(Foto Ilustrativa)
Há problemas menores ou quase inexistentes,
diante de tanta gente que luta pra sobreviver
- Anda, anda... Dá logo!
Suplica a senhora diabética recém-operada ao marido.
Era um bombom, isso mesmo! Um doce que o
marido escondera no bolso pra entregar à esposa.
A amiga do lado denuncia:
- Ei, não pode não!!! O senhor quer ajudar ela? Então não faça isso!
Ele olha a esposa, desoladamente. E guarda o bombom dentro do bolso.
A esposa o olha, desapontadamente por ele não ter lhe atendido.
- A comida daqui é horrível! Eu não aguento mais batata, sopa de batata, purê de batata... Resmunga a senhora.
- Ah, é horrível mesmo! (concorda a amiga do lado que completa) Saudades da minha comida!
- Xisss!!! (e posam pra foto com a menina de problemas renais, repleta de sonda pra todos os lados da maca em frente, que diz rindo da própria situação em que se encontra ao analisar a foto) Tô parecendo uma bola, olha!
É a rotina de um hospital em um quarto feminino de clínica cirúrgica.
Um tempo que teima em passar num lugar em que as horas parecem também andar anestesiadas.
E assim analiso a vida e percebo que tenho problemas menores ou quase inexistentes, diante de tanta gente que luta pra sobreviver.
(E espero, pacientemente, acompanhando a recuperação da minha mãe que está internada com infecção na perna).