(Foto: Divulgação)
Integrantes do MuDarTe (Jéssica Araújo, Caio Moraes, Luiz Fernandes e Pedro Bitencourt) aprenderam a se adaptar à nova realidade e se reinventaram como artistas
Adaptar e reinventar. Essas duas palavras passaram a fazer parte do dia a dia da maioria dos artistas, em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). No Coletivo de Arte MuDarTe, teatro e dança conseguiram se manter vivos, conectados com o público.
O professor de teatro do MuDarTe Luiz Fernandes, de 19 anos, enfatiza que a arte pode ser usada como arma contra a pandemia.
- O teatro, por exemplo, auxilia no humor, nas relações pessoais, além de proporcionar a realização de exercícios físicos, principalmente neste momento onde as pessoas estão se sentindo só.
Ele conta que no MuDarTe os integrantes mantêm a arte viva, por meio de apresentações online e participando de projetos exibidos no YouTube.
- Temos fé de que esse momento vai passar e nós poderemos voltar ao nosso amado palco com nosso tão estimado público. Aprendi, principalmente, que nós precisamos nos adaptar às diversas mudanças que podem ocorrer no mundo da arte, para que possamos manter nossa essência viva.
Luiz Fernandes lembra que no início da pandemia não conseguia pensar no que fazer para continuar com o seu trabalho artístico no teatro.
- Não sabia o que fazer com os meus projetos, não tinha ideia para projetos nessa nova modalidade que surgiu, mas consegui transformar isso em aprendizado, ressignificando aquele sentimento e transformando-o em arte. Para a volta aos palcos, preparei uma peça cômica, narrando o cotidiano de uma brasileira. Espero poder arrancar sorrisos da plateia, porque nós, brasileiros, merecemos, e porque “rir é um ato de resistência”.
A arte salva
O MuDarTe nasceu um mês e meio antes da pandemia começar, o que foi uma batalha para os idealizadores do projeto manter o Coletivo. Caio Moraes, 27, também professor de teatro, destaca que o amor pela arte salvou o MuDarTe.
- O teatro é a arte que me transborda e traz paz, e está me ajudando a enfrentar a pandemia, essa doença veio de forma muito repentina e nos tirou muitas liberdades. Poder fazer arte, mesmo que de forma distante, mostra o quanto amo o teatro.
Dispostos a não deixar a pandemia vencer, o MuDarTe iniciou atividades online de contação de histórias para crianças de escolas, um projeto agora pela Prefeitura Municipal de Volta Redonda, por meio da Lei Aldir Blanc. Também exibiram suas atividades na internet em uma Mostra de Artes.
- Aprendi que a arte transcende qualquer dificuldade imposta e que precisamos, sim, de resiliência para passar por essas dificuldades. O meu processo criativo, por exemplo, foi afetado para melhor, pois com a pandemia tivemos que estender a nossa criatividade para levar alegria para a casa das pessoas, para as crianças. Tudo à distância. Quando isso passar, temos muito projetos a realizar, como uma mostra de artes e aulas presenciais.
Informação de forma atrativa
Pedro Bitencourt, 21, que também é professor de teatro, acredita que com o entretenimento, com a informação e o conhecimento, é possível mostrar a realidade ao público, de uma forma atrativa.
- Buscamos fazer apresentações online, então nos readaptamos a esse novo formato de arte, já que estamos longe do palco. E tem sido uma aventura, um bom mundo para se explorar, vendo que depois da pandemia talvez fiquemos com essa jornada dupla, de palco e online. Estamos aprendendo que o ser humano nunca está pronto para nada, está sempre mudando sua forma de fazer as coisas, e isso é algo bom, em vista de tudo que vemos. Ver as pessoas evoluindo e querendo isso, é algo positivo. Junto com os meus parceiros de cena do MuDarTe tive a oportunidade de me adaptar, ensinando e aprendendo.
Bitencourt diz que o seu processo criativo não foi afetado com a pandemia, pois, segundo ele, teve mais tempo para organizar a sua mente.
- Trabalhando em equipe por vídeo-chamadas e aulas online, foi mais fácil colocar as ideias no papel e na internet. E estamos guardando e adaptando vários projetos para podermos apresentar, assim que possível.
Sensação de prazer
Jéssica Araújo, 23 anos, é professora de dança. Para ela, dançar contribui de forma muito útil no enfrentamento da pandemia.
- Essa contribuição pode ser como atividade física praticada em casa, ajudando assim a combater o sedentarismo, quanto como forma de ocupar a mente, pois estimula a criatividade, melhora a coordenação motora, liberando endorfina, dopamina e serotonina (hormônios que causam sensação de prazer).
A bailarina conta que com a pandemia os encontros para ensaios foram excluídos das agendas no ano de 2020. Com isso, as aulas online, que também estão sendo utilizadas em diversas outras áreas, foram a saída encontrada.
- Assim, mudamos também a didática aplicada nas aulas, pois à distância a forma de ensinar muda consideravelmente. Contudo, não deixamos de praticar e conseguimos finalizar o ano com uma mostra de artes que teve a participação da dança. Com o distanciamento, foi possível passar para os alunos que, independentemente das circunstâncias e das dificuldades, nada é impossível. Eu vi muitas pessoas dizendo que a prática de dança de forma virtual não agregaria, mas hoje posso ensinar o contrário, as aulas no ambiente virtual também são imensamente importantes.
Na opinião de Jessica, ao ficar muito tempo em casa, às vezes o bloqueio criativo dura mais tempo do que o normal.
- Mas temos também mais tempo para desenvolver melhor, tanto as didáticas para aula, quanto as novas coreografias. O MuDarTe está ensaiando para voltar aos palcos e pretendemos fazer isso da forma mais linda possível, juntando as três vertentes da arte que trabalhamos: teatro, dança e canto.
Quem é quem
. Luiz Fernandes - Professor de teatro. Tem 19 anos e atua no teatro há quatro anos. Participou de apresentações e espetáculos teatrais, além de ter se arriscado como dançarino.
. Caio Moraes - Professor de teatro. Tem 27 anos e a sua história na arte começou em 2011. Realizou apresentações em diversos lugares e em outras cidades, em escolas e projetos da prefeitura, como a Praça CÉU.
. Pedro Bitencourt - Professor de teatro. Tem 21 anos e mais de 50 apresentações no currículo, entre elas, teatro e contações de história. Atua no teatro há cinco anos.
. Jéssica Araújo - Professora de dança. Tem 23 anos e dança desde os 6 anos. Fez parte durante dez anos do projeto de dança da Secretaria de Esporte e Lazer de Volta Redonda, estudando balé clássico e jazz. Cursou a faculdade de educação física.
> Clique aqui para mais informações sobre o Coletivo MuDarTe