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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Efemeridade

Poetas Inesquecíveis: José Fleming

Objetivo é homenagear escritores que não estão mais entre nós, mas ficaram eternizados por meio de suas obras

Colunistas  –  13/04/2020 20:20

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(Fotos: Divulgação)

Lembranças eternas: Este colunista e poeta no lançamento do livro e entrega de homenagens ao poeta

 

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O segundo homenageado na série “Poetas Inesquecíveis” é José Fleming. Destaco aqui os poetas cujas obras ficaram eternizadas nas reminiscências de nossas memórias (para quem os conheceram como cidadãos e escritores) ou na memória de quem ainda se deleitará com seus poemas.

José Fleming nasceu em Conceição do Rio Verde, sul de Minas Gerais, no dia 31 de janeiro de 1929. Mudou-se com a família para Volta Redonda em 1945, passando a residir em Barra Mansa no ano de 1955. Nos deixou em 27de fevereiro, aos 91 anos, ficando inúmeras lembranças para seus familiares e amigos, em especial os do meio literário que jamais esquecerão sua pessoa e talento admirável. Deixou a obra “Poemática” (poesia-2020) pronta, que ainda deverá ser lançada. Os originais desse, que é seu primeiro livro apenas com poemas, no começo nasceu com o nome de “Gamela”, o qual tivemos a missão e o compromisso de trabalhar a digitação e a revisão. É composto por 40 poemas.

Homenagens  

“A cultura de Fleming é autodidata. É como um arquipélago. Em cada ilha se destaca com um tipo de conto; que vai do mitológico ao histórico; do fantástico ao de terror, do regional ao de aventuras. O autor é versátil. Conduz o leitor em suas tramas por florestas, desertos, geleiras, campos de guerras, castelos, cemitérios, contos regionais, folclóricos ou românticos. Dotado de fértil imaginação e criatividade, Fleming teve em princípio a influência Edgard Wallace, para depois adotar a Escola de Poe, Hoffmann, Nerval... E na literatura regional, Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, Monteiro Lobato, Hugo de Carvalho Ramos...”. (Francisco Nogueira, escritor de saudosa memória, crítico literário e um dos principais expoentes da literatura da região sul fluminense e dos fundadores do Grebal - Grêmio Barramansense de Letras, em 1975)

“José Fleming é consagrado contista em nosso meio. Merecedor como pessoa e artista, por sua simplicidade e desprendimento, talento e perseverança, dos mais sinceros elogios, é, neste opúsculo, a seu tempo e com justiça, reverenciado”. (Antônio Oliveira Pena, poeta, professor e revisor)

“Fleming é de uma criatividade diluvial. Da vida pessoal de Fleming conheço um pouquinho: sua nobreza de caráter é exemplar. Trabalhou duramente para ajudar seus irmãos e para criar os filhos; foi salvo de uma septicemia por única injeção de penicilina, lançada pelo seu parente Alexander Fleming. Acompanhou dia a dia a enfermidade insidiosa de sua querida esposa. Como trabalhador especializado, na empresa Dupont, inventou um equipamento que aumentou sensivelmente a produtividade da fábrica e, assim, embolsou polpudo e merecido prêmio. Qualquer um deve ser honrado pela grandeza e simplicidade desse homem de bem que tem o dom de escrever. Ele é um caminhante nas veredas da cultura. E estamos gratificados com a cidade de Conceição do Rio Verde, que nos presenteou com um indivíduo iluminado”. (Asséde Paiva, escritor)

“Ativo no universo literário de nossa região desde a década de 70, sua vocação começou a ser exercitada ainda criança, diante de histórias das muitas revistas infantis a que tinha acesso. As aventuras fantásticas sempre tiveram lugar privilegiado em suas buscas, a fascinação cresceu e o menino José Fleming começou desde cedo a criar suas próprias histórias. Das revistas passou para os livros e não parou mais. Sua história de vida não faria sentido sem os livros”. (Vicente Melo, jornalista e presidente da Academia Volta-redondense de Letras)

  • O saudoso poeta José Fleming com os originais do livro de poesia até então com o nome de "Gamela", BM janeiro de 2019

  • As capas dos livros que ele publicou ou os que ele participou

  • As capas do livro editado pela PoeArt pelos seus 90 anos

  • Desenho do artista plástico Flávio Vianna

  • Assinatura do inesquecível vate

Obras publicadas

. Balaio de Paiol, contos (obra premiada), 1996; 2ª ed. 2013;
. Peneira Furada, contos (obra premiada), 2006;
. Contos da Lua Negra, contos fantásticos, 2011;
. Os Olhos do Falecido, contos - com Eliette Ferreira e Francisco Nogueira. 2004;
. Haicais, Épica & Sonetos, poesia com Antônio Oliveira Pena e Menulfo Nery Bezerra, 2012;
. Fiat Brasilae, com Asséde Paiva, 2012;
. O Dente do Dragão e Outros Contos/ Contos Ciganos em Prosa e Verso, 2018, também com Asséde Paiva. 

Fim de século em Barra Mansa*

(José Fleming)

Meu vô - tropeiro rude - por aqui passou!
Descia de Minas e Parati buscava,
Quando o século sob as brumas despostou,
Junto ao vargedo onde a tropa repastava. 

Quando a última estrela ao longe se apagou,
Ante o fulgor azul da aurora que chegava,
Na torre da matriz o bronze anunciou
Que o céu tinha mais cor e a terra reviçava. 

Já, quase já cem anos no tempo se escoa,
E o penúltimo raio dessa luz coroa,
Cada árvore velha do jardim antigo. 

Hoje, qual meu avô - eu neto de tropeiro,
Dessa luz usufruo o brilho derradeiro,
Junto à margem do rio que me deu abrigo. 

*do livro “Poemética” 

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Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

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