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Olhar Errante

Ruan Campos

ruan.campos@hotmail.com

Homenagem

A fotobiografia de Marielle Franco

Livro celebra legado e importância da vereadora; conta com depoimentos, textos e entrevistas que preservam e enaltecem a sua memória

Colunistas  –  07/08/2023 09:59

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(Fotos: Divulgação) 

 

A obra é composta por 70 imagens de vários fotógrafos, algumas delas inéditas, além de depoimentos e entrevistas sobre as raízes políticas e históricas deixadas por Marielle

 

Após cinco anos, os mandantes do assassinato da vereadora e ativista Marielle Franco (PSOL/RJ) seguem desconhecidos. Duas perguntas que reverberam durante todos esses anos são “Quem mandou matar Marielle? E por quê?”.

Para reforçar a importância e tudo que Marielle representa, uma fotobiografia acaba de ser lançada pelo Instituto Marielle Franco. É composta por 70 imagens de vários fotógrafos, algumas delas inéditas, além de depoimentos e entrevistas sobre as raízes políticas e históricas deixadas por Marielle. A obra também relata a trajetória de vida, os discursos sobre variados temas e a construção da relevância histórica de Marielle na política nacional através de fotografias, compiladas em quase 200 páginas.

Para Jéssica Grillo, professora, coordenadora da União Cachoeirense de Mulheres e integrante do Movimento Negro Unificado (ES) - MNU, “Nos ver enquanto pessoas que fazem política é um caminho para reparar a história e construir medidas assertivas para um futuro menos desigual”.

O livro é uma parceria entre a Editora Azougue, o Instituto Marielle Franco e a viúva de Marielle, a vereadora Monica Benicio (PSOL/RJ). O projeto é fruto de um financiamento coletivo e teve a colaboração de centenas de pessoas. O lançamento aconteceu no Centro de Artes da Maré, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

A publicação é comercializada com três capas diferentes. A curadoria de imagem na fotobiografia é assinada pelos fotógrafos Mayara Donaria, Bernardo Guerreiro, Thaís Rocha, Wilson da Costa e Marcelo Brodsky. A parte textual foi organizada por Sergio Cohn e Melina de Lima.

Crime político

Foto - Bárbara Dias - Divulgação

A investigação do crime ocorrido em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, avançou nas últimas semanas e, segundo a Polícia Federal, houve a participação de mais pessoas nos assassinatos de Marielle e Anderson Gomes. O crime político ganhou grande repercussão e evidenciou a fragilidade da democracia brasileira. As famílias de Marielle e Anderson cobram uma solução final para o caso, que se arrasta por cinco anos sem respostas.

Em delação premiada, o ex-PM Élcio de Queiroz contou que Ronnie Lessa foi o responsável por alvejar o carro onde estava a vereadora Marielle, o motorista Anderson Gomes e a ex-assessora parlamentar e jornalista Fernanda Chaves - a única sobrevivente do assassinato. O veículo foi atingido por 13 tiros, no bairro do Estácio, na região central da capital.

Um ano após o atentado, Ronnie Lessa (ex-policial militar) e Élcio de Queiroz foram presos. Cinco anos após o crime, a Delegacia de Homicídios (DH) não foi capaz de desvendar a rota de fuga do Cobalt prata usado pelos criminosos e outros pontos relevantes para desvendar com clareza o atentado.

Segundo relatório divulgado pela Polícia Federal, omissões da Polícia Militar do Rio colocaram obstáculos e houve constantes trocas de comando do inquérito que atrapalharam para a resolução do assassinato.

Enquanto as buscas pelos mandantes do caso não se concretizam, Marielle Franco segue sendo um símbolo de luta presente nos debates públicos sobre feminismo e ativismo negro, solidariedade latino-americana e a participação das mulheres na política.

Sementes espalhadas

Divulgação - Capa

Em 2023, se estivesse viva, Marielle completaria 44 anos. A sociedade civil espera por respostas e que os mandantes do assassinato sejam identificados e condenados com máximo rigor da lei. A história política de Marielle ultrapassou fronteiras e espalhou sementes.

“Marielle Franco foi e é um farol para diversas meninas e mulheres negras que buscam uma representatividade ativa. Seja na política ou pelo simples fato de existir, Marielle deixa um legado nos alertando para a importância de ocuparmos espaços de destaque na sociedade”, ressalta Jéssica Grillo.

Sua imensa atuação de luta potencializa cotidianamente mulheres negras, periféricas e pessoas LGBTQIA+. Marielle Franco foi eleita para ocupar uma cadeira na Câmara Municipal do Rio com 46.502 votos, sendo a quinta parlamentar mais votada nas eleições de 2016.

Grillo pontua que passados cinco anos desde o assassinato da vereadora, Marielle segue como uma referência para a negritude. “Marielle deixou uma postura combativa e persistente na luta pelos direitos daqueles que são vistos como pertencentes à margem da sociedade”.

Não vamos descansar enquanto esse crime político bárbaro não seja elucidado. As instituições brasileiras têm o dever de buscar a verdade dos fatos, punir os responsáveis e esclarecer os reais motivos desse ataque contra a democracia.

Marielle Franco construiu um caminho de luta identitária e transformação social na cidade do Rio. Por isso, na tentativa frustrada de silenciar sua voz, ecoa um grito de indignação: “Marielle presente! Marielle vive!” Queremos saber! Quem mandou matar Marielle Franco? E por quê? O mistério sobre os mandantes e a verdadeira motivação continuam a martelar em busca de justiça social. 

 

Por Ruan Campos  –  ruan.campos@hotmail.com

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