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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

"O Incansável Dom Quixote",

Maksin Oliveira encena adaptação do clássico de Miguel de Cervantes

Espetáculo será apresentado em 27 de fevereiro, no Sesc Barra Mansa; peça tem humor e desperta reflexão

Teatro  –  20/02/2014 15:51

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(Fotos: Divulgação/Nicolle Longobardi)

"A insana perseverança da personagem comove e
também cativa; é ou não é igual a ser artista no Brasil?"
 

Maksin Oliveira está de volta à região. E traz um presente. O espetáculo "O incansável Dom Quixote", que será encenado em 27 de fevereiro, às 19h30, no Sesc (Serviço Social do Comércio), em Barra Mansa, com entrada franca. A adaptação do clássico de Miguel de Cervantes tem a assinatura do próprio ator, dirigido por Reynaldo Dutra. O que esperar dessa nova aventura?

- Imaginem uma história sobre um louco, contada por outro louco! O resultado é muito humor e reflexão - diz Maksin.

A ideia de escrever e montar a peça, segundo o ator, surgiu em 2009, lendo a obra de Cervantes:

- É um livro que dialoga muito com quem é artista, conta a história de um sujeito que tem que lutar contra tudo e todos, fazer das tripas coração para seguir em seu ideal. E sua "insana" perseverança comove e também cativa. É ou não é igual a ser artista no Brasil?

Maksin Oliveira começou na arte aos 14 anos, fazendo circo e logo foi estudar com a lenda Bernardo Maurício, em Volta Redonda. Depois foi para o Rio e estudou teatro na UniRio. Conquistou alguns prêmios, criou a Magnífica Trupe de Variedades e faz parte da Grande Cia. de Mystérios e Novidades, que há 30 anos trabalha com teatro de rua sobre pernas-de-pau. Lá, fez turnê pelo Brasil e Europa, foi contratado pela Rede Globo como ator na novela "Malhação" em 2012 e 2013. Hoje está completamente dedicado ao espetáculo "O incansável Dom Quixote". 

Veja trechos do espetáculo

Confira a entrevista com Maksin Oliveira 

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"Espetáculo solo é muito mais difícil; em cena, você
não tem outro ator para dividir a responsabilidade"

Como foi o processo de concepção, muitas alterações durante esse caminho até chegar à versão final do espetáculo?

Fiz mais de 30 versões do texto - e creio que nunca estará definitivo - e tive que segurar muito a ansiedade porque trabalhos com outros espetáculos e na Rede Globo me impossibilitaram dedicar-me a esta nova empreitada. Mas, no fim de 2013, estreamos e estamos viajando muito com o espetáculo. 

Quando e onde a peça estreou? De lá para cá, o que amadureceu na costura final do espetáculo?

Estreou no V Festival de Inverno de Queimados, em agosto de 2013. De lá para cá mudou muito: introduzimos um acordeão em cena, fomos entendendo os tempos de respiração do espetáculo. Hoje é um trabalho que mescla uma agilidade imensa com grandes momentos de suspensão. 

Você pegou um clássico e fez uma reinvenção ou uma releitura da história? O que basicamente ficou do original e o que foi acrescido à história?

No princípio utilizamos muito do texto original, mas vimos que se tentássemos fazer isso não teríamos nem um texto teatral bom e nem um texto literário interessante. Ficaríamos no meio do caminho. Foi preciso nos apegarmos à essência da fábula e dos personagens. Pegamos algumas frases literariamente iguais, mas não muitas. Há também a colagem com outros autores, como Drummond, José Lins do Rego e Mário Quintana. 

Espetáculo solo é mais difícil para o ator? Como você se preparou para isso?

É muito mais difícil! Em cena, você não tem outro ator para dividir a responsabilidade. Está tudo em você e no público, que acaba contracenando comigo. Hoje em dia tenho uma rotina de preparação diária, com treinamentos físicos e energéticos. 

Como tem sido a reação do público? As pessoas têm entendido a sua proposta?

Tem sido surpreendente! Já conquistamos prêmios de melhor atuação, melhor direção, melhor espetáculo, melhor iluminação... Estamos conseguindo atingir público e crítica. Há pessoas que se emocionam, que riem... Tem sido muito satisfatório. 

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"Acho bom o fato de os grupos locais estarem sempre produzindo,
mas acho triste não ver muita pesquisa, sair de uma zona de conforto"

Você começou na região. Acompanha a atual cena teatral daqui, mesmo que de longe? O que tem observado de positivo? E o que acha que poderia ser melhorado?

Não vejo muita coisa da região, mas leio sempre o noticiário. Acho bom o fato de sempre se estar produzindo, mas acho triste não ver muita pesquisa, muitas iniciativas de sair de uma zona de conforto. A grata exceção é o pessoal do Sala Preta (me perdoem outros grupos que talvez pesquisem mas que eu desconheço). Eles já são uma referência na região! É uma pena as secretarias de Cultura e as pessoas ligadas à cultura na região, em geral, não entenderem de cultura... É tudo entretenimento. Falta coragem! 

Além do Sesc-BM, o espetáculo vai percorrer outras cidades da região? Ou vai para outros locais? Depois dessa peça, projetos... O que vem por aí?

Na região ainda não temos nada. Temos fechado em Niterói e estamos conversando para apresentar em outras cidades do Brasil e, inclusive, em Almagro, na Espanha.

Hoje em dia só penso neste espetáculo. Só faria outra coisa se fosse uma proposta interessante para TV ou cinema. Fora isso, com toda a satisfação que a peça nos está proporcionando, só tenho olhos para ela. 

Quem é quem no espetáculo 

. Autor: Miguel de Cervantes
. Adaptação: Maksin Oliveira
. Direção de produção: Maksin Oliveira
. Produção executiva: Juliana Marsico
. Direção: Reynaldo Dutra
. Elenco: Maksin Oliveira
. Programação visual: Miguel Araújo
. Figurino: Leonam Thurler
. Cenário: Magnífica Trupe de Variedades
. Iluminação: Pedro Struchiner
. Realização: Roda Produtiva 

Serviço

> O incansável Dom Quixote - Dia 27 de fevereiro, às 19h30, no Sesc Barra Mansa. Duração: 65 minutos. Censura: 14 anos. Entrada franca. Rua Tenente José Eduardo, 560, Ano Bom. Telefone: (24) 3324-2630.

Edição impressa

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

1 Comentário

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  • Klaus Oliveira

    Gostaria muito de assistir essa peça aqui no Rio.