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Poeta é autor de mais de 50 livros no Brasil, especialmente de poesia; é também autor de peças de teatro
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O poeta Álvaro Alves de Faria foi distinguido com o Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima, pelo conjunto de sua obra. A premiação aconteceu na noite de 5 de dezembro, no Centro Alceu Amoroso Lima - o Tristão de Athayde -, da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. O poeta é autor de mais de 50 livros no Brasil, especialmente de poesia. É também autor de peças de teatro. Álvaro Alves de Faria se considera um militante da poesia, desde os tempos de “O Sermão do Viaduto”, nos anos 60, quando realizou nove recitais no Viaduto do Chá, em São Paulo, com microfone e quatro alto-falantes. Por esse motivo foi detido cinco vezes pelo Dops. O “Sermão do Viaduto” acabou proibido.
No fim dos anos 70, também foi proibido pela censura seu livro “4 cantos de pavor e alguns poemas desesperados”. Sua peça “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo”, que recebeu o Prêmio Anchieta para Teatro, na época um dos mais importantes do país, também foi proibida de encenação nos anos 80 e permaneceu censurada por oito anos. Em 1969, o poeta foi preso por 11 meses, como subversivo e por desenhar os cartazes do então Partido Socialista Brasileiro. Três anos depois, levou um tiro no ouvido e tem até hoje na cabeça a bala calibre 38, como herança da ditadura militar.
Ao longo do tempo, dedicou-se por 15 anos à poesia portuguesa. Tem 19 livros de poesia publicados em Portugal e sete na Espanha, além de participar de mais de 50 antologias de contos e poesia no Brasil e no exterior. O Prêmio Poesia e Liberdade é um dos mais importantes e significativos do Brasil no reconhecimento de uma obra poética que sempre foi testemunha de seu tempo, num ato de resistência. Antes do poeta Álvaro Alves de Faria, receberam o Prêmio os poetas João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Paulo Henrique Brito, Armando Freitas Filho, Marco Lucchesi, Antonio Cícero e Leonardo Fróes.
Por motivos de saúde, o notável poeta infelizmente não pôde comparecer. Tivemos a grande alegria e prazerosa missão de homenageá-lo no livro “Vozes de aço - Volume XVII”, de 2015, da PoeArt editora.
Na composição da mesa: Paulo Alceu Amoroso Lima (filho de Alceu); o professor Luiz Alberto G. Souza, que falou sobre a obra do poeta Carlos Felipe Moisés - Homenagem Post Mortem; a professora Maria Helena Arrochellas, diretora do Centro Alceu Amoroso Lima para Liberdade; Candido Mendes, acadêmico e emérito reitor da Universidade Candido Mendes, que presidiu a cerimônia; a poeta Denise Emmer, que representou o poeta Álvaro Alves de Faria; e o professor Alessandro Garcia da Silva, que representou a ensaísta e crítica Walnice Nogueira Galvão - Menção Honrosa.
Trecho do discurso do poeta Álvaro Alves de Faria
(lido por Denise Emmer)
O Prêmio Alceu Amoroso Lima Poesia e Liberdade terá na minha vida uma marca para sempre, pelo que ele representou, pelo que escreveu, a sua crença e sua fé. Sempre li Alceu Amoroso Lima, especialmente no que escrevia para os jornais. Nunca pensei encontrá-lo aqui com seu nome num prêmio que recebo pela generosidade de pessoas que ainda existem no mundo.
Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde, pensador, crítico literário. Homem de visão política tendo ao fundo o Brasil. Membro da Academia Brasileira de Letras, estudioso do Movimento Modernista de 22.
Sua palavra fez dele um símbolo na luta contra os que transgrediam as leis e os que utilizavam a censura para calar as bocas que queriam falar, esse silêncio imposto ao povo após o golpe de 64. Sempre denunciou a repressão com uma palavra certeira.
Recebo este prêmio com seu nome - Poesia e liberdade - o que me enobrece, o que me faz olhar e muitas vezes chorar por um povo que sempre diz sim, que não sabe dizer não.
Observando a triste paisagem brasileira de hoje, as palavras de Alceu Amoroso Lima estão mais vivas que nunca, vivas como um incêndio, como algo que nunca desaparecerá da cabeça dos que ainda conseguem pensar.
Estou profundamente agradecido e comovido também. E quero repartir este sentimento com todos os que me cercam, em nome da solidariedade, da generosidade, do encantamento. Em nome de amigos que perdi para sempre numa luta desesperada. Em nome de uma luta que foi traída. Em nome da poesia ainda possível de sentir na alma do homem, da mulher, da criança, dos bichos e das plantas. Em nome da vida.
Obrigado a todos.
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Homenagem a Denise Emmer
Aproveitamos o ensejo grandioso e entregamos as devidas homenagens à poeta/musicista Denise Emmer, nossa atual homenageada em livro, na obra “Vozes de aço - Volume XX” com 86 poetas de 16 estados/DF e Portugal. Tornou-se nossa maior antologia em número de participantes. Aplausos a todos que fazem e proclamam as artes!