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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Festa

Jorge Gonzaga comemora 70 anos com semana de arte

Gim preparou programação especial no Clube Flamenguinho, em Volta Redonda

Indicados ao Prêmio OLHO VIVO  –  04/02/2015 10:59

Publicada em: 26/01/2015 (08:37:18) . Atualizada em: 04/02/2015 (10:59:09) 

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(Fotos: Divulgação)

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Gim (o terceiro, da esquerda para a direita) fará em Volta Redonda evento descentralizado, num bairro periférico da cidade, Vila Americana  

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Jorge Gonzaga, o Gim, preparou uma programação especial para marcar a sua festa de 70 anos. Uma semana de arte no Clube Flamenguinho, na Vila Americana, em Volta Redonda, de 30 de janeiro a 7 de fevereiro. Exposição de arte com o seu acervo particular, oficinas, debates e espetáculos de bonecos. Todos os eventos serão gratuitos.

- Foi um desejo meu de comemorar essa data redonda, uma efemeridade. Considerei uma ótima oportunidade de voltar à minha cidade natal e comemorar com meus amigos e familiares fazendo o que sempre fiz: arte - diz.

Gim nasceu na Rua 60, em 12 de fevereiro de 1945. Fez seus primeiros estudos no antigo colégio Trajano de Medeiros, hoje Manoel Marinho, Escola Técnica Pandiá Cálogeras e Colégio Macedo Soares. Trabalhou como eletricista de manutenção na CSN até 1967, quando foi preso no bairro Retiro, distribuindo panfletos contra a ditadura. No ano seguinte, ingressou na Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo), que abandonou em 72 para viajar pelo Brasil. Em 77participou com Nicolau Francis, artista de Barra Mansa, na Bienal Internacional. Em 1980 voltou para a estrada e foi morar na Ilha do Marajó, onde pintou igrejas, barcos e clubes para sobreviver. Em seguida, mudou-se para a Ilha de Maiandeua, também no Pará, onde fundou um centro cultural com os aldeões locais, que existe até hoje.

Voltando ao Sudeste, Gim foi premiado no MAM (Museu de Arte Moderna), com a menção honrosa "Mestre Valentin" e realizou exposições, oficinas e espetáculos de bonecos em várias cidades, como Ouro Preto, São Paulo, Rio de Janeiro e principalmente Volta Redonda. 

Confira a entrevista com Jorge Gonzaga  

Será uma semana inteira de comemoração. De que maneira você trabalhou e dividiu as atrações desse evento? Há um conceito em toda a comemoração?

Uma semana inteira! No dia 30, será a abertura da exposição com um coquetel todo ele bancado pelos amigos e comerciantes do bairro. No sábado e domingo acontecerão espetáculos de teatro de bonecos com artistas amigos que doaram seus trabalhos e, durante a semana, oficinas e debates e alguns eventos paralelos, como visita guiada na exposição, experiências com teatro de sombras, exibição de curtas-metragens etc.

Existe sim e posso enumerá-los. O primeiro deles e, o mais importante para mim, é o conceito político. Esse será um evento de qualidade com artistas de grande expressão no Brasil e fora dele, como minha amiga Orvalho Rocio, que está de passagem pelo Brasil, sem um tostão de dinheiro público, será um evento descentralizado, num bairro periférico da cidade, o que traz uma mudança de paradigma importante. O segundo também importante é que haverá muita liberdade de experimentação, desde a montagem da exposição até o desfile do bloco. Alguns espetáculos, como o teatro de lambe (teatro de caixa), que é tido pelos especialistas como a última grande revolução no teatro de animação, será apresentado pela primeira vez aqui na cidade e será na Vila Americana. Todo o evento foi pautado pela estética do contemporâneo com trabalhos que de alguma forma dialogam com a arte popular. 

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Pela primeira vez na cidade: Imperdível, teatro de caixa é tido pelos especialistas como a última grande revolução no teatro de animação

São 70 anos. Como você se vê como artista hoje em dia? Como foi esse processo evolutivo?

Mais maduro para saber que hoje, em se tratando de arte, sou tão ignorante como quando comecei. (risos) 

Claro que há motivos de sobra para comemorar, mas, em se tratando de arte, o caminho nunca é fácil. Num retrospecto, e com a experiência que você tem hoje, você faria algo diferente?

Mesmo que eu quisesse, creio não conseguiria. Para ser sincero, eu mesmo nem sei como me tornei um artista, as coisas foram acontecendo, me enredando e aconteceu, não foi só uma vontade minha. Quando minha primeira filha nasceu eu estava falido, sem dinheiro, eu até tentei ser professor, mas foi um desastre maior, acabei encontrando dentro da arte, com um apoio incondicional de minha mulher Suely Endo, um caminho seguro para criá-la e aos outros dois que vieram em seguida.

Você é um artista multifacetado, como tantos outros ao longo da história. Hoje em dia, uma boa parte dos artistas também começa a abrir seu leque de opções no fazer artístico. Isso é uma evolução e um entendimento natural?

Claro que é! A arte hoje está invadindo todos os espaços e se misturando com a ciência, com a educação, com a cultura como um todo. As fronteiras estão borradas e isso pra mim é uma evolução natural da humanidade. 

Focando a região especificamente. Volta Redonda, com maior ênfase. Que avaliação você faz do cenário artístico e cultural de hoje?

Estou muito tempo fora da cidade, mas vejo com bons olhos a criação do novo Conselho de Cultura e o trabalho do Coletivo Teatral Sala Preta, mas confesso que não saberia responder de forma precisa. Hoje existe na cidade um grande número de artistas formados nas academias, mas nas poucas vezes em que vim para cá ainda não vi ação desses artistas mudando o panorama que era bem estático quando eu me mudei para o Rio e que parece não ter mudado muito. 

> Jorge Gonzaga, 70 anos - Abertura, 30 de janeiro às 19h (coquetel de abertura). Dia 31, sábado, oficina de carimbó, 10h; teatro de bonecos, a partir das 15h. Dia 1 de fevereiro, domingo, teatro de bonecos, a partir das 15h; às 19h, debate. Dia 2 fevereiro, segunda-feira, 20h, teatro de sombras. Dia 3 fevereiro, terça-feira, 17h, apresentação de capoeira. Dia 4 de fevereiro, quarta-feira, oficina de cerâmica com Antônio Geraldo; 20h, debate. Dia 5 de fevereiro, 16h, oficina de bonecos com Gim. Dia 6 de fevereiro, encerramento da oficina de bonecos; 21h, forró com a Banda do Pilão. Dias 7e 8 de fevereiro, a partir das 19h, desfile do Bloco Loucos Pela Arte. Telefone de contato para inscrição nas oficinas: (24) 3342-4194. Rua Dr. Guanair Hirst, Vila Americana. Contatos com o artista: (21) 9-6929-9596, Facebook, e-mail sugim.art@gmail.com

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

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