Publicada: 07/06/2017 (20:10:43) . Atualizada: 23/06/2017 (00:56:23)
(Foto: Divulgação)
Vadeco (Falabella) e Durval (Caruso) são pilotos; Durval, viúvo, vive com uma boneca inflável
Esta semana o destaque da coluna é a nova série brasileira de Miguel Falabella, “Brasil a bordo”. Vez ou outra recebo e-mails reclamando que não comento séries brasileiras. Infelizmente são pouquíssimas que merecem atenção. Acompanho os lançamentos e fico na expectativa de me deparar com uma produção de alto nível. Mas isso raramente acontece. E quando acontece, fico muito esperançosa de que a TV brasileira passe a produzir séries de qualidade, sem dever às americanas, principalmente. Afinal, a maioria que é exibida aqui no Brasil é de conteúdo americano. As expectativas foram frustradas com “SuperMax”, que nadou e morreu na praia; e o que vem sendo exibido e divulgado como série tem essência novelesca. Algumas são muito boas, como as recentes “Nada será como antes” e “Justiça”, onde Adriana Esteves brilhou como ninguém. Sem esquecer de “Os normais” e “A grande família”. Todas da Globo? Sim. Mas destaco também uma série da Record de 2012, “Fora de controle”. Um drama policial excelente com uma performance impecável de Milhem Cortaz. A série teve apenas quatro episódios. Outra que destaco é “9mm: São Paulo”, também drama policial, produzida pela Fox em 2008. Essas poderiam servir como exemplos para que se tenha algo realmente de conteúdo satisfatório.
Mas vamos falar de “Brasil a bordo”. Sou fã de Miguel Falabella e seu humor recheado de extravagâncias e excentricidades. Ele se supera desde o texto aos personagens, que se tornam marcantes e nos fazem rir de situações absurdas ou cotidianas. Depois de “Pé na cova”, que deixou saudades, ele volta em grande estilo, com uma comédia deliciosa que tem tudo para se tornar um grande sucesso. A comédia se faz presente a todo momento, nos mínimos detalhes. E fazer rir não é fácil. Mas ele sabe a fórmula e desta vez vem mais afinado e aprimorado, com ares de sitcom americana, ousando na criação, mas com a marca brasileira bem evidente.
O cenário é dos mais inusitados
Temos a Piorá Linhas Aéreas que tem o slogan: “Prefere ir de ônibus”? E fica bem óbvio que se o passageiro fizer uma inspeção no único avião que eles tem vai preferir ir a pé. Além do avião sucata, a família que trabalha unida, tentando evitar a falência da Piorá, vive numa mansão que mais parece um canteiro de obras abandonado, caindo aos pedaços.
A estreia na Globo estava prevista para o início de 2017, mas foi adiada após o acidente com avião da Chapecoense. Mas a Globo decidiu inovar e disponibilizou todos os episódios da primeira temporada para os assinantes da Globo Play, plataforma digital que exibe o conteúdo da TV como noticiários, novelas, séries etc. Alguns com atraso de horas, outros com antecedência. A série estreia na TV aberta só em 2018.
Em “Brasil a bordo” temos em cena as figuras hilárias de Berna (Arlete Salles), uma coroa que vive fazendo plásticas ou “procedimentos”, como ela diz. Berna é casada com Gonçalo (Luis Gustavo) e juntos tentam tomar o controle da empresa. Ao lado deles estão os cunhados Vadeco (Miguel Falabella) e Durval (Marcos Caruso), que são pilotos. Durval é um viúvo que vive com uma boneca inflável. Marcos Caruso dá um show. Seu personagem é dos melhores, do time afinado de “Brasil a bordo”. O personagem Durval seria de Ney Latorraca, que chegou a gravar várias cenas, mas pediu para deixar o elenco, alegando cansaço. Além deles, temos mais figuras caricatas, bem próximas da realidade. Eu diria até demais. Acho que está aí a chave do sucesso. O casal gay Decenove (Frank Borges) e Camilinho (Rafael Candedo) pra lá de afetado e bem resolvido e o cantor sem talento Johnny Beautiful (Magno Bandardarz), casado com Caravelle (Maria Eduarda de Carvalho) que incentiva seu fracasso, faz com que você pense se já não encontrou algo parecido pela noite ou numa social com amigos. Não tem um personagem solto. Todos são engraçados e têm seu espaço em cada episódio.
Os melhores momentos são no ar
As aeromoças são ótimas e as situações vividas por passageiros e tripulantes são as mais estapafúrdias da paróquia. Shaniqwa (Mary Sheila de Paula), Almira (Stella Miranda) e São José (Maria Vieira) formam um trio bizarro e hilário. A portuguesa Maria Vieira é um dos toques de Falabella no elenco que faz a diferença. Maria é uma atriz veterana que entende de comédia. Um de seus sucessos mais recentes foi “A grande revista à portuguesa”. Um espetáculo de música e humor, que ficou em cartaz em Lisboa em 2014, no famoso teatro Politeama, em comemoração de seus 100 anos.
E para fechar não poderia deixar de mencionar a herança de “Pé na cova”, para o elenco de “Brasil a bordo”; a personagem Bá (Niana Machado) ressurge das cinzas, entre os passageiros do avião, para ouvir de Vadeco (Falabella) que é “uma figura do passado” e soltar seu famoso bordão: Piranhaaaaaa! E Bá veio para ficar. Niana é uma das descobertas de Falabella, a quem ele sempre dá oportunidades. Se você é assinante da Globo Play, não perca tempo. Confira a melhor série de comédia dos últimos tempos na TV brasileira. Até a próxima!
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