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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

"Pop Lacre"

Anco Márcio transforma latinhas e lacres de alumínio em arte

Exposição pode ser vista até 29 de junho, no Espaço das Artes Zélia Arbex, em Volta Redonda

Entrevistas  –  18/06/2014 17:51

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(Fotos: Divulgação)

São 26 telas e uma escultura; para compor suas obras, ele associa as
latinhas, impressão em adesivo colada numa chapa de PVC e pintura
 

"Pop lacre" é o nome sugestivo da primeira exposição individual do artista plástico Anco Márcio. Os materiais? Latinhas e lacres de alumínio. A abertura será nesta quarta-feira, 18, às 20h, no Espaço das Artes Zélia Arbex, em Volta Redonda. São 26 telas e uma escultura. Para compor suas obras, ele associa as latinhas, impressão em adesivo colada numa chapa de PVC e a pintura. Tudo com uma mensagem de preservação ambiental. 

Anco Márcio Esteves de Barros começou a criar seus quadros há dois anos. É jornalista, publicitário e trabalha com comunicação visual há mais de 35 anos. Traz na bagagem prêmios e participações no 5º Salão de Artes Plásticas de Volta Redonda, Salão das Artes (TV Rio Sul), 41º Salão da Primavera (Museu de Arte Moderna em Resende), Salão da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), na exposição "Message to the world" (em Amsterdam/Holanda) e no 6º Salão de Artes Plásticas de Volta Redonda. 

Confira a entrevista com Anco Márcio 

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"Faltam lugares para o artista poder mostrar o seu trabalho, pois na
verdade falta mesmo é uma galeria de arte; temos em Volta Redonda um
grande espaço para exposição e não uma verdadeira galeria de arte"

Como surgiu a ideia dessa exposição? Porque a escolha dessa temática?

Surgiu porque eu comecei a participar de exposições coletivas e com a produção de vários trabalhos nestes dois anos vi que era a hora de mostrar a minha arte a mais pessoas. A temática é porque tudo começou quando fui criar uma capa de uma revista de um projeto realizado no Colégio ICT (Instituto de Cultura Técnica) que se chama "Projeto Brasil Reciclado", e na criação da capa eu queria fazer algo diferente de tudo que já tinha visto. Então, olhando para um pote de vidro que tenho enchido de lacres coloridos, me inspirou a formar a bandeira do Brasil com os lacres na cor verde, amarelo, azul e prata no lugar do branco. Assim, montei e tirei várias fotos e fiz a capa da revista.

Daí isso me inspirou a criar desenhos e colocar o lacre como textura, mas eu vi que eu não tinha muitos lacres e que logo iriam acabar, pois eles saem coloridos dependendo da promoção do momento nas latas de refrigerantes e cervejas. Aí eu tive a ideia de digitalizar os lacres, criando vários de todas as cores em seu tamanho real e assim passei a fazer os trabalhos usando os lacres digitalizados e depois usando os reais também em conjunto com os digitais. 

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De todos os gêneros e estilos na arte, com qual você se identifica mais? Como você define o seu estilo? Quais os materiais você utiliza em suas obras? E por quê?

Identifico-me muito com a pop art, pois é a base de meu trabalho. Artistas como Andy Warhol e Roy Lichtenstein. Meu estilo é pop art e com uma sutil presença de características concretistas (elaboração artística em busca da forma precisa, a união entre a forma e o conteúdo na obra de arte). Uso praticamente os lacres de alumínio das latas de refrigerante e algumas partes da lata, mas não descarto o uso de outros elementos reciclados. Porque como criava a capa de uma revista sobre reciclagem, passei a trabalhar com o lacre que me inspirou. 

Como é o seu processo criativo? Você depende de inspiração para criar suas obras? Tem algum ritual para trabalhar?

O meu processo criativo é diário, é 24 horas (risos), pois sempre fui muito criativo e a todo instante surgem novas ideias. Tem momentos que dependo sim da inspiração... Mas muitos surgem sem a inspiração. Gosto de ouvir mantras, músicas indianas e new age quando estou trabalhando em meus quadros. 

E temáticas? Você explora temas específicos em séries de suas criações? Ou pinta temas variados?

É uma mistura das duas coisas... Sempre tem os dois. E basicamente sempre em série, dois ou três trabalhos formando um tema. Tenho uma série dos pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro, carros e motos, aves e peixes, abstratos, caveiras, pessoas etc. 

Que análise você faz do cenário das artes plásticas na região, principalmente em Volta Redonda? Você acompanha os novos talentos?

A arte nunca foi muito prestigiada, são poucos os que apoiam e faltam lugares para o artista poder mostrar o seu trabalho, pois na verdade falta mesmo é uma galeria de arte, pois temos em Volta Redonda um grande espaço para exposição e não uma verdadeira galeria de arte.

Como tenho apenas dois anos com este trabalho comecei a acompanhar e a frequentar as exposições para conhecer os trabalhos. Grandes artistas como Antonio Geraldo e Dilma Carvalho ainda são expoentes na arte na cidade e os novos talentos como o Anderson de Souza, Ana Cristina Maciel, Francisco Dantas e Hugo Kruger, eu tenho acompanhado e gostado muito. 

É difícil para o artista conseguir expor em uma galeria em Volta Redonda. Aliás, temos poucas. Qual seria o caminho para abrir esse espaço de exposições?

Não é muito difícil não, mas depende de estar ligado quando são as inscrições são abertas para poder se inscrever e entrar na fila de cada local. Acho que deveria ter mais divulgação de onde está abrindo inscrição para que os artistas possam participar das exposições coletivas e individuais. 

Quem te influenciou no seu trabalho artístico?

Andy Warhol e Roy Lichtenstein, e uma pitada de René Magritte. 

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Quais os artistas plásticos que mais tocam a sua emoção?

Não que chegam a tocar demais a minha emoção, mas gosto muito dos trabalhos que fizeram e quem me inspiram também, Salvador Dali, Fernando Botero (artista figurativista), René Magritte e Escher (artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras e litografias). 

O estudo é importante ou fundamental para o artista plástico? Ser autodidata também é um bom caminho?

O estudo é superimportante, pois lhe passa muito conhecimento sobre o fascinante mundo das artes. É também fundamental, pois quando alguém lhe pergunta sobre um estilo e outro ou sobre um artista, aí você tem que ter bagagem pra poder discutir sobre o assunto. Estudar nunca é demais e nós sempre estamos aprendendo alguma coisa nova. Ser autodidata também é bom e temos muitos artistas conceituados que começaram assim. 

Acha que espaços alternativos são importantes para os artistas plásticos?

Sim, pois é mais uma janela que se abre para os artistas da cidade e região. Recebi até um convite para expor o meu trabalho, mas devido à minha exposição não tive como fazer, mas estou aberto aos convites em espaços alternativos. 

Projetos. O que vem por aí?

Tenho sim projetos novos. Vou aliar o lacre a outros materiais reciclados. Serão trabalhos bem interessantes com o uso de materiais reciclados como partes de garrafas PET, rolhas e plásticos. 

Serviço

> Pop lacre - Abertura: 18 de junho, quarta-feira. Horário: 20h. Visitação: de 19 a 29 de junho, das 10 às 19h. Local: Espaço das Artes Zélia Arbex, Rua 14, Vila Santa Cecília, Volta Redonda.

Edição impressa

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

2 Comentários

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  • jamile batista

    adorei

  • Hugo Krüger

    Parabéns grande Anco, gostei da entrevista e achei show sua exposição, de uma criatividade única, quem lhe conhece, sabe que o sucesso que voce está fazendo é só a ponta do iceberg para seu crescimento e consagração como artista plástico.