(Fotos: Divulgação)
Mandrake é o apelido de Paulo Mendes, muito bem interpretado por
um dos melhores atores brasileiros da atualidade: Marcos Palmeira
"Mandrake" é mais uma série brasileira com produção da HBO Latin America. Na verdade foi a primeira aposta da HBO aqui no Brasil. Lançada em outubro de 2005, a série trouxe o universo de um personagem de Rubem Fonseca para a telinha. Essa não foi a primeira obra do escritor brasileiro que fez sucesso na TV ou no cinema; em 1991, o diretor Walter Salles adaptou um dos livros que originou a série da HBO: "A grande arte". Dizem que esse foi um dos filmes mais caros da história do cinema nacional e teve a participação de atores brasileiros e estrangeiros. O protagonista Mandrake, foi interpretado pelo ator americano Peter Coyote.
Já em 1993 seu livro "Agosto" foi adaptado e transformado em minissérie para a TV, tendo como protagonistas Vera Fischer e José Mayer. Com 16 capítulos, a minissérie mostra os acontecimentos que rondaram o suicídio de Getúlio Vargas. Num clima bem noir, personagens que marcaram a história do Brasil na época do ditador se cruzam com personagens fictícios, numa trama muito bem conduzida. Recomendo, com certeza, se você ainda não assistiu. Aliás, em termos de minisséries, dificilmente a TV Globo erra a mão.
Filho do autor dos livros está na equipe
Mas o nosso papo é "Mandrake". Então vamos ao que interessa: É uma série escrita por José Henrique Fonseca, Tony Belloto e Felipe Braga, baseada nos livros: "Mandrake - A Bíblia e a bengala" e o já citado "A grande arte". José Henrique Fonseca não é só um nome de destaque como diretor e cineasta, mas também é filho do autor dos livros, Rubem Fonseca. Acho que isso deve ter ajudado um pouco no processo da ideia, além de ser também um dos donos da Conspiração Filmes, que é coprodutora da série juntamente com a HBO. Felipe Braga é diretor e roteirista. Inclusive, assina também a série brasileira "Latitudes", feita para a TV, internet e cinema, exibida pelo TNT. E Tony Belloto, músico (Titãs e escritor), dispensa comentários.
Com esse time e partindo do talento do próprio autor dos livros, só poderia culminar em sucesso essa adaptação, que em sua primeira temporada teve oito episódios, na segunda teve cinco e na terceira dois, apenas. Um detalhe chato é a distância de exibição e continuação. Para se ter uma ideia: a série, que estreou em 2005, só teve sua segunda temporada em 2007 e a terceira em 2012, no formato de telefilme com a produção da Goritzia Filmes. Mas, detalhes chatos à parte, o produto apresentado é muito bom. Eu diria que deveriam investir mais nessa série, afinal, sabemos que a HBO produz a maioria das melhores séries de televisão, não só nos EUA.
Bancando o detetive particular
Deveriam investir mais nessa série, afinal, a HBO produz a
maioria das melhores séries de televisão, não só nos EUA
Mandrake é o apelido de Paulo Mendes, muito bem interpretado por um dos melhores atores brasileiros da atualidade: Marcos Palmeira. Marcos deu uma identidade fantástica ao personagem, advogado do Rio de Janeiro, especializado em resolver casos considerados complicados, envolvendo chantagens, assassinatos e outros bichos mais. Mulherengo, malandro, embora seja advogado, gosta mesmo é de bancar o detetive particular e geralmente se sai bem. É uma figura divertida e interessante. No elenco temos ainda Leon Wexler (Luís Carlos Miele). Leon foi sócio do pai de Mandrake e atualmente é sócio dele. Mais velho, além de sócio e amigo, também tem seu lado paizão adotivo do protagonista. Está sempre disposto a ajudar Mandrake em suas enrascadas; Raul (Marcelo Serrado) é amigo de infância de Mandrake, estudaram juntos e ele hoje ele é investigador da polícia. Ajuda Mandrake na solução dos casos. É bem divertido e faz o tipo "troglodita do bem" nas situações; Bebel (Erika Mader) é a amante de Mandrake e Berta Bronstein (Maria Luísa Mendonça) é a namorada oficial que sempre fica com pulgas atrás da orelha e desconfia das traições e mentiras do malandrão.
Essas são as principais figuras que compõem o cenário meio turvo do nosso "mocinho", que se envolve com os renegados da sociedade e com os figurões da alta, em ritmo quase de cinema. A narrativa de Mandrake tem nuances de desilusão e deboche, e dá o sentido factual que as histórias apresentam. Não gosto muito de narração, mas nesse caso está perfeitamente encaixada. Sacanagem, humor e trama policial num Rio de Janeiro meio sórdido e ao mesmo tempo sedutor são os principais ingredientes dessa série brasileira que está na minha lista de super recomendadas. Foi indicada ao Emmy Internacional de melhor série drama em 2006 e 2008. Marcos Palmeira foi indicado em 2013 ao prêmio Emmy Internacional de melhor ator.