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Comer, Rezar, Amar

Uma leitura de sabor agridoce

Livro de Elizabeth Gilbert funciona como uma conversa com uma pessoa que acabamos de conhecer

Crítica  –  15/03/2016 10:48

Publicada em: 26/01/2016 (18:17:56)
Atualizada em: 15/03/2016 (10:48:28)

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(Foto: Divulgação)

História te leva a conhecer ou reconhecer o que há de maior e mais bonito dentro de si 

Essas férias me deram um grande presente: um novo livro de cabeceira. Pra quem é leitor assíduo, é fácil entender porque livros de cabeceira são livros de cabeceira, mas pra quem não é, eu tratarei de explicar.

Livro de cabeceira é aquele que te leva a conhecer ou reconhecer o que há de maior e mais bonito dentro de si. Ele te ajuda a crescer, evoluir, se conhecer melhor. Ele te inspira, te melhora, te cura - muitas vezes até dos males que você guardava dentro de si há tanto tempo que nem se deu conta do quanto estavam enraizados.

“Comer, rezar, amar” é o meu novo livro de cabeceira, porque ele tem isso tudo. E muito mais.

Embora tenha o hábito de confiar em resenhas literárias antes de escolher minha próxima leitura, li muitas opiniões negativas a respeito desse livro e me recusei a não lê-lo eu mesma. Sou muito grata por isso porque passar alguns dias com ele me deu a chance de entender o prazer agridoce que essa leitura é capaz de proporcionar e que causou tanto reboliço contraditório entre os formadores de opinião literária: este é aquele romance que te conquista por ser biográfico e te entendia às vezes pelo mesmo motivo.

Para mim, a grande magia da leitura é a empatia. É quando você lê uma coisa que te desvenda e, ao mesmo tempo, te confirma uma opinião, universaliza uma sensação, um pensamento, torna perdoáveis sentimentos intensos, sejam eles bons ou ruins.

O sabor agridoce dessa leitura consiste no fato de encontrarmos relatos tão intrinsecamente pessoais que, às vezes, vão de encontro a crenças nossas, opiniões nossas, julgamentos pré estabelecidos por nós. Quem não lê procurando o grande objetivo da Liz, pensa que são apenas divagações pessoais e um relato de viagem, como um diário. 

Histórias de vida 

Eu preferi pensar nele como em uma conversa com uma pessoa que acabamos de conhecer. Eu me encontrei com a Liz na centésima nona conta e fui contrastando opiniões com ela enquanto ela desenrolava mais cento e oito capítulos das suas histórias de vida.

E ainda assim, conforme ela seguia conversando e me contando mais e mais histórias, fui entendendo porque cada detalhe descrito tão pessoalmente foi tão importante, e assim como alguns julgamentos e pensamentos e atitudes iam contra o que acredito, esbarrei também naquilo que me era empático. Nos pensamentos, nas dificuldades, nas situações, encontramos reflexões, conclusões e o aprendizado de alguém que já passou pela mesma coisa que nós ou que, no mínimo, nos dá belos conselhos para uma eventualidade futura.

Esse livro me fez entender que todos precisamos sair na nossa própria jornada de autoconhecimento, independente de isso significar uma viagem ao redor do mundo ou não. É preciso que a gente corra atrás da gente depois de se perder diante das tribulações que a vida nos faz passar. Nossa jornada diária deve exigir de nós a busca pelo autoconhecimento porque somente através dele vamos encontrar o equilíbrio. 

Essa história me confortou com o fato de alguém poder evoluir espiritualmente como a narradora-personagem evolui mesmo depois de tantas crises e sofrimentos. Porque a Elizabeth foi capaz de entender que não importa o que acontece, nem quando acontece, nem como acontece, mas como você olha pro que aconteceu e para o que está acontecendo. Ela percebeu que só dependia dela, do mesmo modo que só depende de você.

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Frente & Verso

. Livro: Comer, Rezar, Amar
. Autora: Elizabeth Gilbert
. Editora: Objetiva
. Número de páginas: 344

Por Gabriela Castro  –  belikovgabi@gmail.com

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