(Foto: Divulgação)
Como sair da Matrix? Como liberta-se do mundo das aparências e viver a vida real, a vida verdadeira?
(Na foto, Keanu Reeves, em cena do filme “Matrix Realoaded”, de 2003)
No final da década de 1990 e no início dos anos 2000, e, mais recente, no ano de 2021, foram lançados os filmes da franquia “Matrix”. A produção aborda a temática de um mundo onde a Inteligência Artificial, por meio de máquinas altamente sofisticadas, dominou os humanos, subjugando-os a tal ponto que sua existência foi reduzida à condição de simples bateria humana a fornecer energia para tais máquinas. Para que essa produção ocorra de forma totalmente subserviente, a humanidade, qual rebanho, se amontoa, desde o nascimento, em vastos campos de coleta de energia.
Cada pessoa, desde o nascimento, como já afirmado, é conectada inconscientemente a um sistema de realidade virtual, a Matrix, que vincula todos da espécie num mundo artificial que simula a realidade com perfeição e mantém o ser vivo fornecendo energia. Nesse sistema, um grupo de pessoas que conseguiram sair da Matrix lideradas por Neo, de quem se espera a libertação da humanidade, busca libertar o maior número de pessoas possível e organizar a resistência contra o império das máquinas. Perpassam durante todos os filmes os questionamentos sobre o que é a realidade? Até que ponto podemos confiar nos nossos sentidos? É melhor a realidade ou a ilusão?
O questionamento da humanidade quanto a natureza da realidade é muito antigo, e data de pelo menos 400 a.C. com o filósofo grego Platão e a sua conhecida Alegoria da Caverna, no livro “A República”, também de sua autoria. Nessa alegoria, Platão nos conta sobre homens que viviam acorrentados numa caverna em volta de uma fogueira. Tudo que conheciam eram as sombras que a fogueira projetava nas paredes da caverna. Em um determinado dia, um homem libertou-se das correntes, saiu da caverna e viu a luz do dia e todo o mundo exterior. Encantando, ele voltou para dentro da caverna para contar a novidade aos seus companheiros, mas recebeu críticas e não foi escutado, pois não conseguiram conceber outra realidade que não as sombras.
Voltando à questão da Matrix, mas não perdendo de vista o debate sobre realidade, a grande questão que se coloca é: Como sair da Matrix? Como liberta-se do mundo das aparências e viver a vida real, a vida verdadeira? De uma certa forma, como ilustrei no segundo parágrafo, essa é uma busca que está nos primórdios do pensamento humano. Ao longo de minha experiência, com minhas buscas, tentativas e erros, frustrações e sucessos, hoje percebo claramente uma coisa: A Matrix, se por acaso ela existe, se por acaso existe algum mundo do qual devemos nos libertar, ele não é um mundo exterior, um mundo de fenômenos e pessoas contingentes disputando nossas emoções.
A Matrix está dentro de nós são nossas crenças limitantes sobre nós mesmos, os outros e o mundo; são nossos medos, nossas fraquezas que nos levam à autossabotagem; são os dispositivos mentais que construímos ao longo da vida e que nos acompanham do acordar ao adormecer; nos colocam no modo automático e numa zona de conforto que dá explicação, resposta e desculpa para todos os nossos atos.
Enfim, é com essa Matrix que temos que romper, se quisermos que nossa realidade seja melhor.