(Foto Ilustrativa)
SMC está ganhando tempo, para recobrar
o fôlego e reiniciar a política de pão e circo
Foram quase 20 anos em Volta Redonda combatendo os mandos e desmandos, a incompetência e as falcatruas de um secretário de Cultura (Moacir Carvalho de Castro Filho, o Moa) que saiu sem que uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) fosse instalada para investigar denúncias de favorecimento, de apropriação indébita de dinheiro público, de desvios de RPAs (Recibos de Pagamento a Autônomo) etc. etc. etc. Quase 20 anos de perseguições e retaliações a opositores e credores de dinheiro prometido, de projetos agraciados com lei de incentivo que nunca receberam etc. etc. etc. (e o etc. nesse caso é sempre negativo). E aí El Rey (o prefeito Antônio Francisco Neto - PMDB) troca o secretário. Beleza! Beleza nada! A prática continua a mesma.
Empossou uma secretária (Rosane Gonçalves Pinto Magalhães) que na verdade não vai mandar nada, mas terá o status de secretária e alinhavará a aliança entre El Rey e seu mais novo aliado desde criança (Edson Albertassi), deputado e dono de um grande meio de comunicação na cidade. E até agora, depois dos 100 dias de governo, nada foi feito efetivamente. Alguns apoios a eventos realizados pelos próprios artistas, alguns papos individuais, no gabinete da secretária, e nada mais.
É preciso acabar com a trégua
Participo de um grupo que vem debatendo e realizando propostas, que se mobiliza e cobra, que protesta e que também dialoga. Andei discutindo com eles que precisamos acabar com a trégua que demos. Afinal, a grande ação realizada até agora pela SMC (Secretaria Municipal de Cultura) tem sido cadastrar os artistas e produtores da cidade. Coisa que vem sendo feita desde a década de 80 do século passado.
Argumento que isso só serve para a SMC ganhar tempo, recobrar o fôlego e reiniciar a política de pão e circo. Argumento que o mais importante é continuar a mobilização pela reestruturação da lei do Conselho de Cultura, eleição de conselheiros e realização da Conferência Municipal de Cultura e o Plano Municipal de Cultura. Está na hora de a secretária se movimentar em direção a essas reivindicações.
Volta Redonda está ficando para trás
Cidades menores e menos importantes já estão realizando suas Conferências e se adequando. Isso significa verba e programas federais para a área. Isso significa traçar plano para o desenvolvimento cultural do município para as próximas gerações. Em se falar em programas e desenvolvimento. Vale aqui um aparte: o pagamento atrasado dos envolvidos com a Escola de Circo e a Escola de Teatro já foi efetuado? A Escola de Circo já adquiriu equipamentos circenses? As aulas já retornaram? E o dinheiro do Padec (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural)? Tem entrado nos cofres da prefeitura?
A luta continua, companheiros das artes, da cultura e da produção. O show não pode parar, e a população tem muito a realizar em termos de cultura espontânea e popular, e para isso vários mecanismos precisam ser criados. A trégua dada precisa ser revista e nossas reivindicações precisam ser atendidas, sob o preço de ficarmos de fora de todos os programas do governo federal. E isso só vai acontecer depois de realizada a Conferência e reestruturado o Fundo de Cultura e o Conselho. E não vai ser o poder público, com El Rey atravancando tudo, que vai realizar essas mudanças sozinho. É preciso a pressão popular!