(Fotos Ilustrativas)
A leitura mostra que a imaginação é uma porta para infinitas possibilidades, um convite para dançar com o sol, mesmo nos dias mais cinzentos
Eu a vi naquele parque, uma pequena centelha de vida em meio a um mundo de adultos ensimesmados. Ela corria com os cabelos dourados ao vento, suas risadas enchendo o ar como um presente que o universo decidira nos oferecer naquele instante. Ah, como as crianças sabem como viver, como dominam a arte de existir sem as amarras que o tempo e a preocupação criam.
Seus olhos brilhavam com a inocência de quem ainda não conhece o peso das decepções e tristezas. Ela se lançava nas brincadeiras com uma alegria pura, sem se importar com olhares julgadores ou com os ponteiros do relógio que teimam em determinar o ritmo de nossas vidas.
Era como se a própria essência da infância a envolvesse, protegendo-a da dura realidade que espreita ao virar da esquina. Como eu gostaria de poder pegar um pouco dessa mágica e guardá-la num frasco, para abrir sempre que a vida insistisse em ficar cinza demais.
A menina dançava com o sol, suas pequenas mãos alcançando os raios dourados que desciam do céu. Ela girava, ria, e seu riso era como um acorde suave em meio a uma sinfonia desordenada. Ela pulava nas poças dágua como se cada salto fosse uma fuga para um mundo onde só existe espaço para a felicidade.
Enquanto a observava, uma onda de nostalgia invadiu meu peito. Lembrei-me de quando também fui assim, quando a vida era uma aventura repleta de descobertas e cada dia era uma oportunidade de brincar, aprender e sonhar. Lembrei-me das tardes intermináveis, das risadas com os amigos, das histórias que inventávamos e das maravilhas escondidas em cada canto do mundo.
A menina me fez recordar da importância de preservar a criança que vive dentro de nós, mesmo quando as rugas começam a marcar nossos rostos e as responsabilidades nos sufocam. Aquela centelha de curiosidade e alegria ainda está lá, esperando para ser reacendida, esperando para nos lembrar que a vida é muito mais do que obrigações e preocupações.
E enquanto eu a observava dançar com o sol, eu soube que tinha recebido um presente inestimável naquela tarde. A menina, sem saber, tinha me dado um vislumbre da simplicidade e da beleza que podem ser encontradas em cada pequeno momento. Ela tinha me mostrado que ser criança não é uma questão de idade, mas de atitude, de manter viva a chama da curiosidade e da alegria em nosso coração.
Quando finalmente deixei o parque, um sorriso se formou em meus lábios. A menina que dançava com o sol tinha me dado algo precioso, uma lembrança de que a vida é um presente a ser desembrulhado a cada dia. E enquanto caminhava para longe, senti a determinação de não deixar essa centelha se apagar, de abraçar a criança que vive dentro de mim e dançar com o sol, não importa quantos anos o calendário diga que tenho.
E assim, com a imagem da menina que dançava com o sol gravada em minha mente, segui em frente naquela tarde ensolarada. O mundo ao meu redor parecia mais colorido, mais cheio de possibilidades. As preocupações que me atormentavam antes agora pareciam menos opressivas, como se a lembrança daquela alegre dança tivesse o poder de dissipar as nuvens escuras que pairavam sobre mim.
Caminhando pelas ruas da cidade, comecei a notar coisas que antes passavam despercebidas. Os pássaros que cantavam nos galhos das árvores, as flores que desabrochavam em canteiros esquecidos, os sorrisos trocados entre estranhos. Tudo parecia mais vívido, mais significativo, como se o mundo estivesse me contando segredos sutis que eu nunca tinha percebido antes.
E então, encontrei uma livraria no final da rua, com suas prateleiras repletas de histórias esperando para serem descobertas. Entrei e fui envolvida pelo cheiro de páginas antigas e pela sensação acolhedora que só um amante dos livros pode compreender. Passei os dedos pelas capas, deixando-me levar pelas sinopses tentadoras que prometiam viagens a mundos desconhecidos.
Encontrei um livro que parecia chamar meu nome e me acomodei em uma poltrona perto da janela, deixando-me envolver pela narrativa cativante. À medida que as palavras preenchiam minha mente, percebi como a leitura era outra forma de dançar com o sol, de viajar para lugares distantes e viver aventuras emocionantes sem sair do lugar.
Enquanto as páginas viravam, mergulhei na história como uma criança absorvida por um conto de fadas. A cada reviravolta da trama, sentia minha imaginação se incendiar, reacendendo aquela centelha que tinha sido despertada pela menina no parque. Era como se eu estivesse redescobrindo a magia da infância, a capacidade de ser transportada para outros mundos e vivenciar realidades completamente diferentes.
Quando finalmente fechei o livro, senti-me revitalizada, como se tivesse tomado um gole da fonte da juventude. A lembrança da menina que dançava com o sol e a experiência da leitura tinham se entrelaçado em meu coração, formando um lembrete constante de que a alegria da infância nunca está realmente distante, só precisa ser cultivada e nutrida.
Saí da livraria com um novo ânimo, uma nova perspectiva sobre a vida que estava à minha frente. A menina tinha me ensinado que ser criança não é apenas um estágio da vida, mas um estado de espírito que podemos manter vivo, não importa quantos anos tenhamos. E a leitura, ah, a leitura tinha me mostrado que a imaginação é uma porta para infinitas possibilidades, um convite para dançar com o sol, mesmo nos dias mais cinzentos.
Enquanto o sol se punha no horizonte, senti uma profunda gratidão pela lição que a menina e os livros tinham me proporcionado. Caminhei de volta para casa com um sorriso nos lábios e um coração cheio de esperança. Pois agora eu sabia que a alegria da infância estava sempre ao meu alcance, apenas esperando que eu a abraçasse e dançasse com ela, onde quer que eu estivesse.