(Fotos: Acervo particular)
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Homenagem estará em “Vozes de aço XXII”, que será o resultado do XX Concurso Nacional Poeart de Literatura
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A PoeArt Editora de Volta Redonda, dando continuidade às homenagens aos autores consagrados em suas antologias e coletâneas, tem a grande satisfação de apresentar mais um nome importante das letras brasileiras: Ruy Espinheira Filho. O notável poeta e prosador será homenageado no livro “Vozes de aço XXII”, que será o resultado do XX Concurso Nacional Poeart de Literatura - em andamento.
Sobre “Heléboro”, livro com que, em 1974, estreia Ruy Espinheira Filho (1942), diz Carlos Drummond de Andrade: “Poesia concentrada e de sutil expressão”. Prognósticas, tais palavras, mais do que nunca, sintetizam o conjunto da obra poética desse grande lírico, reconhecido pela crítica e laureado, amiúde, com os mais importantes prêmios literários do país. Em 2012, publica, pela Bertrand Brasil, “Estação infinita e outras estações”, reunião de toda a sua poesia até então. De lá para cá, dá a lume os volumes “Noite alta e outros poemas”, 2015; “Milênios e outros poemas”, 2016; “Babilônia e outros poemas”, 2017; e “Uma história do paraíso e outros poemas”, 2019, todos pela Editora Patuá. Poeta sobretudo apaixonado, isto é, ardente, arrebatado, Ruy Espinheira Filho é também prosador, dominando com igual destreza o conto, o romance, a crônica e o ensaio.
(Antônio Oliveira Pena, poeta, professor e revisor)
O tema central de sua obra, toda vazada em versos de uma musicalidade precisa e perfeitamente brasileira, com um uso mais que sábio dos hiatos, é, no entanto, a questão da memória, que tangencia a do tempo e, portanto, a do ser. Sob esse aspecto a obra de Ruy Espinheira é majoritariamente composta por uma poesia de meditação ontológica, nascida dessa estupefação que domina todo homem pensante ao constatar o caráter inapreensível do seu próprio ser, a impermanência universal, a redução de tudo à memória, essa forma paradoxal de permanecer e inexistir ao mesmo tempo. Trata-se, por excelência, do poeta da memória na poesia brasileira contemporânea, tema explorado ao mesmo tempo com agudeza de pensamento e com a necessária transmutação lírica.
(Uma história da poesia brasileira. RJ: G. Ermakoff Casa Editorial, 2007. Alexei Bueno, poeta, ensaísta, crítico e tradutor)
Confira a entrevista com Ruy Espinheira Filho
Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira?
Não vejo nenhuma relevância da mídia digital com relação à literatura. É possível que alguma literatura apareça nela, mas apenas como mais um meio. A literatura é arte, talvez a mais importante de todas, começou antes da escrita (Homero, por exemplo, e até anteriormente) e qualquer meio (palavra falada, estilete, caneta, máquina de escrever, computador) servirá a ela. No caso das novas mídias, um conforto maior, porque escrever “Guerra e Paz” hoje é muito mais tranqüilo do que de forma manuscrita, como foi originalmente.
A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?
De jeito nenhum. É uma tristeza, claro, mas a literatura funciona por conta própria. Como vimos, existia antes da escrita e sempre existirá. O autor produz em quaisquer condições, como prova a história do mundo. O analfabetismo e as ditaduras atrapalham, mas a literatura sempre acabou vencendo.
O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?
A realização que eu esperava num texto. Quando acho, como autor, que fiz algo merecedor de publicação. E a leitura, a leitura, sempre a leitura...
Qual é a função da literatura na sociedade?
A função de literatura é ser literatura. Outro dia me perguntaram qual o papel do poeta na sociedade de hoje. Minha resposta: fazer poesia.
Um crítico literário deve analisar apenas um poema ou a obra como um todo?
Creio que o conhecimento da obra literária é imprescindível. Ficar fazendo recortes é um perigo.
O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura, fazendo além de uma justa homenagem um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante?
Acho uma coisa admirável. Aliás, coisa rara no Brasil de hoje. Vocês estão de parabéns.