(Foto Ilustrativa)
“Não adianta querida, já não adianta, não vai dar resultado, você deveria ter pensado antes... Agora é obesa não tem mais nada para fazer”.
Minha amiga J. adora bons restaurantes. E quem não adora? O problema é que minha amiga gasta a maior parte de seu polpudo salário em restaurantes. Ha quatro meses ela decidiu mudar. Iniciou um regime. Continuava frequentando restaurantes chiques, mas em vez de pedir carnes e massas, começou a se conformar com saladas e alguma carne magra de frango ou de peixe. E os resultados já estavam presentes no primeiro mês. Aquele início tímido, pouco notado pelos outros, mas notado pela roupa que passa de apertada a um pouco folgada. E como dá alegria!
Pois bem, a amiga ligou, convidou-me para almoçar em um shopping. Nos encontramos lá, olhamos lojas e depois fomos até a praça da alimentação. Ela, orgulhosa, só colocou no prato frango grelhado e salada variada. Na mesa do lado havia uma senhora sentada olhando para o prato da minha amiga. Mexia a cabeça para um lado e para outro com ar de reprovação. O que seria?
De repente, com voz de mãe autoritária dirigiu-se à minha amiga dizendo: “Não adianta querida, já não adianta, não vai dar resultado, você deveria ter pensado antes... Agora é obesa não tem mais nada para fazer”. Depois dessa frase maldosa, levantou-se e saiu como de cabeça erguida, orgulhosa de seu ato de maldade.
Minha amiga olhou o prato, observou a própria barriga proeminente, e eu percebi que seus olhos se enchiam de lágrimas.
Tentei animá-la:
- Deixe falar, nem se preocupe. E ela secou a lágrimas e sorriu - foi um sorriso forçado.
Antes de sair do shopping comprou um bombom e o deglutiu com prazer. Dias depois, ligou dizendo que não valia a pena fazer regime... Só cirurgia de estômago podia ser uma solução.
- Mas você estava indo tão bem! Exclamei.
- Não sei não - disse ela.
- A mulher do restaurante tem razão. Regimes não dão resultado.
Minha primeira reação foi dizer que a mulher do restaurante, essa cobra com forma humana, deveria olhar para a própria vida, em vez de meter o nariz onde não é chamada.
- Eu deveria ter jogado o prato na cabeça dela - falei para minha amiga e ela riu.
Ao desligar, fiquei pensando: O que ganham essas pessoas de língua viperina que estão sempre procurando humilhar, ofender, e fazer desistir a quem tem um objetivo? Será que antes de dormir contabilizam os danos provocados com suas palavras e gritam:
- Hoje consegui destruir três pessoas. Uauu! Eu sou demais! Qual será o triste dividendo que essas pessoas estão ganhando?