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Autor versátil: "Vai do mitológico ao histórico; do fantástico ao de terror, do regional ao de aventuras"
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Vicente Melo
Veterano é aquele que enriquece suas histórias com os conteúdos das entrelinhas, tudo aquilo que transpira de sua riqueza equalidade, além das histórias contadas com palavras. Cada história é um selo de uma época com suas peculiaridades enriquecidas pela visão particular do autor. É assim com o escritor José Fleming e sua argúcia diante do mundo literário desde a mais tenra idade.
Ativo no universo literário de nossa região desde a década de 70, sua vocação começou a ser exercitada ainda criança, diante de histórias das muitas revistas infantis a que tinha acesso. As aventuras fantásticas sempre tiveram lugar privilegiado em suas buscas, a fascinação cresceu e o menino José Fleming começou desde cedo a criar suas próprias histórias. Das revistas passou para os livros e não parou mais. Sua história de vida não faria sentido sem os livros. Porém sua primeira publicação foi no jornalzinho “Nossa Folha” nº 18, de abril de 1942, com seu primeiro trabalho literário editado pela escola que estudava.
Natural de Conceição do Rio Verde, sul de Minas Gerais, nascido em 31 de janeiro de 1929, José Fleming vem com a família para Volta Redonda em 1945, passando a residir em Barra Mansa no ano de 1955. Em 1978 entra como sócio no Grêmio Barra-mansense de Letras. Em 1987, passa a fazer parte da diretoria da instituição no cargo de Diretor de Patrimônio. Inicia sua vida literária, publicando seus trabalhos nas coletâneas do Grêmio Literário de Autores Novos, de Volta Redonda, e em jornais da região.
Participa de concursos nacionais de literatura, obtendo várias premiações. Seu conto “As duas ossadas” - que termina a história de “O Guarani” - foi agraciado com medalha de ouro pela Academia Valenciana de Letras. É membro fundador da Academia Barra-mansense de História e da Academia Barra-mansense de Letras. Agraciado com a Medalha de Mérito Literário Olavo Bilac pelo Grêmio Barra-mansense de Letras. Foi membro do Conselho Municipal de Cultura de Barra Mansa. Também foi agraciado com o Título de Cidadão Barra-mansense outorgado pela Câmara Municipal de Barra Mansa.
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"Seus escritos, o mais das vezes, são surreais e fantásticos"
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Considera rica a vivência permanente com diversos escritores da região, pela troca de informações, o incentivo, o combustível para superar os desafios que cada escritor traz entre suas projeções e sonhos. Por isso vangloria-se de manterem-se unidos por meio da entidade literária e de encorajar os escritores iniciantes através da participação nos eventos e antologias.
Após uma carreira profissional iniciada no comércio e desenvolvida em dezenas de anos na DuPont do Brasil, aposentou-se e passou a se dedicar mais à literatura. Agora, ao completar o seu 90º aniversário, revela uma vida feliz com os livros, a família e os amigos. Considera que a vocação para contar histórias nasce com a pessoa, pois reconhece ser um aficionado por histórias fantásticas, de aventuras, mistérios e investigações. Entre os autores prediletos lembrou pelo menos dois nomes, Edgar Allan Poe e Agatha Christie, e deixou clara a sua paixão pelas histórias que promovem a imaginação em torno das infinitas possibilidades humanas.
Organicamente ligado à leitura, entende que, além dos compromissos e afazeres do dia-a-dia, o exercício da liberdade é apanhar um livro, abrir a capa e servir-se da aventura. No momento mantém a expectativa da publicação de seu novo livro, “Pilão e gamela” (contos e poemas), que deve ser lançado ainda neste ano.
Obras publicadas
. Balaio de paiol, contos - obra premiada
. Peneira furada, contos - obra premiada
. Contos da lua negra, contos fantásticos
. Os olhos do falecido, contos - com Eliette Ferreira e Francisco Nogueira
. Haicais, Épica & Sonetos - com Antônio Oliveira Pena e Menulfo Nery Bezerra
. Fiat - Brasilae - com Asséde Paiva
. E também com Asséde Paiva, O dente do dragão e Outros contos/Contos ciganos em Prosa e Verso
> Vicente Melo é jornalista e vice-presidente da Academia Volta-redondense de Letras
Autodidata
“A cultura de Fleming é autodidata. É como um arquipélago. Em cada ilha se destaca como um tipo de conto; que vai do mitológico ao histórico; do fantástico ao de terror, do regional ao de aventuras. O autor é versátil. Conduz o leitor em suas tramas por florestas, desertos, geleiras, campos de guerras, castelos, cemitérios, contos regionais, folclóricos ou românticos. Dotado de fértil imaginação e criatividade, Fleming, teve em princípio a influência Edgard Wallace, para depois adotar a Escola de Poe, Hoffmann, Nerval... E na literatura regional, Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, Monteiro Lobato, Hugo de Carvalho Ramos...”
(Francisco Nogueira, escritor de saudosa memória, crítico literário e um dos principais expoentes da literatura da nossa região)
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Almas Gêmeas*
(José Fleming)
Quando meu corpo repousar na terra,
minha sombra eu não quero mais aqui,
vagando, só, entre floridos campos
e à luz do luar, a se lembrar de ti.
Paire minha’alma nos lugares onde
nós de mãos dadas caminhamos sós.
Onde saudosa vais vagar nos bosques
cheios de fontes que falam de nós.
Lá, não esqueças, não, querida, os sítios
onde o gorjear ouvíamos dos pássaros.
Não queiras que ligeiro o tempo corra,
chorar os anos que nos foram caros.
Tua’alma quero de repente achar
entre os rubores das manhãs garridas.
Aí, nesses bosques sem transidos medos,
hão nossas sombras de viver unidas.
*Integra a XX Coletânea de Contos e Poesias do Glan - Grêmio Literário de Autores Novos de Volta Redonda
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