(Foto Ilustrativa - Gerada por Inteligência Artificial)
Temos que repetir várias e várias vezes o comando no prompt para chegar a um resultado próximo ao que desejamos
Dentre minhas experiências que tenho realizado com a Inteligência Artificial, tenho experimentado um universo novo: a arte digital. No campo das artes, havia produzido apenas literatura, poesia e contos. Encantado com as artes visuais, comecei a navegar por esse mundo e realizar experimentos que têm possibilitado a abertura de novos horizontes de significados para minha existência.
Ainda estou nos primeiros estudos, mas já possuo algumas imagens produzidas que reuni em um blog e publiquei nas minhas redes sociais. Todas imagens produzidas com Inteligência Artificial. É interessante desenvolver uma nova habilidade, uma nova faculdade perceptiva e poder contar com a tecnologia para poder expressar minhas ideias que, de outra forma, não poderia ser realizado, já que não disponho de tempo e meios para aprender técnicas de desenho ou pintura para compor imagens e expressar minha visão de mundo por meio das artes visuais.
Então, vamos à reflexão sobre as artes digitais produzidas com Inteligência Artificial. Que fique claro que são reflexões de um estudante, de um simples curioso com alguma instrução acadêmica.
A primeira e a principal percepção que tenho ao produzir arte com IA é a de que o resultado final da obra não está sob o total domínio do artista. Muitos dos detalhes da composição de uma imagem são definidos pela IA. Ou seja, o trabalho produzido é praticamente um trabalho de co-autoria, o que coloca em questão a própria noção de autoria da obra. Esse fato lembra-me um caso.
Em 1603 os herdeiros do marquês Ermete Cavalletti encomendaram para a decoração de uma capela uma pintura com tema de Nossa Senhora de Loreto. Quem pintou o quadro foi o mestre italiano do barroco Caravaggio. No quadro, a Virgem Maria, bem como os peregrinos que a admiravam, estava descalça. A porta na cena é parte de uma parede caindo aos pedaços. Apenas uma auréola simples santifica ela e o bebê, que está sem roupas. Apesar de bela, a Virgem Maria poderia ser qualquer mulher comum. O resultado da pintura do mestre barroco causou decepção àqueles que encomendaram a obra, pois esperavam uma Virgem ornada e classicamente reluzente, nos mais requintados moldes do renascimento italiano, pleno de pompas e ornamentos. O quadro chama-se “Madona de Loreto” ou “Madona dos Peregrinos”.
Assim acontece algumas vezes quando “encomendamos” uma imagem para a IA. O resultado não nos agrada. Temos que repetir várias e várias vezes o comando no prompt para chegar a um resultado próximo ao que desejamos. Algumas vezes eu desisti da minha ideia original e adotei a ideia da IA, apenas para poupar esforços para encontrar a melhor forma de fazer-me entendido pela máquina. Talvez essa seja a autonomia que resta: o comando no prompt. Atualmente estão surgindo até mesmo profissões e formações novas nessa área: “engenharia de prompt”, “especialista de prompr”, etc. No mundo do futuro, certamente esse será um conhecimento necessário.