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Vida e Sociedade

Leone Rocha

leone.rocha@gmail.com

Universos Outros

Hollywood e o tempo dobrando sobre si mesmo

Graças às Musas, Deusas e aos Deuses, a capacidade humana é inesgotável, e nosso universo simbólico sempre crescerá

Colunistas  –  22/04/2023 17:54

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(Foto: Divulgação)

“Top Gun - Ases Indomáveis”, o sucesso que lançou ao estrelado o ator Tom Cruise, chegou aos cinemas em 1986 para, agora em 2022, receber uma continuação chamada “Maverick” (foto), com o mesmo ator interpretando as reflexões da maturidade

 

O que há em comum no lançamento de revivals de filmes como a série “Guerra nas Estrelas” e “Top Gun”, entre outros? No caso de “Guerra nas Estrelas”, a primeira trilogia data do final da década de 1970; houve uma segunda 16 anos depois, em 1999. Mais recentemente foram lançados em 2015 o “Despertar da Força” e, em 2017, “Os Últimos Jedi”. No caso de “Top Gun - Ases Indomáveis”, o sucesso que lançou ao estrelado o ator Tom Cruise, chegou aos cinemas em 1986 para, agora em 2022, receber uma continuação chamada “Maverick”, com o mesmo ator interpretando as reflexões da maturidade. Podemos citar também a franquia “Matrix”, lançada no final da década de 1990 e continuada no início dos anos 2000, que foi retomada com o filme “Ressurrections”, em 2021.

Eu nasci em 1982, tenho 41 anos. Acompanhei de perto os primeiros lançamentos desses filmes todos, seja nas saudosas “Sessões da Tarde” ou no cinema mesmo, quando tive acesso. Quando assisto a um lançamento recente de um desses filmes antigos, a emoção que sinto não deixa de ser diferente da que sinto quando vejo um outro filme sem o mesmo vínculo. A tela do cinema ganha contornos de máquina do tempo e ele se dobra. As personagens, o enredo, o universo da obra ganham existência concreta, vida, história. O mundo simbólico da cultura parece ganhar o substrato da memória; o tempo passa para as personagens tanto quanto para nós, espectadores. A obra de arte ganha ainda mais aspecto de realidade, como já afirmei. Sinto também como se o plano da realidade e o plano simbólico da cultura estivessem existindo em paralelo como mundos coexistentes um ao outro e regidos pelo mesmo tempo.

Em dois filmes recentes da franquia “Guerra nas Estrelas”, o “Despertar da Força”, de 2015, num determinado momento, Hans Solo e a Princesa Generala Lea, heróis da Resistência desde 1977, se encontram num gueto da Resistência. Ao avistarem-se pela primeira vez, eles trocam um sorriso discreto. Há tanta cumplicidade na troca desse sorriso que parece não haver distinção entre atores e personagens. Não é possível identificar exatamente qual dos dois está dizendo com seus sorrisos: “Eh, estamos aqui outra vez!”.

A cultura e a produção cultural humana sempre tiveram a capacidade de nos transformar para universos outros, aguçar nossa imaginação e nos tirar do dia-a-dia das experiências cotidianas que nos envolvem em atividades que muitas vezes limitam nossa condição existencial. Essa dobra no tempo que os filmes hollywoodianos têm feito é um exemplo disso. Graças às Musas, Deusas e aos Deuses, a capacidade humana é inesgotável, e nosso universo simbólico sempre crescerá, alimentando o imaginário com um sem número de ideias, histórias e fatos que renderão entretenimento, reflexões, debates e uma vida mais rica para ser vivida. 

 

Por Leone Rocha  –  leone.rocha@gmail.com

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