(Foto Ilustrativa)

São inúmeras as crises de um homem educado numa sociedade machista quando ele se torna pai

 

Este texto vai ser curto. Não por falta de interesse, mas pela ineficiência que as palavras possuem para expressar algo que só pode ser compreendido quando vivido. Procurar transmitir uma vivência, um sentimento, é o que procurarei fazer. Seria melhor fazer isso pela poesia.

Minha mãe me fala que quando eu era criança eu dizia que queria casar e ter filhos. Sinceramente, não lembro disso. Sei que cresci. Veio o primeiro amor, não deu certo. Veio o segundo, furada também. Já no terceiro... Como diria Clarice Lispector: Explosão! Aos trancos e barrancos, nos casamos e nossa pequena Elise veio ao mundo. Mas tem um detalhe. A essa altura eu já não tinha tanta intenção em ter filhos. Queria, sim, um grande amor, mas queria, muito, dedicar-me à pesquisa acadêmica, o que foi necessário ficar em segundo plano.

São inúmeras as crises de um homem educado numa sociedade machista quando ele se torna pai. Ele deixa de ser o centro da atenção de sua esposa; o tempo pra si mesmo diminui consideravelmente. Se ele quiser manter sua família, tem que se livrar da carga de egoísmo na qual fomos adestrados. Egoísmo e controle.

Controle. Esse é o principal ponto. Amo minha família. Amo, desesperadamente, ser pai. Para quem gosta de amar, não há no mundo algo melhor do que filhos. Contudo, confesso, incomodo-me por me ver tão necessitado, tão vinculado a um sentimento do qual não tenho o menor controle. Simplesmente não consigo controlar um serzinho de 5 anos que insiste em pintar e bordar com a minha vida!

Talvez com o amadurecimento, com o passar da idade isso melhore. Mas que amo, amo!