(Foto Ilustrativa)
Não fique olhando só para a água do copo,
mas também para o espaço vazio
Recebi um toque em relação a um dos meus últimos textos em que falava de TV e de coisas passadas: uns veem a água no copo; outros, o espaço vazio. Concordo plenamente. Vamos para outra visão.
Hoje, lendo meu jornal, encontrei coisas muito boas de serem comentadas: um restaurante em sua propaganda coloca uma linda foto de um prato à base de camarão e escreve: "a comida aqui não vai te deixar com um sorriso amarelo". O prato levava azeite de dendê. Um charme a forma de dizer.
Em outra página, outro restaurante aposta na "explosão do sabor"; e o sabor é mesmo uma explosão, eu concordo. Sabor é muito bom. Um outro anúncio coloca um sanduíche, lindo como deve ser, e a frase: "O melhor tipo de amor é o correspondido" - muito fofo. Apetitoso, mesmo sendo engordante, aliás, tudo que é apetitoso é engordante e vice versa.
E aí, seguindo o conselho de minha amiga, de não ficar olhando só para a água do copo, mas também para o espaço vazio, corri o risco até de desejar uma prótese dentária ao deparar-me com o sorriso do modelo do anúncio de uma Dra. Márcia.
Esbarrei numa notícia de um ponto cultural no Morro Dona Marta. Vibrei. Pulei uma foto da presidente Dilma, nem li a chamada, pensando no copo.
Aliás, pulei as notícias de políticas todas, se não o copo podia transbordar ou quebrar. Do Sr feliciano, então, nem se fale... (Nota: não errei, é que gosto de colocar o nome dele em minúscula. Acho que ele merece).
Pulei as notícias sobre a inflação, desemprego, fui para o segundo caderno e pulei a crítica da Bárbara Heliodora, se não o copo se espatifaria sozinho. li sobre o filme a respeito do Renato Russo: vou assistir; adoro o cinema nacional. Vou ver também a nova versão de "Bonitinha, mas ordinária", aliás, o Nélson é o meu escritor preferido. Descobri isso adolescente.
Fui para a coluna da TV, que tem uma nota 10 e uma nota zero: adivinhem... Ainda pensando no copo da minha amiga só li a que a colunista deu 10.
Agora, olhando o mundo, só e unicamente, pelo lado super, hiper positivo, vou à rua enfrentar a realidade com um sentimento tão positivo, mas tão positivo, que juro que se um pombo cagar na minha cabeça vou cantar o Hino Nacional em grego, de tanta alegria, pois vou acreditar que é sorte e que isso não é para qualquer um não. Só para mim.
> Ernani Mazza, Copacabana, Rio