(Foto Ilustrativa)
Nossos filhos estão crescendo em voltas aos estímulos das telas, do consumismo, com pouco tempo para exercer atividades lúdicas típicas de crianças como era antes
Minha filha está superestimulada. Não larga o tablet, o celular. Dispõe de horas assistindo a vídeos curtos no YouTube e TikTok. Vídeos com efeitos visuais elaborados, enredos cativantes e muitas vezes impróprios para uma criança de 6 anos que escampam ao controle dos pais. Ainda podemos adicionar a essa lista os games que ela tanto adora. Já sabe entrar na Playstore, selecionar os jogos e realizar os downloads. Adora desafios e aventuras, mas os games são mais estímulos que percebemos que ela necessita cotidianamente. Brinquedos? Precisa renová-los constantemente. Brinca pouco com um novo e logo volta para os eletrônicos. O que era antes a grande parte da diversão, brinquedos, tornou-se um mero adendo, mais um estímulo a ser contemplado.
Antes de mais reclames é preciso que se diga que nossa filha é uma menina incrível! Uma das melhores, se não a melhor, aluna da turminha dela. Bem-comportada; realiza todos os deveres de casa; não dá trabalho para as professoras na escola e até mesmo é o exemplo da turma. Como um pai não resiste a agradar uma filha com tantos méritos?
Eis a grande questão. Nós, como pais, vivemos um eterno dilema entre agradar e educar. Fazemos o possível para que o fundamental seja garantido, mas, em certos momentos, no que parece ser menos importante, relaxamos. Mas a tentação de poder deixar a filha ocupada, entretida, enquanto temos que resolver as mil e uma pendências da vida cotidiana é grande. O mundo tornou-se de tal forma que muitas vezes não temos tempo para momentos mais estendidos juntos aos filhos. No nosso caso, tratando-se de filha única, preencher a lacuna de um irmão muitas vezes é uma tarefa impossível.
Nesse caos de atividades em que vivemos, nossos filhos estão crescendo em voltas aos estímulos das telas, do consumismo, com pouco tempo para exercer atividades lúdicas típicas de crianças como era antes. Serão essas mudanças que ocorrem naturalmente com o passar dos tempos ou temos que, de fato, tomar providências para intervir, frear esse costume novo que está surgindo? No meu tempo de infância costumava passar horas à frente da televisão assistindo a desenhos animados. Hoje em dia a tela acompanha as refeições, o banheiro, a sala, etc. E os estímulos continuam. Aos 6 anos minha filha já entende da história dos dinossauros; sabe dos animais da África e da Ásia, uma autista que tem hiperfoco em animais. Aos 6 anos eu brincava de pira-esconde, pira-pega e passava o dia com meus brinquedos; via televisão, mas somente durante um turno do dia.
Já me fiz essa pergunta antes, mas pergunto novamente: Com tanto estímulo, como ficará a atenção dessas crianças no futuro?