(Fotos: Divulgação/Andresa Gil)
"Eu e a dança somos um único ser, é missão terrena; quando
danço me liberto das amarras terrenas e fico livre para criar"
Ela é professora de ciências e biologia. Durante as manhãs, leciona no Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos). Mas é na dança que Alessandra Tubbs se transmuta. A magia dos movimentos preciosos conquista e encanta. Descendente dos ciganos Romnichals (Reino Unido), dança desde os 4 anos. Aos 20, começou a trabalhar com a dança no Rio de Janeiro e em 2007 mudou-se para Volta Redonda. Dois anos depois, iniciou os trabalhos com a dança e cultura cigana. Hoje tem um grupo (Companhia de Dança Cigana Al-Andalus), com 16 alunas/bailarinas) e é bailarina integrante do grupo de Danças Étnicas Al-dabarãn e do Grupo Tribal Bellydance Serpente do Deserto.
Confira a entrevista com Alessandra Tubbs
É difícil viver da dança aqui na região? Em que está trabalhando atualmente?
É complicado viver de dança no Brasil, no meu caso, se torna mais difícil, pelo fato de ensinar uma dança tão cercada de preconceitos. Leciono ciências no colégio e à noite dou aula de dança e cultura dos diversos clãs ciganos no Studio Daiane Marques.
Como é a sua preparação (física, alimentação, cuidados estéticos) para a dança?
A dança cigana requer um bom preparo físico. No meu caso, faço flamenco e tribal fusion uma vez por semana e mantenho uma alimentação saudável (não como carne, doces e frituras).
Ainda existe preconceito com quem se dedica à arte de dançar, ou isso é coisa do passado?
Não digo preconceito, mas sim uma falta de valorização, pois nós profissionais da dança gastamos com cursos, especializações, figurinos, ensaios e não temos a devida valorização, como em outras profissões.
Geralmente onde são suas apresentações? Já se apresentou em que cidades da região? Dançou em outros estados? Países?
Geralmente minhas apresentações de dança são em festas, eventos ou mostras de dança. Já dancei em São Paulo, em quase todo o Rio de Janeiro e Niterói. Na região, já dancei em Vassouras, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa e Angra dos Reis.
Apresentação no espetáculo "Um jardim encantado"
Você procura estar sempre se atualizando? Onde busca essas atualizações? Quais dançarinos influenciaram no seu processo criativo?
Sempre estou me atualizando, pois a dança é mutável e as novas gerações reinventam a dança. Minhas especializações são, na maioria das vezes, com ciganas de vários clãs ou centros onde trabalham a cultura cigana, como o Centro de Danças Étnicas Al-Dabarãn e o Leshjae. Tenho algumas bailarinas no Brasil que admiro e com quem já estudei e trabalhei, como Anne Kellen (dança cigana russa), Wlavira TurczineK (dança cigana), Clara Sussekind - que ainda reside na Turquia (dança cigana turca), Safira - São Paulo (dança cigana banjari, kalbelia e romena). Também admiro o trabalho da bailarina Simona Jovic - República Tcheca.
Em sua trajetória, quais os trabalhos você destaca, aqueles que foram mais gratificantes e prazerosos?
Todos os trabalhos são prazerosos, a dança é o alimento da minha alma, mas destaco o trabalho que faço nas praças de Volta Redonda e no Zoológico Municipal, dar aula de dança cigana ao ar livre gratuitamente para a população que não conhece a cultura é muito gratificante.
Gostou da participação na "Quinta Cult"? Acha uma boa ideia as boates abrirem espaço para os dançarinos em suas festas semanais, como fazem com os cantores e bandas?
Adorei, amei dançar na "Quinta Cult"! É uma excelente ideia, valoriza os artistas da região, dando oportunidade para a divulgação de seus trabalhos.
A dança cigana tem uma função que vai além da artística em sua vida?
Eu e a dança somos um único ser, é missão terrena! Quando danço me liberto das amarras terrenas e fico livre para criar. A cultura cigana está em meu sangue, dançando eu honro meus ancestrais.
Projetos. O que vem por aí?
Sim tenho alguns projetos, que, por enquanto, não posso falar. O que posso adiantar é que todos envolvem uma melhor divulgação da cultura e danças ciganas, e com isso diminuir cada vez mais a visão deturpada que as pessoas têm em relação aos ciganos.
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Serviço
> Alessandra Tubbs - Contatos profissionais: (24) 9-9232-7623, blog, Facebook, e-mail:(companhiaalandalus@gmail.com). Aulas: Studio Daiane Marques, Rua 558, nº 70, sala 105, Aterrado (prédio em cima do restaurante Spoleto).
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