(Foto Ilustrativa)
Intervenção deveria ser feita pelo Ministério
da Saúde e não pela Secretaria de Saúde
Sérgio Boechat
Um jornal que é distribuído com os médicos no Estado do Rio de Janeiro traz a seguinte manchete: "Volta Redonda: Cremerj encontra situação crítica no Hospital do Retiro" e dá a seguinte notícia: "A Cofis (Comissão de Fiscalização) do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) realizou, no dia 19 de dezembro, uma inspeção no Hospital Municipal Dr. Munir Rafful, no bairro do Retiro, em Volta Redonda, após denúncias de falta de médicos plantonistas, situação precária de equipamentos, materiais e condições insalubres para o atendimento à população".
O que foi encontrado no Hospital do Retiro acontece em toda a rede municipal de saúde. E durante a campanha eleitoral, o governador do estado, o presidente do PMDB regional e o próprio prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB) afirmaram, sem o mínimo constrangimento, que o município tem "a melhor saúde pública do Estado do Rio de Janeiro e uma das melhores do Brasil". Imaginem se fosse a pior! Volto a repetir o que já disse dezenas de vezes: saúde não é uma prioridade do governo Neto, porque o prefeito, os seus assessores e secretários têm plano de saúde e quando precisam de assistência médica procuram a rede particular. Eles querem que a população se exploda!
É ou não é um caos?!
E continua a matéria: "Vários problemas foram constatados na visita, como...
> A lotação da unidade, com pacientes em macas nos corredores, ao lado de paredes com infiltração, aumentando o risco de infecção;
> Além de materiais com data de validade expirada;
> A enfermaria se encontra com superlotação;
> Os seis consultórios médicos instalados na emergência foram reduzidos para dois, já que os demais estão sendo utilizados como enfermarias de internação".
É ou não é um caos?! O prefeito trata a população com total descaso, expondo aqueles que precisam da rede pública a todo tipo de risco, isto em um município que tem um orçamento anual de quase um bilhão de reais e que recebeu em 2012, do Ministério da Saúde - SUS (Sistema Único de Saúde) - em torno de 72 milhões de reais e recebeu ainda, relativo aos convênios, também na área de saúde, quase 94 milhões de reais. O Hospital do Retiro está em situação crítica não por falta de recursos, mas por falta de competência e seriedade na aplicação dos recursos.
E a fiscalização do Cremerj continua com as suas denúncias:
> "Na emergência pediátrica há falta de pediatras em quase todos os plantões;
> É comum o plantão ser passado para clínicos que ficam encarregados das intercorrências no setor;
> Além dos baixos salários, a maioria dos médicos recebe por RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo);
> alguns estão há mais de cinco anos sem direitos trabalhistas".
E a Câmara Municipal assiste a tudo isto, sem ensaiar qualquer atitude para cobrar do prefeito uma mudança radical neste estado de coisas. É bom lembrar que a prefeitura tem 118 pediatras contratados por meio de RPA e faltam pediatras em todas as unidades de saúde. Onde eles estão lotados? É uma boa pergunta a ser respondida pelo senhor prefeito, que prometeu "mudanças" neste seu último mandato! Pelo menos uma mudança já se nota: piorou a relação com o funcionalismo!
Descalabro administrativo
E o Cremerj conclui o seu laudo. "A situação do hospital é crítica. É preciso urgentemente uma intervenção da Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda", afirmou o conselheiro Nelson Nahon, diretor de sede e representações do Cremerj. Também participou da fiscalização a representante da Seccional de Volta Redonda Mônica Regina Dagfal, que é integrante do corpo clínico do hospital.
A intervenção deveria ser feita pelo Ministério da Saúde e jamais pela Secretaria de Saúde, que é, afinal, a grande responsável por este estado de coisas. Fosse um governo sério e toda a cúpula da saúde já teria sido exonerada e o prefeito já teria começado a mudar esta situação crítica do hospital. Esta denúncia é feita por um órgão oficial, apolítico, apartidário e reflete pelo menos uma parte da situação de descalabro administrativo que está vivendo o município de Volta Redonda. Isto tem que mudar!