáculo, que nos faz refletir sobre o amor, e como só damos valor quando o perdermos. Esse trabalho foi muito importante para a minha carreira, pois foi dele que agreguei outro talento meu, a música. A trilha sonora foi toda composta por mim, sendo interpretado ao vivo, para passar a emoção que arrepia qualquer um. Foram cinco músicas lindas que retratam a fundo o que as cenas queriam dizer.
Meu personagem é um homem que reflete sobre o amor, onde as cenas se baseiam em seus pensamentos, esses fragmentos o deixavam confuso, irritado, frio, ou apenas desiludido com o amor que se demorava tanto para ser conquistado, mas se esvaia com tanta facilidade. Passando por um drama pessoal em seu relacionamento, demonstrado no início da peça. Depois de tanta análise, descobriu qual era o melhor caminho a seguir, amar. Nesse espetáculo, apesar de meu personagem ser solitário em cena, tenho a honra de dividir o palco com os atores Rodrigo do Val, Binho Soares, Telma Carvalho e Poliana Batista.
Rezeck, na pele do Palhaço Repolho, um dos grandes sucessos da sua carreira de ator
Qual (ou quais) o(s) seu(s) trabalho(s) mais significativo(s), o(s) mais gratificante(s) na sua carreira?
Significativo eu diria que foi o espetáculo “Sua excelência, a vedete do Brasil”, onde contracenei com a eterna vedete do Brasil Virginia Lane, dirigido por Lúcio Roriz. Nesse musical, além de atuar, cantei as marchinhas de Carnaval junto com a banda e a Virginia. Ainda nesse espetáculo, interpretei um texto criado por Lucio Roriz e eu, chamado “Palhaço sonhador”, um texto emocionante que conta a vida de um artista esquecido pelo tempo. Esse monólogo foi muito elogiado por todos que assistiram, virando posteriormente um esquete que participou do Festival de Esquetes do Sesc Barra Mansa, onde tive indicação a melhor ator.
Outro trabalho significativo foi o espetáculo “Só...”, além de uma peça extremamente sensitiva, emocionante e tocante, pode-se mostrar a outra face o palhaço, a triste. Um trecho desse espetáculo virou esquete, e participou do IV Festival de Teatro do CVR, sendo destaque do festival segundo o jornalista Cláudio Alcântara, que fazia parte do corpo de jurados, onde também estava presente. Ainda permaneci no júri do festival por quatro anos.
Mas até hoje, o espetáculo mais gratificante que fiz foi “Pobre, pobre palhaço, sangrou uma perna, quebrou um braço”, texto de Plínio Marcos. Primeiro, porque ainda dividia a cena com um dos melhores palhaços que já vi atuar, um talento nato, chamado Luciano Chapão. E segundo pelo fato de que com esse espetáculo montado às pressas para a 3ª Mostra de Teatro de Volta Redonda e Região, promovido pelo Sated-RJ, tivemos as indicações de melhor sonoplastia para Guilherme Damasceno, e eu, Tiago Rezeck, recebi as indicações para melhor figurino, melhor ator e melhor direção, alem de ganharmos o prêmio de 3º melhor espetáculo da mostra.
Completando essa lista, "Fragmentos", pois como já dito, foi a primeira que trabalhei com composição para a trila sonora de um espetáculo.
Dos artistas indicados na enquete, existe algum que você tenha um carinho especial, admiração? Por quê? Ou outro artista da região?
Conheço todos ali, são ótimos artistas da nossa região, uns começaram junto comigo no Expressar-T, outros tive o prazer de trabalhar junto, mas aquele que admiro e tenho um enorme carinho é o Rodrigo do Val, primeiro por termos sido criados juntos, meu vizinho e amigo, o culpado por me levar para o teatro, se não fosse ele, eu não estaria aqui hoje, e segundo porque ele é um ator incrível, tive o prazer de vê-lo crescer dia após dia, e sempre estar ao lado dele. São pessoas assim que nos fazem crescer, que nos fazem querer continuar o árduo trabalho das artes cênicas.
Admito tanta gente na região, como Bernardo Mauricio, Lúcio Roriz, Patrick Thouin, Marcelo Soares, Léo Cárfrei... É complicado citar nomes quando se trabalha com tantos talentos, mas acredito que esses tenham sido os que mais tive contato nesses últimos nove anos.
Como foi o ano para em termos de artes cênicas?
Nesses últimos tempos, me vi fora do circuito, por opção, estando ministrando oficinas de teatro nas escolas, estruturando a Cia. Teatral Expressar-T, que agora está virando Produtora Expressar-T Produções Artísticas, mas não vi muito alvoroço em relação a trabalhos na região. Confesso que fiquei confuso, pois achei muito parado este ano, senti falta de festivais, mostras etc., percebi o crescimento dos trabalhos cinematográficos, como curtas e o seriado "4 vidas". Fora isso, muito pouco em relação a teatro. Acredito que pela potencialidade dos grupos da região, deveria ter mais trabalhos exibidos na região, portanto, achei um pouco abaixo da média o movimento teatral este ano na região.
Qual o papel do ator hoje em dia na região? Como está o mercado de trabalho? Muitas dificuldades para sobreviver da arte?
O ator na região, primeiramente, tem que amar a arte, se dedicar e não desistir, pois o caminho é duro, ainda não há possibilidades de sobreviver de apresentações de teatro aqui na região, os sobreviventes da arte aqui são aqueles que conseguem ser versáteis, atuando em diversas áreas, dando cursos, oficinas, ou como em sua maioria, tendo uma segunda fonte de renda, ou seja, um emprego.
O mercado está aí, aberto a novos artistas, porém, completamente desestruturado e sem apoio dos órgãos públicos e privados, onde se torna cada vez mais complicado se produzir bons trabalhos. Há também a frustração de montar um lindo trabalho para apresentar uma só vez, pois não temos um teatro municipal onde podemos fazer temporada, enfim, pouco mudou, e os problemas e dificuldades continuam os mesmos.
Tiago Rezeck também trabalhou na série feita para a internet "O jornal"
E o público? As pessoas estão se habituando a ver espetáculos teatrais? Qual seria o caminho para facilitar o acesso da população às artes cênicas?
Público tem, mas ainda há a supervalorização dos espetáculos de fora ou globais. Ainda não se firmou a cultura de apoiar os trabalhos nascidos aqui, muitos nem sabem que aqui na região existem grandes artistas. O caminho para essa difusão de cultura deveria partir a principio da Secretaria de Cultura das cidades, depois, da união da classe artísticas para mudar essa realidade, entrando as mídias massificando o assunto, e por fim, a conscientização das pessoas em adquirir essa cultura. Acho que esse seria o caminho para facilitar o acesso à cultura a todos.
Os grupos de teatro na região? O que mudou? Há quem diga que existe certa rivalidade entre eles? Você concorda? Ou não?
Quanto aos grupos de teatro da região, vi desaparecer alguns grupos nos últimos tempos, e se criarem novos, não vi muita mudança não, vi muitos artistas novos aparecendo, e o crescimento de cursos na região, onde a demanda de alunos aumentou consideravelmente, o que assegura um futuro para as artes cênicas, mas ainda vejo grupos tradicionais trabalhando, como o Cena, Liberdade de Expressão, ProsCenium entre outros.
Projetos futuros? O que vem por aí?
Com a Cia. Expressar-T completando dez anos, ano que vem promete, a ideia é a de que movimentemos os artistas da região para fazer parte dessa festa, e durante o ano faremos várias apresentações junto com outros grupos e artistas. Há também o projeto de montagem de um ponto de cultura do Expressar-T, onde haverá cursos e oficinas para todos. Também teremos projetos de gravação de filmes curtas-metragens e o lançamento de uma dupla musical. Enfim, diversos projetos estão por vir, fique atento, pois a qualquer momento poderemos estar apresentando! Aguardem a Expressar-T Produções Artísticas.