(Foto: Divulgação)
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Os Acadêmicos: Geraldo Carneiro e Carlos Nejar, Antônio Pedro e Jean Carlos Gomes
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A cada projeto realizado as conquistas e alegrias literárias são inúmeras, a mais recente foi a honrosa entrevista com o notável poeta Carlos Nejar, ocupante da cadeira 4 na ABL e que será o primeiro homenageado da PoeArt Editora em 2019 pelos seus 80 anos de vida e 30 na instituição. Aplaudamos Nejar e a poesia brasileira!
Luís Carlos Verzoni Nejar (ou simplesmente Carlos Nejar) é porto-alegrense, nascido a 11 de janeiro de 1939. Considerado um dos grandes poetas do Brasil, é também ficcionista, tradutor e crítico literário. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, pertence às Academias Brasileira de Letras e Brasileira de Filosofia. Seu livro de estreia é “Sélesis”, publicado em 1960. Entre as suas traduções destaca-se, por exemplo, a obra “Memorial de Ilha Negra”, do escritor chileno Pablo Neruda. É pai do também poeta Fabrício Carpinejar. Em 2017, teve o nome indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela Academia Brasileira de Letras, que é credenciada pela Academia Sueca (Svenska Akademien), em Estocolmo.
Confira a entrevista com Carlos Nejar
Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira?
A mídia, a comunicação é um precioso instrumento de ampliação do trabalho literário. Como uma pá ou arado. No entanto, continua a escrita como movimento vivo, a experiência da palavra, o sonho de inventar, sendo inventado. Sem isso toda a mídia se torna inútil. Guimarães Rosa dizia, com razão: escreve-se para a eternidade. Não apenas para ser consumido e consumir. O fogo queima e passa; o lapidado diamante do texto é que tem permanência.
A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?
Não, nunca interferiu, nem interferirá. Escrevo, parafraseando Fernando Pessoa, como maneira de estar com todos. Escrevo porque é preciso manter a lanterna da consciência acesa. E já previ num livro - “Somos poucos”. Buscamos os nossos contemporâneos, aonde estiverem. E eles nos reconhecerão.
O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?
Ajuda a viver, mantém-me desperto a mim e aos outros. Ao mudar a casa, mudamos o mundo. Mas basta saber que respiramos com o sopro do universo vivo.
Qual é a função da literatura na sociedade?
Ver, constatar, preservar a palavra e dar novo nome às coisas. Tudo quer identidade. Até o País e o povo, um rosto.
O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura? Fazendo além de uma justa homenagem, um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante...
Iniciativa feliz e ato de justiça. Não cabe apenas valorizar os pés e a voz. Não podemos existir sem a inteligência. Ou melhor, a cultura da inteligência do abismo.
A idade
(Carlos Najar)
Falou e disse um pássaro,
dois sóis, uma pequena estrela.
Falou para que calássemos
e disse amor, penúria, brevidade.
E disse disse disse
a idade da eternidade.