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Em países da dimensão do Brasil, torna-se uma dificuldade convergir uma política educacional nacional com as diferenças regionais
Começo a discussão neste texto formulando a seguinte questão: O que vem a ser política educacional? Esse binômio que aparentemente une termos tão diferentes parece inadequado em sua utilização e, eventualmente, invalidaria sua problematização. Contudo, a questão da educação envolve a prática de políticas, relacionada com algum tipo de racionalidade que as legitima. Uma característica essencial da política da educação em nossa atualidade é a sua predisposição incansável para tentar ajustar os limites e horizontes dos projetos nacionais de educação. Em países da dimensão do Brasil, torna-se uma dificuldade convergir uma política educacional nacional com as diferenças regionais. Não podemos esquecer que a produção de “políticas públicas”, onde está inclusa a educacional, ocorre em uma atmosfera globalizada, tanto cultural quanto economicamente. Temos um ambiente de enorme complexidade política, econômica e social. Quando se aborda uma análise da política nesse contexto, ela assume uma dimensão político-social, levando em conta a relação e o papel de todos os agentes envolvidos no exercício de uma política educacional.
Devemos interpretar o que aqui se denomina de política educacional como a expressão de um tipo de racionalidade política que elabora políticas públicas como essência da máquina de Estado moderno. A racionalidade de governar se caracteriza como uma “arte de governar as vidas” que se estrutura em aparatos burocráticos e de infraestrutura, constituídos por diferentes especialistas que se apresentam como: conhecedores, executores e administradores em como produzir uma política de governar ou de gerir o que se governa. Há uma conexão entre racionalidade política, produção de uma política pública e a arte de administrar essa política para governar os outros, formando condutas, sujeitando os indivíduos e não os reprimindo, para que possam ser úteis para sistemas de mercado.
Outra questão de fundo mais especificamente político surge agora: Como governar a vida da população de indivíduos, de forma eficiente, segundo a racionalidade de uma arte de governar no seio do mercado econômico? Leia-se aqui que se trata de uma forma de governar, implementando uma política educacional enquanto intervenção e legitimação de um grupo de práticas, técnicas e saberes, implantando e gerenciando certos modos de subjetividade, segundo essa perspectiva política e econômica.
A construção de subjetividades dos discentes, apresentados como os principais alvos de políticas educacionais, normalmente insinua-se como contando o objetivo de melhorar suas condições de autônomos e críticos para exercício de suas cidadanias no meio social. Todavia, pode-se constatar cada vez mais que, muito ao contrário, se constituem subjetividades normatizadas e docilizadas, essenciais do ponto de vista econômico, enquanto capital humano a ser investido e explorado. Subjetividades meramente construídas para produção e consumo. Pouco preparados para a participação crítica e ativa de cidadania. Nessa condição de consumidores, a partir de um molde educacional de governar, são mais subjetividades passivas e mais facilmente governáveis.