(Fotos: Divulgação)
Gismonti: Monstro sagrado da música,
compositor, arranjador, instrumentista
e intérprete ímpar
Como definir o som do Egberto Gismonti? Eu diria que é plural, o cara é um gênio, compositor brilhante, instrumentista de grande técnica e emoção que expressa com facilidade. Sua música tem alma, poesia e lirismo difíceis de encontrar juntos em outro artista. Essa unanimidade não tem o merecido reconhecimento e respeito em seu próprio país, onde não ouvimos quase falar desse monstro sagrado da música, compositor, arranjador, instrumentista e intérprete ímpar, um arquiteto das notas.
Egberto Gismonti Amin nasceu em Carmo, Estado do Rio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1947. Pode ser considerado uma lenda viva e um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. Ele é um virtuose em uma infinidade de instrumentos e formas musicais que vão desde músicas populares a sinfonias. Seus principais instrumentos são o piano e o violão.
“Água e vinho” é o nosso disco fundamental de hoje. Nele, Egberto rompe as próprias raízes e se lança a um som cada vez mais inovador, ele passeia pelos quatro cantos do Brasil, usando de toda sua sonoridade peculiar. Misturando baião com jazz, o álbum é espetacular, não que os anteriores também não o sejam. O jovem Egberto está um passo à frente do universo musical que o cerca, os gênios são assim.
“Água e vinho”, além de disco, se tornou um show homônimo, e foi um espetáculo de jazz rock progressivo marcado por diversos improvisos com um número variado de instrumentos tocados ao mesmo tempo. O show teve grande aceitação por parte do público e foi aplaudido pela critica.
No álbum, Egberto mostra para quem quiser ouvir seu virtuosismo ao piano.
“Água e vinho” (música que dá nome ao álbum) tem letra de Geraldo Carneiro, parceiro mais constante de Egberto Gismonti, e é uma canção moderna e romântica, muito bem elaborada com um lirismo absurdo. Mas isso é uma característica da dupla que ao longo dos anos fez verdadeiras joias, como, por exemplo, a canção “Palhaço”, do álbum “Circense”, uma das mais belas canções de todos os tempos.
“Água e vinho” (letra)
Todos os dias passeava secamente na soleira do quintal
A hora morta, pedra morta, agonia e as laranjas do quintal
A vida ia entre o muro e as paredes de silêncio
E os cães que vigiavam o seu sono não dormiam
Viam sombras no ar, viam sombras no jardim
A lua morta, noite morta, ventania e um rosário sobre o chão
E um incêndio amarelo e provisório consumia o coração
E começou a procurar pelas fogueiras lentamente
E o seu coração já não temia as chamas do inferno
E das trevas sem fim. Haveria de chegar o amor.
Um disco com sabores diferentes que deve ser apreciado com calma, um disco fundamental.
Músicas
“Água e vinho”, além de disco, se tornou um show homônimo
1 - Ano Zero (Egberto Gismonti-Geraldo Carneiro)
2 - Federico (Egberto Gismonti-João Carlos Pádua)
3 - Janela de Ouro (Egberto Gismonti)
4 - Vila Rica 1720 (Egberto Gismonti-Geraldo Carneiro)
5 - Pr’um Samba (Egberto Gismonti)
6 - Água e Vinho (Egberto Gismonti-Geraldo Carneiro)
7 - Volante (Egberto Gismonti-Geraldo Carneiro)
8 - Eterna (Egberto Gismonti)
9 - Tango (Egberto Gismonti-Geraldo Carneiro)
10 - Mulher Rendeira (Zé do Norte)
No álbum, Egberto mostra para quem
quiser ouvir seu virtuosismo ao piano
Arranjos Egberto Gismonti
Egberto Gismonti - percussão (1,4,7,10), piano (1,3,4,6,7,9), voz (1,2,3,4,5,6,7,9,10), órgão (2,4,9), guitarra acústica (2,5,8,10), piano elétrico (3), harmônica (7), piano (7,9)
João Palma - bateria (1,10)
Novelli - baixo (1,2,3,6,9,10), percussão (5)
Robertinho Silva - bateria (2,3,9), percussão (5)
Peter Dauelsberg - cello (1,2,3,6,7,8,10)
Paulo Moura - clarinete (8), sax soprano (8,9,10), sax alto (9)
Piry Reis - guitarra acústica (2)
Dulce Nunes - voz (1,6,10)
Cellos (1,3,6,10): Alceu de Almeida Reis, Ana Bezerra de Mello Devos, Atelisa de Salles, Edmundo Oliani, Giorgio Bariolla, Márcio Eymard Mallard, Peter Dauelsberg, Rafael Jannibelle
Condutor: Mário Tavares
Discografia
• Egberto Gismonti (1969)
• Sonho’70 (1970)
• Janela De Ouro (1970)
• Computador (1970)
• Orfeu Novo (1971)
• Água & Vinho (1972)
• Egberto Gismonti - Arvore (1973)
• Academia De Danças (1974)
• Corações Futuristas (1976)
• Dança Das Cabeças (1977), com Naná Vasconcelos
• Carmo (1977)
• Sol Do Meio-Dia (1978), com Jan Garbare, Collin Walcott & Ralph Towner
• Nó Caipira (1978)
• Solo (1979)
• E. Gismonti, N. Vasconcelos & M. Smetak (1979)
• Mágico (1979), com Charlie Haden & Jan Garbarek
• Folk Songs (1979), com Charlie Haden & Jan Garbarek
• Antologia Poética de João Cabral de Melo Neto (1979)
• Antologia Poética de Ferreira Gullar (1979)
• Antologia Poética de Jorge Amado (1980)
• A Viagem Do Vaporzinho Tereré, com Dulce Bressante (1980)
• O Pais Das Águas Luminosas (1980)
• O Girigivel Tereré, com Francis Hime (1980)
• Sanfona (1980)
• Circense (1980)
• Em Família (1981)
• Fantasia (1982)
• Guitar From ECM (1982)
• Sonhos De Castro Alves (1982)
• Cidade Coração (1983)
• Egberto Gismonti & Hermeto Paschoal (1983)
• Works (1984)
• Egberto Gismonti (1984)
• Duas Vozes (1984), com Nana Vasconcelos
• Alma (1986)
• Egberto Gismonti-Live (1986)
• Trem Caipira (1987), music by Villa-Lobos
• Feixe De Luz (1988)
• Pagador De Promessas (1988)
• Dança Dos Escravos (1989)
• Kuarup (1989), original soundtrack
• Duo Gismonti / Vasconcelos (1989)
• Infância (1991) com Nando Carneiro, Zeca Assumpção & Jaques Morelenbaum
• Amazônia (1991), original soundtrack
• El Viaje (1992), original soundtrack
• Casa Das Andorinhas (1992)
• Música De Sobrevivência (1993) com Nando Carneiro, Zeca Assumpção & Jaques Morelenbaum
• Egberto Gismonti - live at Festival in Freiburg Proscenium (1993)
• Egberto Gismonti - live in São Paulo (1993)
• Zig Zag (1996)
• Meeting Point (1997)
• In Montreal (2001)