(Foto Ilustrativa)
O coronavírus “joga na nossa cara” a desigualdade social em nosso país, e quando pensamos na escola pública o uso da tecnologia fere diretamente a equidade de acesso, vivemos muitas vezes a fome no cotidiano de sala de aula na escola pública
Várias foram as mudanças que a tecnologia impôs à sociedade, mas se tem uma instituição que pouco sofreu mudanças essa foi a escola. Já ouvi e li muitas pessoas dizendo que se alguém fosse congelado nos anos 70 e descongelado no dia de hoje tudo teria mudado, menos a dinâmica das instituições de ensino.
A pandemia da Covid-19 forçou uma mudança na rotina e dinâmica escolar, impedidas de funcionar, as escolas tiveram que se aliar ao seu principal inimigo: a tecnologia. Para se ter uma ideia, desde 2008 existe uma lei estadual do Governo do Rio de Janeiro que proíbe o uso de celulares em sala de aula, ou seja, um inimigo declarado tornou-se o único recurso possível nesse momento.
Diante do caos atual na sociedade, a escola precisou tornar-se remota e invadir os lares dos estudantes com os responsáveis, tornando-se mediadores do processo de ensino aprendizagem. Mas isso daria certo se houvesse estruturas nos lares, mas não é sempre isso que acontece. A Covid-19 “joga na nossa cara” a desigualdade social em nosso país, e quando pensamos na escola pública o uso da tecnologia fere diretamente a equidade de acesso, vivemos muitas vezes a fome no cotidiano de sala de aula na escola pública.
Não devemos nesse momento comparar as escolas da rede pública e privada, tendo em vista que essas instituições possuem objetivos diferentes. Uma escola privada atende a um público determinado e que atende uma parcela mínima da população. Já a escola pública atende a um universo de famílias de diferentes rendas e que precisam ser vistas de maneira integral, ou seja, precisa importar muito mais do que o conteúdo. No momento em que estamos vivendo, muitos estão com fome, é necessário que a escola pública primeiramente atenda a essa necessidade. E aqueles alunos com uma condição socioeconômica melhor? Que não passam fome? Existe uma grande quantidade de recursos na internet com vídeo aulas bem elaboradas e feitas que podem ser utilizadas nesse momento.
Com essa grande quantidade de materiais que já existem na internet, cabe ressaltar que muitos professores não tiveram a opção de propor materiais existentes e tiveram que começar a produzir seus próprios materiais. Vejo muitos colegas dizendo que não possuem recursos, o que pode ser verdade, mas acredito que poucos tenham a atenção que o ensino à distância ou ensino remoto necessita de atividades que possam proporcionar a autonomia e potencializar a criatividade dos estudantes. Não podemos transferir as aulas presenciais para dentro do computador, pais não são pedagogos e não terão os conceitos fundamentais para o processo de ensino aprendizagem nesse momento.
Professor, reflita sempre que no seu planejamento de atividades online é necessário que olhe para seu aluno, acolha seus interesses, descubra suas descobertas, dê liberdade, dê tempo e espaço. O desejo de aprender vem de dentro e não de fora. Basta despertá-lo. Mesmo com sua imperfeição, todo momento é tempo de aprender.