(Foto: Reprodução)
RPA assinado pelo seecretário de
Cultura de Volta Redonda
Acontecimentos recentes têm dado voltas e reviravoltas na Cultura, e não são nem os artistas, nem os produtores - menos ainda o povo - quem as estão protagonizando. Em Volta Redonda, o prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB), por exemplo, está ignorando solenemente as denúncias de desvio de verba contra o secretário municipal de Cultura, Moacir Carvalho de Castro Filho, o Moa. Neto está se fingindo de morto e sendo conivente com as trapalhadas e falcatruas do secretário, inimigo público nº 1 da Cultura de Volta Redonda, que, apesar de tudo, se realiza verdadeiramente, longe do poder público. Pior é que nem os vereadores, eleitos para, além de elaborar leis, fiscalizar o poder público, falam absolutamente nada. Nenhum pensou em realizar uma CPI para apurar os fatos. E serão cobrados por artistas e produtores, não tenho dúvidas.
Ainda não tivemos a Conferência Municipal de Cultura. As deliberações da mais recente conferência realizada, depois de muita briga dos artistas e fazedores culturais com o Moa, estão até hoje esquecidas em alguma gaveta na secretaria. E, para complicar mais ainda, as provas de desvio de verba, recebimento indevido e malversação do dinheiro público estão aparecendo depois de anos e anos de denúncias.
As voltas que a Cultura dá
Isso demonstra a incompetência do secretário, para não ser mais pesado e não condená-lo sem dar-lhe amplo direito de defesa. Porém, não dá para defender um secretário que, por pura falta de interesse e despreparo, quase deixou a cidade fora do Sistema Nacional de Cultura. Volta Redonda aderiu ao sistema, que prevê concessões de Pontos de Cultura e verbas, além de outros benefícios culturais, nos 45 do segundo tempo - e não graças ao secretário. E agora a prefeitura terá que se adequar, realizando a conferência, elegendo o Conselho de Cultura, regulamentando a Lei de Incentivo à Cultura e o Fundo de Cultura para participar do Sistema Nacional.
Nas esferas federais tivemos um dos sobrenomes mais respeitados da Cultura nacional, Ana de Hollanda, numa das piores e antidemocráticas gestões jamais vistas na história deste país. Ana assumiu a pasta já dando bola fora com a retirada do selos Creative Commons e, num crescendo, ficando do lado dos grandes empresários, do ECAD e a máfia dos direitos autorais e desagradando gregos e troianos da lida diária da Cultura. Ana, tantas fez, tanto desagradou, que foi barganhada pelo PT e mandada de volta para as noites nos BIP-BIPs da vida e substituída por Marta Suplicy. Marta teve uma gestão em São Paulo que não foi lá essas coisas, mas é boa de política e pode fazer alguma diferença, principalmente se for esperta e colocar em prática tudo o que vem se deliberando nas Conferências de Cultura.
Incompetência e inabilidade
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Fato: Vença quem vença as eleições, Moa está com a cabeça na bandeja para ser entregue aos que sempre o denunciaram
Em ambos os casos, podemos observar, primeiro, a incompetência dos titulares das pastas, e a inabilidade da presidente e do prefeito, que já deviam tê-los afastados há tempos. Dilma acordou, mas o prefeito Neto está dando bobeira e deixando passar a chance de se mostrar realmente honesto e competente. Neto poderia afastar o secretário, ao menos até que se investigasse o fato, que comprovasse se os RPAs (Recibos de Pagamento a Autônomos) assinados pelo seu amigo dos tempos de Macedo e Comercial são provas reais ou não.
E fato é que, vença quem vença as eleições, Moa está com a cabeça na bandeja para ser entregue aos que sempre o denunciaram. E já vai tarde!