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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Esculturas Tridimensionais

Oficina de escultura com Flavio Dutra no Clube Foto

Inscrições estão abertas; início das aulas será em 1º de outubro; artista faz um tipo de escultura somado com pintura, trabalhos 3D

Entrevistas  –  17/10/2014 18:16

Publicada em: 23/09/2014 (12:02:17)
Atualizada em: 17/10/2014 (18:16:52) 

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(Fotos: Divulgação)

Nu de costas deitado: Material tem alta resistência a traumas mecânicos,
facilidade de aderência e também  boa aceitação dos vários tipos de tinta

Arte natural contemporânea. Um tipo de escultura somado com pintura, trabalhos 3D. É a escultura de parede de Flavio Dutra. A partir de 1º de outubro, será possível conhecer detalhes dessa arte, na Oficina de Escultura no Clube Foto Filatélico, em Volta Redonda. São seis meses de aulas, às quartas-feiras, das 18h30 às 21h30. As inscrições estão abertas (Rua 19, nº 21, Vila Santa Cecília, (24) 3342-6450 ou (24) 9-9849-5962). O investimento é R$ 150 por mês, com direito a um kit de ferramentas e o material para a execução de oito peças. 

Para o ano que vem, Dutra já tem agendada uma exposição no Espaço das Artes Zélia Arbex, "Artistas plásticos e poetas", uma ideia do amigo Hugo Kruger. 

Artista plástico autodidata, atua desde 1978. Escultor com participação em mostras e mais de duas centenas de trabalhos, suas esculturas de parede homenageiam personalidades e vultos da humanidade, animais e a figura humana. Entre tantas outras, expôs no Salão de Exposições do Parque do Anhembi (SP) - Bienal do Artesão - escolhido entre dois mil artistas como um dos 50 melhores (exposição paralela à Bienal de São Paulo). 

Confira a entrevista com Flavio Dutra 

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(Foto: Jornal Volta Cultural/Angela Dias)

"Hoje estou imprimindo um DNA aos meus trabalhos;
acho que meu estilo é arte natural contemporânea"
 

De todos os gêneros e estilos na arte, com qual você se identifica mais? 

Com certeza a escultura é o gênero que mais me fascina, apesar de ser muito ligado na pintura, não a clássica, gosto da pintura espontânea, a arte espontânea, tanto a pintura quanto a escultura, natural, aquela que sai da alma. Com relação ao estilo, gosto muito da escultura clássica, tipo bem grega, pois mostra beleza e talento. Mas hoje o que me liga é a criatividade que a escultura contemporânea me proporciona. 

Como você define o seu estilo? Quais os materiais você utiliza em suas obras? 

O artista vive fases, meu estilo atualmente é um estilo muito particular, o espectador é capaz de identificar meu trabalho com um simples olhar, hoje estou imprimindo um DNA aos meus trabalhos. Acho que meu estilo é arte natural contemporânea. Um tipo de escultura somado com pintura, alguém já disse que são trabalhos 3D, porém a escultura de parede, como se define este tipo de trabalho, é pouco comum. Quanto aos materiais que uso, é uma massa aplicada sobre um chassi de madeira. Essa massa é um material plástico, autopolimerizável, muito fácil de trabalhar, com uma dureza superficial muito boa, alta resistência a traumas mecânicos, facilidade de aderência e boa aceitação dos vários tipos de tinta, proporcionando assim uma boa qualidade de acabamento. A composição da massa é a seguinte: pasta de celulose, resina de acetato de vinila e talco industrial. 

Como é o seu processo criativo? Você depende de inspiração para criar suas obras? Tem algum ritual para trabalhar? 

Na minha mente já transitam muitos trabalhos, vivo dentro de um turbilhão de ideias, sons e imagens, que acabam se transformando em obras de arte. Não dependo diretamente de inspiração para criar, mas tem dia que a concentração fica comprometida e nessas horas acontecem algumas dificuldades, que o próprio processo de esculpir ou pintar ajuda a superar. Só gosto de ouvir uma boa música (relativo, conceito pessoal, cada um tem seu próprio gosto), dou muita risada antes, durante e depois, essas risadas são de mim mesmo. Tem uma coisa esquisita, converso muito com as esculturas, falo de tudo com elas. Meio louco...

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Cavalo dourado: Massa aplicada sobre chassi de madeira; material plástico,
autopolimerizável, muito fácil de trabalhar, com dureza superficial muito boa

E temáticas? Você explora temas específicos em séries de suas criações? Ou trabalha com temas variados? Quais? 

Isso é muito interessante. Dificilmente faço um tema isolado, gosto muito de fazer séries. Os temas são os mais variados possíveis. Tudo que for possível representar através da forma e do relevo é tema. Gosto mais da figura humana, retratar a mulher e suas formas belas e perfeitas, animais, sentimentos (este é um tema genial) etc. 

Que análise você faz do cenário das artes plásticas na região, principalmente em Volta Redonda? Você acompanha os novos talentos?

Acho que de uns tempos para cá houve uma mudança para melhor. Mais interesse dos agentes públicos e das pessoas em geral, ainda não é nem um décimo do que é necessário, mas está muito melhor do que um tempo atrás. Volta Redonda, apesar da atenção que já dá aos artistas, como a cidade que centraliza a economia da região, deveria estar na vanguarda do movimento artístico, isso ainda não acontece. A educação nas escolas públicas deveria incluir em seu currículo não só as artes plásticas, mas a música, o teatro e toda forma de manifestação artística. Essa seria uma forma de descobrir novos talentos. Hoje esses novos talentos dependem de sorte, de conhecerem alguém, de fatores que nada têm a ver com a arte. 

É difícil para o artista conseguir expor em uma galeria em Volta Redonda. Você acha que temos poucas? Qual seria o caminho para abrir esse espaço de exposições? 

Além de serem poucas as galerias, não só de Volta Redonda, mas de toda região, as oportunidades são poucas. Onde estão os salões de arte? Quem estuda em ateliê ainda consegue alguma coisa. Falta a organização da classe, o artista cuidar de seu próprio destino, ao invés de ficar à mercê da bondade de pequenos grupos. O caminho é a organização da classe. A educação infanto/juvenil é extremamente necessária, pois como disse o poeta ferreira Goulart "A arte existe porque a vida por si só não basta". 

Quem te influenciou no seu trabalho artístico? Quais os artistas plásticos que mais tocam a sua emoção? 

Venho de uma família de artistas. Os meus pais eram músicos, meu pai tocava clarinete e minha mãe tocava violão e acordeom. Não tive talento para música, mas a família Dutra há oito gerações produz artistas, no interior de São Paulo já houve até retrospectiva desses trabalhos. Pesquise no Google. Quando eu era adolescente, recebi de presente da minha mãe alguns livros, sobre medicina, engenharia, muitas outras ciências, e no meio disso tudo uma coleção com a biografia dos 60 maiores gênios das artes plásticas. Aí conheci Leonardo, Rafael, Miguelangelo, Van Gogh, Modigliane, e muitos outros. eu já desenhava, acho desde que nasci, então... 

O estudo é importante ou fundamental para o artista plástico? Ser autodidata também é um bom caminho?

Claro que o estudo é importante, eu vou começar um curso na Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em breve, artes visuais com ênfase na escultura. Imagino o que vai acrescentar em meus conhecimentos essa faculdade. Em breve completo 60 anos, o curso são quatro anos, e daí? Ser autodata é muito legal no sentido do artista desenvolver um estilo próprio, mas nem por isso ele é isento de conhecimentos e de estudos. 

Foi interessante para você expor na "Quinta Cult"? Acha que espaços alternativos são importantes para os artistas plásticos? 

Interessante é muito pouco. Foi correria, porque o convite de última hora não permitiu que eu me organizasse como queria, mas valeu muito a pena, quero fazer novamente, com tempo para colocar naquele espaço todo meu talento. Espaços alternativos são importantíssimos, mesclar outros movimentos artísticos, tal como música, teatro, poesia etc. com artes plásticas é importantíssimo. 

Serviço 

> Flavio Dutra - Link para obras. Telefones: (24) 9-9849-5962 e (24) 9-8834-0267. Acompanhe as novidades no Facebook do artista. E-mail: drflavio.dutra@hotmail.com

Edição impressa

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

2 Comentários

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  • Francisco Dantas

    Sou um admirador do trabalho desse artista e posso garantir que é "Arte da boa", e é nela que consegue deixar impresso seus sentimentos, sua emoções e sua criatividade. Em arte isso é fundamental.

  • Hugo Krüger

    Grande Flávio! Lhe desejo sucesso no seu curso, muito bom compartilhar sua técnica e experiência, e vai uma dica: - Falar com a obra enquanto a cria é normal, coisa de louco, é quando a obra fala de volta! rsrsrsrs