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Vida em Crônicas e Muito Mais...

Rofa Rogério Araújo

rofa.escritor@gmail.com

Reflexão

O escritor e os seus selfies

As selfies pelas lentes ou pelas mãos do escritor podem valorizar, e muito, o que é necessário e não o que é momentâneo ou descartável

Colunistas  –  02/03/2023 21:13

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(Foto: Arquivo Pessoal)

O que mais acontece hoje em dia pelas redes sociais é a exibição de “vidas perfeitas” que tendem a alimentar egos cada vez mais inflados, sem contar com busca para lá de desenfreada por popularidade

 

(Passeio ao MAC, em Niterói) 

 

Sensação no momento já há certo tempo, as selfies tomam conta do cotidiano e dos momentos importantes para todas as pessoas.

Segundo definição oficial, selfie é uma palavra em inglês, um neologismo com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, sendo uma das fotos mais tiradas e compartilhadas na internet na atualidade.

Normalmente, uma selfie é clicada pela própria pessoa que aparece na foto, com um celular que possui uma câmera frontal incorporada, com um smartphone, por exemplo. A particularidade de uma selfie é que ela é tirada com o objetivo de ser compartilhada em uma rede social como o popular Facebook. Uma selfie pode ser tirada com apenas uma pessoa, com um grupo de amigos ou mesmo com celebridades.

A prática de tirar selfies ganhou popularidade a nível global, e algumas tiveram milhões de visualizações. Alguns exemplos desses são a selfie tirada por um grupo de jovens com o Papa Francisco e a selfie tirada nos Oscars, onde aparecem várias estrelas de Hollywood, como Meryl Streep, Julia Roberts, Brad Pitt, Angelina Jolie, etc.

Mas o que isso tem a ver com o que pretende dizer esta coluna de hoje? Tudo!

Simplesmente, o foco do objetivo de uma selfie faz todo o sentido com os textos que um escritor produz, muitas vezes baseado ou inspirado em fatos reais.

Se a selfie é um autorretrato, onde o “autor” é o ator principal e marca presença com outras pessoas num evento ou momento de encontro com amigos, anônimos ou mesmo celebridade, e o fato de “compartilhar” com todos, via internet, o que aconteceu.

Assim faz um escritor ao produzir um texto: envolve a si mesmo, como um selfie, e mostra através dele quem está com ele ou junto em diversos e ímpares momentos. Um foco onde pretendo marcar o que aconteceu para que os outros saibam e até reflitam a respeito.

Vamos supor que um escritor faça uma “selfie” via seu texto irá fazer conhecido um local lindo de uma paisagem paradisíaca. Pois bem, as pessoas irão visualizar e até “compartilhar”, contar para os outros, embora muitas vezes essa “imagem” esteja apenas em textos, fazendo com que a imaginação flua ainda mais para o leitor.

E, também, essa produção literária pode ser algo triste, fazendo com que quem lê possa examinar e analisar o quanto alguém ou algo pode ter sido tão importante e que, simplesmente, acabou ou morreu.

Parafraseando algo que li esses dias, Se Narciso tivesse um iPhone dourado e o Instagram estivesse instalado, talvez ele achasse algo - além do espelho - bonito. Quem sabe, além de curtir suas próprias fotos e seguir algumas “blogueiras famosas”, Narciso também postasse junto com cada selfie uma frase de inspiração ou uma alfinetada para os recalcados e invejosos. Porque além de lindo, Narciso talvez fosse um guru também, assim como vários outros gurus de Instagram que infestam o aplicativo de fotografia mais famoso da face da Terra com frases de autoajuda.

O que mais acontece hoje em dia pelas redes sociais é a exibição de “vidas perfeitas” que tendem a alimentar egos cada vez mais inflados, sem contar com busca para lá de desenfreada por popularidade. A concorrência cada vez mais acirrada faz dos inocentes selfies um ringue de batalha, onde cada pessoa dispute quem consegue mostrar que esteja com pessoas interessantes e quiçá famosas para que todo mundo saiba.

E as “selfies” pelas lentes ou pelas mãos do escritor podem valorizar, e muito, o que é necessário e não o que é momentâneo ou descartável.

Se todos prestassem mais atenção na vida e no que vem pela frente e não apenas vivessem de forma automática, tudo seria diferente e para bem melhor.

O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade, a que chamamos vontade”, disse sabiamente Carl Jung. 

Um forte abraço do Rofa!

 

Por Rofa Rogério Araújo  –  rofa.escritor@gmail.com

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