Publicada: 03/02/2017 (10:38:17) . Atualizada: 11/02/2017 (10:30:10)
(Fotos: Divulgação)
Idealizado em novembro de 2010, projeto leva mensagem de esperança além das doações
O latim "orare" tinha o sentido de pronunciar uma fórmula ritual, uma súplica, um discurso, pedir, rogar, pleitear, advogar. Atravessando o tempo, encontro uma interpretação viva dessa palavra, sem influências institucionais, e passo a acompanhar bem de perto o trabalho do Projeto Orar em Ação. Encontro-me diante de um grupo de jovens que conduzem um bem sucedido envolvimento com as causas sociais, totalmente isentos dos vícios da vaidade e egolatria (tão presentes no modismo das rasas iniciativas de auxílio e integração na vida do semelhante).
Movida por uma curiosidade em saber quem era a mentora desse projeto que agrega um comprometimento exemplar na execução das diversas ações que eles realizam, em 2015 conheço pessoalmente Isabela Britto. É claro que fiquei encantada com tanta força e determinação no olhar de uma jovem que havia chegado aos seus 21 anos com esta maturidade natural de uma consciência de mundo e que imediatamente ganhou minha confiança e admiração plena.
É com muita certeza que este ano, durante o Prêmio OLHO VIVO (em 17 de fevereiro, às 20h, no Centro de Convenções do Aldeia das Águas Park Resort), entrego o título Personalidade Destaque para esse incrível grupo que transforma a vida de muitos que os encontram pela vida afora.
Um olhar um pouco mais além da superfície
“Princípio norteador da união é o respeito, apesar das diferenças, sejam religiosas ou pessoais”
Quem é Isabela Britto?
Sou filha de pais que me ensinaram a respeitar ao próximo e amá-lo por um princípio bíblico. Cresci indo em bairros carentes com eles, por fazerem parte e um movimento da Igreja Católica chamado Vicentinos desde que se casaram. Visitávamos famílias que viviam em bairros próximos ao nosso e com realidades totalmente diferentes das que eu vivia. Aprendi a valorizar tudo que tenho e olhar para a necessidade do outro.
Com tudo isso, tornei-me alguém que busca sempre ter um olhar um pouco mais além da superfície, gosto de tentar entender as pessoas e sempre fui assim, desde nova dizia que queria fazer psicologia, mas acabei fazendo o curso de administração pública, por acreditar que poderia ajudar mais o outro. Acabei de me formar, sou uma administradora pública aos meus 23 anos e buscarei atuar em áreas que gerem impacto social.
De onde surgiu a idéia do projeto?
Surgiu de um coração que almejava ser agente de mudança. Eu havia participado de um workshop chamado Consciências Unidas, que tinha a intenção de fomentar o protagonismo juvenil e elaborar projetos sociais para o município. Porém, após esse evento as pessoas não se reencontraram para executar as ideias, mas eu continuava inquieta querendo fazer algo social e reuni uns amigos no feriado de Finados do ano de 2010. Foi quando o Projeto Orar em Ação foi idealizado.
O que verdadeiramente os une?
Acredito que o que une o grupo é o sentimento de querer fazer o bem sem olhar a quem. O princípio norteador da união é o respeito, apesar das diferenças, sejam elas religiosas ou pessoais.
Nestes seis anos de atuação eu não poderia imaginar que ganharia a proporção que tomou e tudo está me surpreendendo positivamente pela credibilidade e dimensão.
Os trabalhos desenvolvidos. Quais são eles?
Como o projeto foi idealizado em novembro de 2010 e o próximo mês seria o Natal, resolvemos fazer uma ação que pudesse levar o verdadeiro sentido da data além das doações de cestas natalinas e brinquedos às famílias menos abastardas. E foi uma experiência maravilhosa! Percebemos que podíamos ser sinal de esperança na vida das pessoas e resolvemos continuar as ações em todas as outras datas comemorativas do ano, sempre levando uma mensagem além das doações.
No ano de 2015, com o grupo maior, resolvemos assumir o compromisso de estarmos de forma contínua atuando em uma comunidade de alta vulnerabilidade social, um assentamento no município de Barra Mansa. Onde ouvimos que eles precisam de presença e não só de presentes. Realizamos, a partir da escuta, oficinas (música, dança, desenho, futebol e roda de leitura) de acordo com o interesse das crianças e também acompanhamos a comunidade em um processo de regularização da propriedade habitacional um grupo se fez presente junto a comunidade em reuniões com prefeito, secretário de Habitação, deputado federal, a fim de mostrar que a comunidade não estava sozinha na luta por direitos sociais que deveriam ser garantidos constitucionalmente.
Atualmente estamos realizando oficinas socioculturais temáticas (roda de leitura, desenhos) em um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, em Volta Redonda, fazendo acompanhamento de algumas famílias com auxílio de cestas básicas e atenção específica, como por exemplo, correr atrás de exames e cirurgia de uma criança que tem o intestino para fora.
Procuramos sempre nos dividir em duas equipes: Cultural e Social, para realizar as atividades nas comunidades. Um fica por conta da recreação com as crianças e o outro por conta das visitas domiciliares para entender a demanda e necessidade que estão passando.
Também atuamos nos dois hospitais públicos da Cidade (HSJB e HMMR-Retiro) de Volta Redonda quinzenalmente, fantasiados, a fim de amenizar a dor de um enfermo, levando uma força positiva.
Você acha que vai mudar o mundo ao suavizar a realidade de quem encontra pelo caminho?
Eu me sinto satisfeita em acreditar que estou amenizando um pouco a dureza do mundo na vida de alguém e que isso já se torna significativo. Não tenho ambição de mudar o mundo inteiro, mas tenho disposição de mudar o que estiver ao meu redor para fazer minha vida valer a pena e ter mais sentido.