Não vamos chamá-las de prostitutas. Nem de profissionais do sexo. Vamos chama-las poeticamente como as chamam os italianos: de “vaga-lumes". Não porque a expressão tenha algo a ver com a condição de prostituição forçada a que a maioria passa, mas porque elas vagam anônimas na escuridão. Ninguém as vê, salvo quando precisam se alimentar da sua luz. Primeiro o mercado as seduz, com promessas de altos ganhos na profissão de “modelo". Então elas vêm, cegas pela promessa vã de brilhar nas passarelas e de melhorar a vida das famílias. Chegando ao destino, têm seus passaportes confiscados e vivem na condição de cárcere privado. Começam, muitas das vezes, meninas muito jovens, e seguem a vida sendo brutalmente exploradas e escravizadas no meio de uma sociedade que a tudo vê, mas que cerra os olhos, porque é mais fácil normalizar a lutar contra os poderosos que estão por detrás dessa exploração. Ou então, acontece como a experiência que conto no vídeo: Procurando por trabalho, se veem diante desse mercado completamente impotentes para escaparem das garras do seu algoz.