(Foto Ilustrativa)
Por causa dos vários “Brasis” existentes dentro
do nosso Brasil, os direitos individuais estão ainda
muito longe de onde deveriam estar
No mundo do capital, quem governa é a irracionalidade. É uma história sem fim que caminha para um único fim: o fim da humanidade. Nossa água está por um triz. A qualquer momento, pode ser aberta a temporada da falta dela no mundo. São vários os problemas, e, entre eles, ganância e poder.
Nossos rios sofrem inúmeras agressões, seja com a preguiça, conivência e irresponsabilidade do cidadão comum que entope os seus leitos com resíduos de toda categoria e com esgotos irregulares, seja com os desvios de seus cursos através de transposições, feitas em nome das pessoas, mas que não são para as pessoas. Assim como a venda da Cedae, feita em nome da recuperação financeira da Capital e de algumas cidades do Rio de Janeiro, também não está sendo feita para as pessoas, pois, a água é um direito universal, ninguém pode deter o poder sobre ela.
Houve um tempo em que os rios e córregos pelo país afora eram tampados, seguindo uma estratégia de engenharia, para que retivesse os efeitos das cheias e desse lugar à agricultura e/ou vias de circulação de veículos ou ainda a empreendimentos imobiliários, o que, claro, teve consequências futuras, as quais estamos hoje vivenciando. Em razão dessas consequências, alguns países pioneiros nessa técnica estão retrocedendo esse tipo de obra à forma originária, pois as consequências com as cheias são menores. Porém, o que ainda são agravantes, tendo por consequência as enchentes e, com elas, a proliferação de vetores e doenças, é a falta de uma manutenção periódica por parte dos governos municipais e, principalmente, a falta de cuidado da população, que vê os rios e córregos como se fossem “estorvos”.
Devido a pouca importância dada a esse objeto que deveria, entre outras coisas, embelezar a cidade, ser uma área de lazer e integração com a natureza, o povo joga nele tudo quanto é tipo de lixo, e, depois de tudo feio, ninguém o quer às vistas. Querem concretar o “problema”, como se o concreto o fizesse desaparecer de vez da face da terra, e como se o dito “problema” não tivesse uma importância tão vital para nós.
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Nossos rios deixaram de ser rios para se tornarem fontes de riqueza que abastecem a ganância humana; são também certezas de recursos financeiros para alimentar grandes mineradoras, empresas e indústrias, por meio de pactos espúrios com empresários, governos e políticos corruptos.
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Em nome de um governo autocrático onde nenhum parâmetro jurídico os desvia de suas “inteligentes” saídas, eles seguem arrastando a humanidade para um “desenvolvimento” estrategicamente pensado e focado no único objetivo de favorecer a alguns; e nada os faz retroceder da sua insanidade. Parece que aqui estamos de favor, não nos cabendo o direito de defesa. Enganam-nos e nos expulsam de um meio ao qual, pela lei da natureza, por direito deveria nos pertencer também.
Por causa dos vários “Brasis” existentes dentro do nosso Brasil, os direitos individuais estão ainda muito longe de onde deveriam estar. A impotência nos abriga a nos acomodar, pois estamos em um país dividido entre duas classes: a que extorque e a que se deixa extorquir; e onde o modelo de justiça adotado é o modelo do abandono. Há duas situações distintas: um Estado que abandona a sociedade e uma sociedade que abandona a si mesma. O que nos deixa vulneráveis e em situação de rendição para o domínio de estrangeiros sobre nossos recursos, afinal, um Estado que não respeita a sociedade produz uma nação que não é respeitada por outras nações.
A questão é: levantemos a bandeira de luta em defesa do nosso bem maior - a água! Digamos “não” à transposição, “não” à canalização dos rios, e, principalmente, digamos “não” à privatização de nossa água, que vai acirrar conflitos pelo país. Um país onde pessoas que não têm nem o que comer agora correm o risco de não terem o que beber também. A água é Direito nosso. Vamos participar de debates, fóruns, ou seja lá o que for, vamos nos manifestar, para que nenhuma emenda constitucional que conceda a exploração da água à iniciativa privada seja aprovada. Não podemos deixar que mercantilizem nossos direitos universais. Não podemos nos esquecer de que, se a água é responsável pela nossa existência aqui na Terra, também pode propiciar o nosso desaparecimento, pois, quem dá, também tem o poder de tirar. Acorda povo, que o tempo não espera. E como disse Carlos Drummond de Andrade, Acordar é viver!