Publicada em: 30/09/2014 (11:30:08)
Atualizada em: 17/10/2014 (17:20:01) 

(Fotos: Divulgação)

Dora gosta do máximo de realismo possível, aperfeiçoando a imagem o quanto for preciso 

Ela se identifica mais com o estilo acadêmico, hiper-realista ou surrealista. E mais recentemente o artesanato entrou em sua vida como todas as outras expressões artísticas: por curiosidade, interesse e necessidade de diversificar seu trabalho. Às vezes passa longos períodos trabalhando somente com artesanato, seriamente. Dora de Oliveira costuma dizer que já nasceu artista.

- Isso sempre foi muito claro pra mim e todos que me conhecem desde pequena. Então só busquei conhecer, aprender e fazer arte, por toda a minha vida. Nunca tive dúvida do que queria fazer, por isso não foi difícil optar pela Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Tudo o que sempre fiz e sei fazer... é arte - fala.

Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), fez licenciatura plena em educação artística. Mas ao mesmo tempo estudou pintura com o artista João Quaglia; canto lírico com o cantor José Di Giacomo; balé clássico e moderno com as bailarinas Elid Bittencourt e Eline Fonseca (os três últimos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro). Estudou violão, flauta doce e teclado sozinha, e mais tarde aprofundou seus conhecimentos com o saudoso Professor Dito. Estudou também dança de salão, com os professores Russo e Lydia Ferraz, "que trouxeram a dança para a região". Como escritora, participou durante muito tempo do Grebal (Grêmio Barramansense de Letras). 

Confira a entrevista com Dora de Oliveira 

"Infelizmente, o mercado de arte aqui em Barra Mansa é extremamente fraco"

Como você define o seu estilo? Quais os materiais você utiliza em suas obras?

Sou acadêmica por natureza. Gosto de pintar as coisas como elas realmente são, com o máximo de realismo possível. Normalmente pinto com tinta óleo sobre tela, pois essa técnica me permite permanecer trabalhando no mesmo espaço por um período mais longo, aperfeiçoando as imagens. 

Como é o seu processo criativo?

Normalmente a criatividade está condicionada à disciplina e ao trabalho contínuo. Só assim as coisas acontecem. De repente... do nada... é muito difícil acontecer. 

Você depende de inspiração para criar suas obras?

A inspiração depende da ação. Se eu ficar algum tempo sem pintar, quase não tenho inspiração. Mas quando estou trabalhando com frequência, a inspiração corre solta, e flui muito mais. 

Tem algum ritual para pintar?

Não tenho ritual para pintar. Pinto em qualquer lugar, em qualquer circunstância e a qualquer hora. 

E temáticas? Você explora temas específicos em séries de suas criações? Ou pinta temas variados? Quais?

Não tenho preferência por temas específicos. Cada momento me faz voltar o olhar e a atenção para um tema diferente. Normalmente esses períodos se transformam em fases (fase das borboletas, das paisagens, dos detalhes, das miniaturas etc.). 

Que análise você faz do cenário das artes plásticas na região, principalmente em Barra Mansa?

Infelizmente não tenho uma boa impressão sobre esse aspecto. Considero muito fraca a atuação dos poderes públicos em relação à arte e à cultura de uma maneira geral. E as instituições particulares que se empenham em desenvolver projetos nesse sentido não encontram uma resposta positiva da população, que não demonstra interesse pelas manifestações artísticas. O mercado de arte aqui em Barra Mansa é extremamente fraco. 

Você acompanha os novos talentos?

Até pouco tempo atrás eu ainda acompanhava e me envolvia, mas agora não quero mais. 

É difícil para o artista conseguir expor em uma galeria na região? Aliás, temos poucas. Qual seria o caminho para abrir esse espaço de exposições?

A questão não é só criar espaços e oportunidades. É preciso, antes de tudo, criar uma consciência cultural, fazer com que a população sinta a necessidade real de buscar a arte. E isso começa na escola, desde pequeno. Então a problemática é muito mais complexa do que parece. 

Quem te influenciou no seu trabalho artístico? Quais os artistas plásticos que mais tocam a sua emoção?

Na verdade, não houve um artista específico influenciando minha arte. Procuro conhecer todos os tipos de arte. Algumas eu aprecio, outras não. Mas com certeza os artistas que tinham um estilo parecido com o meu foram mais observados e admirados. Posso citar: Leonardo Da Vinci, Salvador Dali e dos artistas da nossa terra o meu professor do antigo ginásio, Clécio Penedo, principalmente no início de sua carreira. 

O estudo é importante ou fundamental para o artista plástico? Ser autodidata também é um bom caminho?

O estudo está diretamente relacionado ao estilo do artista. Dependendo do que ele pretende fazer, vai precisar ou não de estudos mais aprimorados. No meu caso, estou sempre estudando e aprimorando minhas técnicas, em função do rigor com que gosto de pintar minhas obras. 

Foi interessante para você expor na "Quinta Cult"? Acha que espaços alternativos são importantes para os artistas plásticos?

É sempre bom aproveitar as oportunidades de expor e mostrar nosso trabalho, e principalmente estar em contato com o público, que é o remetente da nossa mensagem. Mas, como já disse antes, não encontramos muita gente interessada em ver e ouvir o que temos para apresentar, então vira monólogo... e perde a razão de ser. Eu mesma já criei diversas situações para promover os artistas da região e vi que suas vozes ficaram sem eco. De qualquer forma, considero muito válida a iniciativa de fazer a "Quinta Cult", pois foram momentos muito ricos de culturas diversas e de divulgação do nosso trabalho. 

Projetos. O que vem por aí?

Tenho muitos projetos prontos para colocar em prática a qualquer momento, mas não percebo interesse de nenhuma parte em concretizá-los. Então aproveito para descansar e fazer outras atividades diferentes. 

Serviço

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