(Foto Ilustrativa)
"Fui cunversá c´o tar de genhero, mor de pidi o imprego e ele fartô cum respeito cumigo. Tasquei nele a mão nas fuça!"
Um amigo nosso estava atravessando uma fase de extrema pindaíba, "sem dinheiro nem pra andar a pé", ou conforme ele mesmo dizia: “sem uma prata no borso pra cerca um padeiro”, quando chega na cidade uma construtora, que montou escritório com um engenheiro magricela e um auxiliar de escritório reumático, recrutando empregados para as obras de uma represa na região. Não deu outra: lá foi o amigo se inscrever como orêia seca. Passaram-se três dias, nem o amigo e nem notícias do amigo, meu avô, que era seu padrinho de batismo, mandou saber dele na cidade e veio a bomba: o afilhado havia sido preso por agressão e desacato à autoridade. O vô correu lá para tentar remediar a situação do menino. Depois de contratado advogado, fiança paga, um sabão do delegado e rapaz solto, era hora da reprimenda, de "inzemprá" o malfeitor. Disse:
- Bunito hem, seu porcaria, fazendo bagunça, sendo preso e talecoisa e coisaetale, né?
No que o menino respondeu:
- Meu padrim, inté o sinhor. Inté o senhor fazia o mesmo... Fui cunversá c´o tar de genhero, mor de pidi o imprego e ele fartô cum respeito cumigo. Tasquei nele a mão nas fuça!
- Mas o que foi que ele fez de tão grave?
- Magina o sinhor, quel´óia preu, um home casado, pai de famía, aponta pro culega deslá e fala: cê vai ali e dá o seu cu rico pro rapaz. Quebrei a cara dos doise!
O vô já em tempo de explodir de rir, mas se contendo para demonstrar zanga e autoridade pergunta:
- E o policial porque você ficou brabo com ele também?
Responde espumando, o afilhado:
- Essé otro, essé otro! Quando falei da farta de respeito, me gozô. Disse: pro quê cocê num deu? Aí eu mandei ele a pedra noventa.