(Foto Ilustrativa)
Estamos eternamente em tentativas de alcançar padrões, modelos, metas, estabelecidas por instituições sociais externas como as mídias, redes sociais, etc.
Vivemos em uma “sociedade do espetáculo”, como diria o escritor marxista francês Guy Debord (1931 - 1994). O mundo, a sociedade segue seu curso em complexas desenvolturas de representações, interpretações, jogos nos quais nós atuamos com o fim de obter as mais variadas formas de recursos simbólicos ou materiais. Amiúde, almejamos por reconhecimento; nos esforçamos perseverantemente, disciplinadamente, com o fito de obter do Outro algo de nós mesmos exteriorizado em forma positiva, agradável. O que há nos meandros inconscientes de todo esse movimento, de fato, é uma busca insaciável pelo próprio Outro, uma “sede do outro”, no dizer de Clarice Lispector (1920 - 1977) em seu livro “A Hora da Estrela”.
O que percebo como fato comum na contemporaneidade é o que chamarei aqui de fenômeno da “descentralização do Eu”. Perdemos a nós mesmos como nossa própria referência. Estamos eternamente em tentativas de alcançar padrões, modelos, metas, estabelecidas por instituições sociais externas como as mídias, redes sociais, academia intelectual, academia de exercícios, família, igrejas, etc. Seria difícil encontrar nesse caldeirão requentado de valores nossos próprios valores. Tudo que produzimos parece ser descartável. Precisamos continuamente renovar nossa própria vitrine pessoal para termos sempre o que oferecer ao público em troca de aprovação.
Nunca foi tão necessário o contato com o nosso mundo interior. Saber, realmente, quais são nossas verdadeiras necessidades. O que, de fato, precisamos para sermos felizes? O que há nas minhas ações, nos meus desejos, que são atos realmente meus ou são imposições externas? Essas reflexões são urgentes, se queremos viver em paz e encontrar a verdadeira felicidade.