(Foto Ilustrativa)
A humanidade não tem progredido moralmente na mesma velocidade de sua evolução tecnológica
O filme “Oppheimer” (2023), dirigido por Christopher Nolan, arrebatou audiências no mundo inteiro e ganhou 13 Oscar na premiação de 2024, incluindo melhor filme e melhor diretor. Conta a história do cientista homônimo ao filme que empreendeu o projeto de construção da bomba atômica que viria a ser disparada em Hiroshima e Nagasaki, Japão, em plena Segunda Guerra Mundial, em 1945, pelos Estados Unidos. O filme narra, além do empreendimento material, emocional, todo o processo científico envolvido na feitura da bomba, desde os primeiros descobrimentos da Teoria da Relatividade de Einstein, passando pelas descobertas dos alemães até que Oppenheimer levasse todo esse arcabouço técnico e teórico para os EUA e, enfim, fossem utilizados para fins bélicos.
O filme demorou a ser veiculado no Japão por motivos óbvios. Durante a história, o diretor incluiu as manifestações contrárias à criação da bomba por cientistas e ativistas da Sociedade Civil preocupados com os perigos da proliferação de armas de destruição em massa. Tal poder de destruição jamais foi criado pelo homem, e só foi possível pela Ciência.
Na aurora do século XVIII, em pleno Iluminismo, século das luzes, acreditava-se que a Ciência e o conhecimento científico iriam salvar a humanidade das trevas da crença cega e conduzir a humanidade a um estado de iluminação e plenitude racional. Com o passar do tempo, principalmente a partir do século XX com as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, crises políticas e sociais, a fé do homem no poder da Ciência e da razão diminuiu consideravelmente.
Por outro lado, temos índices como o aumento da expectativa de vida. A cura de várias epidemias, recentemente, a do corona vírus (Covid-19). A erradicação de várias doenças. Temos uma agência bancária sem sair de casa; fazemos compras sem sair de casa; trabalhamos… Em casa. São inegáveis, da mesma forma, os benefícios que o avanço técnico científico proporcionou.
Qual é então a conclusão desses argumentos? É que a Ciência é uma criação humana, é neutra. Não está acima nem abaixo de qualquer outra de suas criações; pode servir para o bem ou para o mal, conforme a índole de quem a pratica. O que parece, isso sim, é que a humanidade não tem progredido moralmente na mesma velocidade de sua evolução tecnológica, o que pode nos levar a um colapso social e ambiental. Tal fato, aliás, já está se projetando.