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Não São Vândalos

Movimento do Rolezinho é a parada

Não é crime andar em shopping; ninguém é proibido de andar em shopping; o que está acontecendo é preconceito, sim; e amparado pela "Justiça"

Choquei  –  14/01/2014 20:48

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(Foto: Reprodução/Facebook)

Se esses jovens não pararem tudo pelo super loteamento, pararão pela ousadia,
pela coragem, pelo desejo ou pelo simples direito de ir e vir. Quem impedirá?
 

Não! Claro que não! Não são vândalos. Provavelmente vocês que disseram isso compram em shopping e estariam incomodados com esta "invasão", claro. Se fossem 2.000 mil brancos ou classe A ou na moda ou vestidos com Calvin Klein, Mr. Cat, M. Officer, Nike, Borelli, entre outras grifes, seria a maior confraternização realizada em ambientes coletivos convocada pela "rede social", pelo Facebook. Ou seria um "flashmob" cool! Se fossem 2.000 jovens da Escola Parque, do Colégio Santo Agostinho, Ceat, seria marketing tanto para as escolas quanto para os shoppings. Não é crime andar em shopping. Ninguém é proibido de andar em shopping. O que está acontecendo é preconceito, sim. E amparado pela "Justiça".

O que está sendo reclamado, o que está em foco é o direito do acesso. Se eles estão entrando em shoppings ao montes é porque assim se tem força e expressão. Eles não podem ser proibidos de entrarem no shopping. Se aí furtarem, fizeram arrastão, impedirem passagens, molestarem outros transeuntes, aí, sim, é crime. Provavelmente a correria que vemos em vídeos de celulares anônimos aconteceu depois de uma determinada repressão pontual de algum segurança, da polícia, ou até mesmo do aviso fixado nas portas. Depois que começaram a coibir a "presença", algum ou outro começa a correr, por costume à repressão das ruas e isso cresce, transborda dentro de um shopping. Um ambiente "controlado". Velho, qualquer comentário que reflita sobre esse movimento negativamente é escandaloso. 

Mais um pavio estourado sobre as ruas 

Eu acredito fortemente que a repressão feita a esses jovens será um novo estopim. Será mais um pavio estourado sobre as ruas. E vai refletir no Brasil inteiro. É o butterfly effect. O novo meme virtual. Viral. Uma cacetada contra um jovem em num shopping em São Paulo causa vandalismo em lojas de Recife, Rio, BH. E se vão ao shopping consumir… Acho que seria pior! Muito pior. Pois daí seria a noção exploratória midiática causando efeito. Comprem, logo, existam! Não, cara. Esses jovens tão dizendo: Posso, logo, existo! Porém, escolheram os shoppings center para fazer isso. Olha que coisa. Eles estão avisando que vão em massa aos estabelecimentos comerciais! O que esses lojistas querem? Vender?! Atrair público!? É isso!? Eles gastam milhares de reais em marketing para atrair público. Então, pombas! Baixem os preços, aproveitem que dia 18 o movimento será quente. Fora de época do Natal, Dia das Mães, Páscoa, Dia dos Namorados, black friday…

Sejam espertos, burgueses! Não lutem contra. Joguem juntos. Surfem na crista da onda do modismo das convocações das redes sociais. Seus estabelecimentos não são exclusivos da classe padrão de comprador. Seus estabelecimentos devem ser Inclusivos, do crescente poder aquisitivo dos ditos "emergentes", dos planos de "distribuição de renda" do governo Dilma Rousseff ! Não seja estúpida classe A/B. Digo o seguinte: O shopping Leblon vai virar Uruguaiana! E eu… Vou curtir muito! Não busque nada sobre isso na TV. A TV não têm a capacidade de perceber o conteúdo revolucionário dessa postura dos moradores das regiões mais afastadas. Busque nas redes sociais informações sobre. Mas também desconfie. 

Em resumo é isso o que está acontecendo... 

Jovens, inspirados por um funk do rolezinho, resolveram agendar um dia para ir ao shopping, todos de roupa de marca, bem vestidos pra um rolê para azarar as menininhas. Só que o bonde tinha 2.000 pessoas! E o shopping quando soube pediu reforço da polícia e apoio judicial para selecionar quem entrava no estabelecimento. E a polícia foi quebrando o pau. Um bom argumento para uma revolução anticapitalista, para um movimento anti apartaid, para um grito de liberdade. Agora esse movimento vai se espalhar por aí. Esta semana eu ouvi na Band News que o Departamento de Investigação de Crimes Virtuais está em cima do evento que foi marcado para o dia 18 de janeiro no Shopping Leblon. Quer dizer, que agora é crime marcar um rolê no shopping por Facebook? Os caras da Civil vão pirar com os PMs. Tipo: qual a acusação? Saiu de casa e foi ao shopping? Marcou evento no Face em solidariedade aos irmãos da perifa de Sampa? Apartaid. Segregação. A TV não vai mostrar o fenômeno sociológico que está acontecendo. Eles não são capazes de entender.

Há dez anos, sem o Facebook (que completa dez anos este mês), isso não seria possível. Isso o quê? Hoje qualquer celular tem acesso ao Facebook. E os discursos sobre "eu quero ter acesso também", "eu quero beber whisky", "eu quero poder comprar" que estão contidos nos funks atuais reverberam viralmente. Qual a arma deles? O direito. Agora, num país que está tentando legalizar ou descriminalizar a maconha, o casamento gay, impede o direito de ir e vir dos "periféricos"!? E digo "periféricos" entre aspas porque os moradores das regiões menos atendidas, com maiores dificuldade de acesso à educação, produtos e serviços de qualidade, querem receber e ter acesso ao mesmo que é posto nos bairros nobres e centrais. Eu enxergo como um golpe no capitalismo. Na ideia de capital. Tanto na busca por ascendência social imposta, quanto pelo afastamento dos consumidores "padrão" nos dias em que haverá esses eventos. Não duvido que o Shopping Leblon não abrirá neste sábado. Quebra de vendas. Sei que o bicho vai pegar. Se esses jovens não pararem tudo pelo super loteamento, pararão pela ousadia, pela coragem, pelo desejo ou pelo simples direito de ir e vir. Quem impedirá? Os aristocratas/burgueses/playboys/Patricinhas dirão: Quem poderá nos defender?

Por Rafael Crooz  –  rafaelcrooz@hotmail.com

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