Publicidade

RH

A Música (Ainda) Une as Pessoas

Os dinossauros dominaram a Cidade do Rock

Aerosmith, Guns N´Roses, Bon Jovi e The Who destacam-se no Rock in Rio; bandas brasileiras não mostraram a que vieram

Colunistas  –  24/09/2017 18:45

1

_______________________________________________________

Sem Lady Gaga, decepcionando milhares de fãs, os destaques do Rock in Rio ficaram por conta dos dinossauros: Aerosmith, cinco décadas na estrada; Guns N´Roses e Bon Jovi, ambos com mais de 30 anos de carreira. The Who, outro da trupe dos coroas, veio pela primeira vez ao festival e ao Brasil, mesmo com cinco décadas de carreira. Das grandes atrações internacionais, a banda debutante foi a única que solicitou bebidas alcoólicas nos camarins.

_______________________________________________________

As bandas brasileiras não mostraram a que vieram. Apresentaram-se com o mesmo ânimo como se estivessem numa feira agropecuária no interior. Faltou um “Q” a mais como aconteceu com Cazuza (no festival de 1985), Cassia Eller e Capital Inicial (em 2001). Uma pena. 

Sonho seria termos atrações como U2, Rolling Stone e Madonna no mesmo festival. É uma missão quase impossível para a família Medinna, dona do Rock In Rio. Motivo: o cachê desses astros é alto demais e uma mega produção para o festival, o que inviabiliza comercialmente o Rock in Rio. 

Steven do Aerosmith, carioca da gema 

Não há expert em marketing que mantenha um produto ruim por muito tempo no mercado. Aos 69 anos e 48 de carreira, o vocalista Steven Tyler da banda americana Aerosmith tem fôlego e arrebentou na Zona Sul do Rio. Cantou com artistas de rua, andou de bike na orla, passeou no shopping, trocou uma ideia com ambulantes como um carioca da gema. E deu um grande dane-se à equipe de seguranças que o acompanhava. 

O cantor do Aerosmith é humilde. Valoriza os pequenos atos ante às multidões idólatras. Mesmo sem conhecê-lo muito como artista, menos ainda pessoalmente, e, na minha audácia, avalio o comportamento dele: parou de beber e de usar drogas há três décadas. E alguns anos sem o vício de remédios. 

O vocalista americano admitiu e aceitou que era um dependente químico; procurou ajuda, internando-se numa clínica de reabilitação; e mantém um contato consciente com Deus, independente da religião. Os três primeiros passos da sua vitória diária, ainda conforme a minha pretensiosa avaliação. 

Steven Tylor é um Zeca Pagodinho mundial. Claro, sem o álcool. O americano encanta e canta as suas histórias de vida, impactantes e atemporais. 

O amor da canção de Bon Jovi silencia as rajadas de fuzil 

A boa música transcende o tempo e vence a violência. A geração Bon Jovi, americano de New Jersey, é filha do Vietnã e os cariocas de hoje são órfãs da paz. Enquanto guitarras dos coroas começavam a gritar no Rock in Rio, meninos do Exército ouviam rajadas de metralhadora na Rocinha, o berço cultural de muito artistas. 

_______________________________________________________

O roteiro da realidade do Rio encaixaria em uma canção de protesto. A música, no entanto, sempre vence. O encontro da melodia, dos versos e dos acordes prevalece diante o som desafinado dos fuzis. 

_______________________________________________________

Antes do show de ontem, a última vez em que ouvi o grisalho Bon Jovi foi num vídeo no YouTube no qual o astro admirava uma banda de casamento cantando os versos da música da “Livin´ On a Prayer”(vivem em oração, tradução livre), o clássico de 1986. 

Encantado e quebrando o protocolo da cerimônia matrimonial, o cantor americano não titubeou em tomar o microfone da vocalista e dar um presente aos recém-casados: uma canja ao vivo. 

A letra do clássico do astro conta a história simples do casal Tommy e Gina, de uma cidade operária. Batalhadores, honestos e sonhadores, venciam as dificuldades com união, orações e súplicas, a mesma realidade de família da maior favela do país. 

À medida que o som da guitarra propagava, numa maneira mágica, a violência ia cessando no morro da Zona Sul, como uma ordem Divina: “faça amor, não faça guerra”. E o coral da Cidade do Rock cantava, em inglês, vivem em oração. 

A era de rosa do Guns N´Roses 

Já se passaram 26 anos da primeira apresentação de Guns N´Roses no Rock in Rio. Foram brigas com fãs, repórteres e traição entre os próprios componentes da banda americana. Axl Rose, dono da banda, tinha 29 anos. 

Dez anos depois, em 2001, lendas foram criadas na sua segunda passagem pelo festival. Vinte e uma garrafas de tequila e vodka foram consumidas na piscina do Copacabana Palace. Verdade ou não, Axl Rose aparece no palco inchado e com voz diferente daquele jovem de 29 anos na edição anterior. Em 2013 ele só marcou presença no festival. 

Neste ano, com 55 anos, parece que o líder da banda está mais comportado. A lista de exigência do seu camarim não possuía nenhuma bebida alcoólica. Que evolução. Foram mais três horas de show e uma redenção do Axl com o público do Rock N´Rio. Fôlego ele teve, mas qualidade de voz nem tanto.

_______________________________________________________

Por André Aquino  –  aquino.andre@hotmail.com

Seja o primeiro a comentar

×

×

×