(Foto Ilustrativa)
A capacidade de promover a compreensão, e não simplesmente a mera transmissão, torna-se essencial para o ato pedagógico, visando a autonomia intelectual e humana do discente, assim como a do docente, que se entrega a questionar e refletir sempre sobre a eficácia ou não do seu método
O ato de educar ou o agir pedagógico nunca foi uma tarefa fácil para o dito “mestre” ou professor. Afinal, trata-se de uma relação entre docente e discente, representando normalmente ligação entre “aquele que ensina” e “aquele que aprende”. Contudo, o ato pedagógico deve se embasar sempre na seguinte questão: O aluno consegue compreender o que lhe é ensinado? Segundo *Jacques Ranciére, essa necessita ser: “A preocupação do pedagogo esclarecido: a criança(aluno) está compreendendo? Ela não compreende? Encontrarei maneiras novas de explicar-lhe, mais rigorosas em seu princípio, mais atrativas em sua forma; e verificarei que ele compreendeu”. (p. 10, 2007)
Percebemos que Ranciére acentua que a capacidade de compreensão do discente deve ser a preocupação do mestre esclarecido, o que em realidade significa dizer: o docente que reconhece sua dificuldade em ensinar, sendo essencial que reflita seu agir pedagógico, compreendendo também as suas dificuldades e limites, assim como as dos discentes. O autor destacará exatamente que: “Essa é a nobre preocupação. Infelizmente, é essa pequena palavra, exatamente essa palavra de ordem dos esclarecidos - compreender - a causadora de todo o mal. É ela que interrompe o movimento da razão, destrói sua confiança em si, expulsa-a de sua via própria, ao quebrar em dois o mundo da inteligência, ao instaurar a ruptura entre o animal que tateia e o pequeno cavalheiro instruído, entre o senso-comum e a ciência”. (pp. 10-11, 2007).
A capacidade de promover a compreensão, e não simplesmente a mera transmissão, torna-se essencial para o ato pedagógico, visando a autonomia intelectual e humana do discente, assim como a do docente, que se entrega a questionar e refletir sempre sobre a eficácia ou não do seu método.
Ranciére também destaca que: “O confronto dos métodos supõe um acordo mínimo, no que se refere aos fins do ato pedagógico: transmitir os conhecimentos do mestre ao aluno. O método era, puramente, o do aluno”. (p.15, 2007.)
O que significa dizer que no processo pedagógico o aluno é que precisa se tornar apto para compreender, não por imposição por parte do docente, mas que um “mestre emancipador” abre caminho para que o aluno desenvolva sua própria capacidade de aprender.
*Ranciére, J. O Mestre Ignorante. Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Ed. Autêntica. Tradução de Lilian do Valle. 2007.
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