Publicada em: 28/07/2015 (12:42:27)
Atualizada em: 06/08/2015 (07:54:52)
(Fotos: Divulgação)
Evento começa no dia 6 de agosto, com apresentações de drags, dança, circo e entrega de
troféus às personalidades que contribuíram para a existência do movimento em Volta Redonda
A Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda foi ampliada. E mudou de local. Este ano, na terceira edição, será realizada a Semana da Diversidade Sexual, que começa em 6 de agosto, no Memorial Zumbi, na Vila Santa Cecília. No dia 9, domingo, será a vez da caminhada, com concentração no Posto JK - Amaral Peixoto, às 14h, seguindo até a Rua Major Aguiar. A organização do evento espera reunir cerca de 5 mil pessoas.
Segundo o fundador-presidente do Movimento Volta Redonda Sem Homofobia, Natã Teixeira Amorim, a prefeitura vai ceder palco, estrutura de som e iluminação, entre outras coisas. Ele explica o que motivou a mudança de local:
- A comissão organizadora do evento resolveu alterar o local, pelo fato de que na Avenida Amaral Peixoto não teríamos problemas de infraestrutura com árvores, fios etc., visando a segurança de todos. E também por ser um um ponto comercial e onde à noite recebe essa parcela da sociedade pelas boates e bares LGBTs.
Natã Teixeira enfatiza que prepararam uma agenda muito interessante, voltada aos direitos à cidadania LGBT. O evento começa no dia 6, com apresentações de drags, dança, circo, a presença de autoridades e da Miss Brasil Gay, Sheila Veríssimo.
- Entregaremos troféus às personalidades que contribuíram de alguma forma para a existência do movimento em Volta Redonda. No dia 7, teremos debates e oficinas voltadas a toda população e haverá exibição de filmes. No dia 8, será realizada a Feira da Cidadania LGBT. Todos esses eventos serão no Memorial Zumbi - detalha.
Confira a entrevista com Natã Teixeira Amorim
"Essa movimentação de Paradas no Brasil e no mundo é um dínamo;
o evento quer levar cidadania à população e reafirmar os direitos civis"
Quando começou a Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda? De quem foi a iniciativa e com qual objetivo?
A Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda começou em 2013, com o Colorindo LGBT, grupo que discutia Políticas Públicas para a população LGBT. Porém, por brigas internas, o movimento não foi para frente e acabou se desfazendo, algumas pessoas mudaram até de cidade e ainda são até hoje nossos parceiros. Em 2014, eu ainda sem ter criado o VR Sem Homofobia, não quis deixar o movimento morrer, pois somos uma parcela da sociedade que somos vítimas de violência e que ainda é vista como uma aberração, e nós temos direitos como qualquer cidadão. Mas o movimento sempre foi camuflado e com a Parada tivemos oportunidades de reunir LGBTs e simpatizantes para sensibilizar e conscientizar a população sobre nossos direitos.
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Atualização (09/03/2018 - 11:28:23)
Rafael Delgado, ex-presidente do Grupo Colorindo LGBT do Sul Fluminense, entrou em contato com o site, solicitando correção na resposta de Natã Teixeira Amorim. Segue o texto enviado por Rafael Delgado:
“A I Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda foi realizada pela Associação Colorindo de LGBT do Sul Fluminense, porém o grupo não se desfez por motivo de brigas internas. O fato ocorrido foi que eu fui espancado na Avenida Amaral Peixoto, saindo de uma boate e indo para casa, no mês seguinte à Parada, e com medo do ocorrido meus pais decidiram que eu voltasse a morar em Cabo Frio, junto à minha mãe. Eu fui à delegacia, prestei boletim de ocorrência, fiz exame de corpo delito. E depois de eu ter que voltar para Cabo Frio o grupo resolveu encerrar os trabalhos. Somos, sim, parceiros do grupo atual, mas não tivemos brigas. Peço a correção, para que não fique suja a imagem de um grupo que trabalhou duro para a comunidade LGBT volta-redondense, e para que seu portal não fique com uma matéria falsa”.
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Que avaliação você faz das duas primeiras edições? E o que espera da terceira edição?
A cada edição é um aprendizado, estamos iniciando ainda. As duas primeiras edições foram um sucesso para nosso público, as pessoas gostaram e foram bem recepcionadas, não tivemos nenhum tipo de confusão e as pessoas aproveitaram o evento de forma agradável. Esperamos dessa terceira edição muito mais gente do que as outras e um evento mais politizado pela conscientização das pessoas, pela cidadania LGBT e combate à homofobia.
A Parada, no Brasil e no mundo, em si, é um evento festivo? Ganhou mais essa conotação com o passar do tempo, deixando a questão do trabalho de conscientização em segundo plano? Ou não?
Não, não deixamos a conscientização em segundo plano. A Parada é sim uma grande festa, mas isso não a faz perder seu caráter político. É um dos poucos movimentos que evidenciam um grave problema social da cultura capitalista nos centros urbanos, tipo o isolamento das pessoas e a eliminação do espaço público como espaço de convivência. Essa movimentação de Paradas no Brasil e no mundo é o dínamo político que incentiva e fortalece a realização de ações em outros países que não permitem quaisquer manifestações em defesa desse tema. O evento quer levar cidadania à população e reafirmar os direitos civis.
Visando maior segurança: Parada, que era realizada na Vila Santa Cecília, este ano terá
concentração no Posto JK - Avenida Amaral Peixoto, seguindo até a Rua Major Aguiar
E as críticas de uma parte da população sobre o comportamento de algumas pessoas que participam da Parada, o que eles definem como "exageros"? Como você, da organização, lida com isso?
Algumas pessoas não entendem o significado de um ato como esse e acabam exagerando, mas também a sociedade tem que abrir os olhos, ver ao seu redor e refletir. Não acho desrespeito demonstrações de carinho ou amor. Agora quando há algo apelativo não concordo, assim como não concordaria com um casal hetero fazendo o mesmo. É um direito que os homossexuais têm, assim como os heterossexuais também.
A Parada, acredito, é uma parte do trabalho realizado, talvez a de maior repercussão. Mas o que é feito durante todo o ano? Projetos. O que vem por aí?
Eu dedico meu tempo desde os 13 anos para lutar e compartilhar ideais com toda a sociedade, com um trabalho de promoção e garantia dos interesses de toda sociedade. Minha relação com o movimento LGBT foi a partir da experiência que tive de conviver com pessoas que sofriam homofobia nos próprios lares, e pude ver que a partir de uma conscientização poderíamos tentar abrir mais as cabeças das pessoas para essa população que é tão discriminada. Com isso, em 2014, vendo esse movimento em Volta Redonda abandonado, me juntei a um grupo de amigos e criei o Volta Redonda Sem Homofobia, grupo que tem como objetivo promover qualidade de vida, direitos humanos e cidadania ao público de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
O Volta Redonda Sem Homofobia vem discutindo com a sociedade e tentando abrir um diálogo entre o governo e o Movimento LGBT sobre políticas públicas e cidadania a esse público. Hoje estamos trabalhando para que a prefeitura forme seus servidores da segurança pública, saúde, educação e assistência social sobre a cidadania LGBT e combate à homofobia, além de um diálogo para que haja um trabalho com as travestis que ficam nos pontos de prostituição da cidade. Não queremos obrigá-las a parar de se prostituir, mas a ideia visa capacitar as transexuais e travestis, que sofrem discriminação no mercado de trabalho e muitas vezes têm de recorrer à prostituição.
Queremos também fortalecer o debate sobre o atendimento dos mesmos pelo Sistema Único de Saúde. Muita coisa está sendo discutida na área de educação, cultura, esporte, assistência social, segurança pública e saúde, estamos nos dedicando ao máximo para que essa população tenha seus direitos garantidos como qualquer cidadão.
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Serviço
> Acompanhe as novidades na página do evento e na página do Volta Redonda Sem Homofobia. Os contatos são: (24) 9-9876-2290 ou vrsemhomofobia@gmail.com