(Foto Ilustrativa)
Pena: Só chamam as pessoas que podem ter
um salário muito baixo, abaixo dos R$ 1,5 mil
Foram mais de 13 anos longe de uma redação. Meu início triunfal foi na falida Bloch Editores. Eu era redatora da revista “Desfile”. Freela. Na extinta TV Manchete, fui até tradutora da atriz pornô Cicciolina, uma figura, quando ela veio participar da novela “Xica da Silva”. E depois passei pela maior escola da minha vida, o jornal “O Povo”, onde eu era repórter e ia para a Baixada Fluminense e para os morros do Rio, em 1999, para cobrir crimes bárbaros e apurar apreensão de drogas e armas.
Porém, nunca deixei de escrever ao longo desses longos anos. Pois parece que eu ganhei esse dom de presente dos céus, embrulhado num laço cor de rosa. É como se eu recebesse os textos já prontos. Eu sempre encarno que psicografo. Ao escrever, eu consigo falar sobre qualquer coisa e me expressar para tentar chegar à alma de uma pessoa. Coisa que tenho dificuldade com a fala. Pois sempre coloco uma ironia, dado ao meu temperamento debochado.
E, na minha volta a uma redação, após cerca de dois meses numa busca por um emprego que, não só pagasse minhas contas, mas me desse um sentido de vida, fiz trabalho voluntário no Médicos sem Fronteiras, de julho a setembro. E foi a realização de um grande sonho de 13 anos também. Acho que eu queria mesmo era ter sido médica. Porém, nunca fui muito chegada a estudar.
Tradição e boa informação
Consegui entrar num jornal de economia e finanças que está completando 100 anos de vida, em novembro, o “Monitor Mercantil”. Tradição e boa informação. E eu terei o prazer de participar da realização da sua celebração e do Caderno Especial do Centenário, que contará a história do Brasil, ao longo desse período entre 1912 e 2012.
E como foi difícil esse pseudo retorno ao jornalismo. Cheguei a perder as esperanças. Passei por cada situação nessa busca por um trabalho. Rolou de tudo. Quase fui chamada de irresponsável, recebi ofertas de salário vergonhosas. E cantadas. Dá um livro. O mercado de trabalho no Rio de Janeiro para quem já passou dos 40 e não é um gênio na sua área de atuação é um pouco ingrato. Dizem que o desemprego caiu. E que há falta de mão de obra técnica qualificada. É o que está escrito nos jornais diariamente.
Todavia. Não foi essa a realidade com a qual me deparei ao longo de cerca de quatro meses sem um trabalho fixo e realizando vários jobs, muito interessantes, diga-se de passagem. Se eu pudesse me dar ao luxo de viver somente de bicos. Todavia. Contas mensais a pagar não combinam com incertezas na conta bancária.
Sites de busca de emprego
A meu ver, esses sites de busca de emprego, por exemplo, só chamam as pessoas recém saídas das universidades e que podem ter um salário muito baixo, abaixo dos R$ 1,5 mil. Sei que se trata um valor relativo. É muito mais que o salário mínimo brasileiro. País de enormes desigualdades. Para a grande maioria, é uma fortuna.
Outro detalhe. Esses jovens adultos que estão deixando a faculdade, chegam para brigar. Eles podem não ter ainda maturidade. Mas são rápidos, porém superficiais, e entendem tudo de informática, já que aprenderam essa linguagem tecnológica no bercinho. Eles nunca viram na vida uma máquina de escrever ou um telefone de disco. Só em museus e brechós.
Geração “nem nem”
Enquanto isso, há também a geração “nem nem”, jovens, entre 18 e 25 anos, que estão fora da educação formal e do mercado de trabalho. Os que não têm nem emprego e nem estudam. E nem vão buscar um trabalho. Pois, por não terem estudado nem terem nenhuma experiência, não possuem qualificação para conseguir um lugar ao sol no cruel mercado de trabalho. A vida como ela é.
O que vai acontecer daqui para frente? Nem eu nem os “nem nem” sabemos. Se eu voltarei a escrever num jornal? Tomara! Enfim, quem viver verá. E eu contarei muito em breve.