Publicada: 13/03/2017 (17:14:18) . Atualizada: 24/03/2017 (13:10:53)
(Foto: Divulgação)
Claire Foy dá à rainha Elisabeth uma intepretação marcada por olhares e gestos impactantes
Ultimamente a Netflix está mais do que comentada aqui na coluna e não só. Está em todos os sites, blogs e afins que se dedicam às séries de sucesso. O motivo: algumas das mais assistidas e premiadas neste início de 2017 são produções da empresa de streaming, que não se cansa de lançar séries e mais séries em seu catálogo, investindo cada vez mais em produções originais. Já falei aqui de “Stranger Things” e agora o destaque é “The Crown”. Eu amo produções de época que remontam a personagens e fatos reais. E “The Crown” nos traz uma personagem que é no mínimo um mito enigmático dos séculos 20 e 21, afinal, a rainha da Inglaterra está próxima de completar 91 anos de idade em 21 de abril e já comemorou seu Jubileu de Safira em seis de fevereiro deste ano, quando completou 65 anos no trono inglês. Aliás, Elisabeth II é a primeira monarca britânica a celebrar um Jubileu de Safira.
Como já vimos na primeira temporada de “The Crown”, a soberana chegou à chefia do Estado Britânico quando tinha apenas 25 anos, em 6 de fevereiro de 1952. Elisabeth substituiu seu pai, o rei George VI, que morreu aos 56 anos. Ela já era casada com o príncipe Filipe, desde 1947. Ele também tem seus recordes, Filipe é o consorte mais velho e de maior reinado na história da monarquia britânica, e aos 95 anos é o homem mais velho da história da família real. Filipe e Elisabeth completam em novembro deste ano 69 anos de casados.
Os altos e baixos da posição do poder
Na série vê-se um casal (Claire Foy e Matt Smith) que tenta sobreviver, principalmente pelo esforço e dedicação dela, aos altos e baixos que a posição e o poder de Elisabeth impõem a ele, numa sociedade mais do nunca machista. Fica bem claro que não foi nada fácil para ambos, principalmente nos primeiros anos de reinado. Filipe sentia-se inferior e sem poder de decisão. Ainda na primeira temporada fica no ar um clima de infidelidade e vida de playboy por parte do príncipe. O documentário "Inside Buckingham Palace", exibido ano passado pelo Channel 5 da Inglaterra, mostra um príncipe alcoólatra e mulherengo. De acordo com declarações de ex-assessores do Palácio de Buckingham e historiadores, Filipe sempre gostou de festas com muitas mulheres e bebida, quase na mesma medida. Será que em “The Crown” teremos algo do tipo?
Um espetáculo à parte nos dez episódios da primeira temporada fica por conta do veterano John Lithgow. O ator americano interpreta com total domínio o controverso Winston Churchill, que foi um dos mais admirados políticos do século XX. Sua performance é admirável e a relação dele com Elisabeth II é mostrada numa dinâmica que traz momentos de uma interação profunda em cena. A primeira temporada é centrada nessa relação, onde se mede forças com uma sutileza estudada, ponderada dos dois lados, numa tensão crescente. É uma queda de braço simbólica. John e Claire estão magníficos.
Custo de cem milhões de libras
“The Crown”, criada por Peter Morgan (“A Rainha”) e Stephen Daldry (“As Horas”), teve o custo de cem milhões de libras. Uns dizem que o gasto todo foi para a primeira temporada. Outros dizem que todo esse dinheiro foi destinado para as duas primeiras temporadas. A verdade é que a produção é grandiosa sob todos os aspectos, com um elenco irrepreensível, cenários e figurino impecáveis e belíssimos. As roupas foram criadas por Michele Clapton, vencedora de três Emmys por “Game of Thrones”. Preciso dizer mais alguma coisa?
Falando em prêmios, o início de 2017 foi mais do que positivo para “The Crown”. Claire Foy, que dá a rainha Elisabeth uma intepretação marcada por olhares e gestos tremendamente impactantes mas com uma intensidade singular e comedida, tem sido agraciada e aplaudida por sua atuação. Depois de ganhar Globo de Ouro de melhor atriz, Claire também levou para casa seu Actor da mesma categoria, no SAG Awards 2017. Além dela, ainda no SAG, o prêmio de melhor ator também ficou com a mesma produção, dando a John Lithgow o reconhecimento devido por sua performance como o Winston Churchill. O que dizer de “The Crown”? É primorosa em todos os pontos. Simplesmente adorei. Além disso, é uma aula de história altamente requintada, para quem gosta do tema. E de uma coisa não há dúvida: a família real britânica desperta a curiosidade de quase todo o mundo, com suas figuras emblemáticas e principalmente seus escândalos.
Baseada na peça teatral “The Audience”
A série é baseada na premiada peça teatral “The Audience”, também de Peter Morgan. O sucesso da peça fez com que a Netflix se encorajasse a produzir seu primeiro conteúdo original britânico. Já na primeira temporada tivemos as intrigas palacianas e pessoais na família real, disputas e rivalidades políticas e o apimentado e proibido romance da princesa Margareth (Vanessa Kirby) com o capitão Peter Towsend (Bem Miles). Na segunda temporada, de acordo com Morgan, teremos a infância do príncipe Charles em destaque, como também vamos mais fundo na história de seu pai, Filipe. Para aqueles que querem saber se a princesa Diana terá seu lugar em “The Crown”, Peter Morgan adiantou que será a partir do final da terceira temporada.
Quando estreou, a audiência não foi nada satisfatória, principalmente nos EUA, onde a série ficou com o segundo lugar de pior estreia do ano da Netflix. Já na Inglaterra agradou aos temidos críticos e ao público britânicos. A previsão é de que “The Crown” tenha seis temporadas que mostrem cada década do reinado de Elisabeth II. Sobretudo o que veremos é a luta incansável pela manutenção da tradição e instituição, sempre ameaçadas pela modernidade, além da desmedida luta pelo poder. Não poderia ser diferente.
Até a próxima!
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