(Foto: Divulgação)
“Fleabag” ganhou o Emmy 2019 e o Globo de Ouro 2020 de melhor série de comédia, e Phoebe levou os dois como melhor atriz do gênero
Vamos falar de “Fleabag”, a melhor comédia de costumes que assisti em 2019. A atriz e roteirista inglesa Phoebe Waller-Bridge é uma das queridinhas do momento. Seu texto e atuação são ótimos e fazem o telespectador dar muitas risadas, não só das situações apresentadas, mas também de si mesmo, se imaginando em um dos cenários apresentados no contexto da vida sexual, principalmente. O crítico de cinema Lú Gastão, amigo com quem compartilho opiniões e dicas sobre séries e filmes, detestou a atuação da atriz. Lú afirma com conhecimento de causa que ela não conseguirá fazer nada diferente, pois, segundo ele, em “Fleabag” quem está em cena é ela Phoebe Waller-Bridge e não a personagem. Espero que ele esteja errado, mas apesar de ter curtido muito “Fleabag” fiquei com a mesma impressão. Impressões e opiniões à parte, eu gostei muito do roteiro, onde temos a já clássica mistura de comédia e drama.
As nuances dramáticas serviram de justificativa para o comportamento descompensado de Fleabag (nome da personagem). Caso a série continuasse, certamente ela teria que fazer muita terapia. E falando em continuação, tudo foi na medida. Acabou na hora certa. Não sei se teria muito que se explorar além do que foi. A dramédia traz incertezas e fracassos no amor e no sexo, insatisfação profissional, inseguranças e falta de maturidade para lidar com os problemas familiares e da própria vida. Ah, já ia me esquecendo do luto pela mãe e pela melhor amiga. E é aí que entra a faceta clown da protagonista, falando com o público a todo momento. Você se sente dentro das situações com ela. O ator Andrew Scott, que interpreta o padre na segunda temporada, foi eleito o homem mais sexy de 2019. Isso é bem discutível, mas a entrada de Scott na segunda temporada foi tudo. Ele foi o único personagem a questionar Fleabag na quebra da quarta parede.
A utilização da quebra da quarta parede como principal eixo da comédia, ficou perfeita. Vou explicar: quebra da quarta parede é quando o personagem olha para a câmera e fala com o público. O termo vem do teatro. Pense numa caixa. Existem duas paredes laterais, a parede do cenário e a parede da frente, onde está a plateia. Os atores quebram a quarta parede quando se dirigem ao público assistente. Na TV e no cinema não é diferente.
Sucesso de público e em premiações
“Fleabag” ganhou o Emmy 2019 e o Globo de Ouro 2020 de melhor série de comédia e Phoebe levou os dois como melhor atriz do gênero. Além do Emmy e do Globo de Ouro, ela ganhou o SAG Awards e o Critics Choice. A produção levou também o TCA Award (Associação dos Críticos da TV) de programa do ano e melhor comédia. Quando Phoebe Waller-Bridge teve a ideia de escrever a comédia sua intenção não era uma série, mas sim um monólogo teatral. A produção foi realizada em parceria da BBC com a Amazon, responsável pela produção e exibição exclusiva da série no serviço de streaming Amazon Prime. Com “Fleabag” a empresa repete o sucesso de 2018, quando a também comédia “The Marvelous Mrs. Maisel” foi premiada.
Além de “Fleabag”, Phoebe é criadora da ótima “Killing Eve”, está escrevendo o próximo 007 (a pedido de Daniel Craig) e já tem uma outra série em produção para a HBO. E você pode vê-la atuando em “Crashing”, disponível na Netflix. Ainda não assisti. Como em “Fleabag”, em “Crashing” ela também faz tudo. “Fleabag” tem duas temporadas e 12 episódios.
Para fechar nosso papo, a título de curiosidade, a dublagem brasileira da série causou até mesmo entre os que não curtem entretenimento dublado. A versão brasileira é ótima e ganhou o prêmio de melhor dublagem na internet. Os termos escolhidos para os palavrões e situações sexuais ditos pela personagem deram uma naturalidade fantástica à interpretação da dubladora Maíra Góes. Maíra está de parabéns pelo trabalho impecável. Para você se localizar, Maíra Góes dubla, entre outras personagens de sucesso, a peixinha Dory das animações “Procurando Nemo” e “Procurando Dory”.
Até a próxima com a minissérie “Hebe”.
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