(Fotos: Divulgação/Aqruivo Volta Redonda Sem Homofobia)
No início foram cerca de mil pessoas; Parada foi evoluindo; este ano expectativa é de 10 mil
Tudo começou no dia 24 de novembro de 2013, uma realização do Grupo Colorindo LGBT, que hoje não existe mais. A primeira edição aconteceu na Vila Santa Cecília, reunindo cerca de mil pessoas. Este ano, em 27 de agosto, das 13 às 20h, será realizada a 5ª Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda. Desta vez, na Praça Pandiá Calógeras (final da Rua 33). A concentração será na Praça Brasil e haverá uma caminhada com cartazes e faixas pela Rua 33 com destino à Praça da ETPC. A expectativa de público, de acordo com os organizadores, é de cerca de 10 mil pessoas de toda a região.
O coordenador do Volta Redonda Sem Homofobia, Natã Teixeira Amorim, de 20 anos, conta que em 2014 o Movimento já existia e tomou a frente do projeto, realizando a segunda edição da Parada, também na Vila, em 23 de novembro. Segundo ele, com o objetivo de ampliar o evento e aproximá-lo do centro comercial da cidade, o projeto foi alterado e a terceira edição realizada em 9 de agosto de 2015, na Avenida Amaral Peixoto.
- Reunimos cerca de 5 mil pessoas e realizamos a quarta edição em 2016 no mesmo local, com cerca de 8 mil pessoas. Não podemos deixar de perceber a evolução e o crescimento do evento. Todos os anos nos preocupamos com o bem-estar, visibilidade e segurança dos participantes, mas sempre indo conforme a lei exige - diz.
No dia 27, além do Palco Principal, com DJs, performances, shows, dança e diversas apresentações, o público poderá conferir a Área Esportiva (arena com diversos esportes); Área de Intervenção, onde estarão os coletivos, personalidades e artistas em um espaço livre; Tendas de Conscientização (saúde, cidadania, prevenção e direitos); e o Bar Oficial, “com preços justos revistos para a causa”.
Confira a entrevista com Natã Teixeira Amorim
"Pensamos e decidimos que, mesmo sem trio elétrico, devemos ir às ruas"
Por que a escolha do tema “Nossa causa é o amor” para este ano?
Este ano nosso movimento procurou focar no tema do amor, pois consideramos justa toda forma de amor, e quando falamos de amor falamos de união entre a população LGBT+. Como exemplo disso, os participantes da última parada foram testemunhas de um pedido de casamento, fazendo lembrar que acima de muita luta e pesares é justamente por amar quem amamos que somos obrigados a enfrentar tamanhas desventuras, mediante a estranheza do olhar daqueles que julgam o diferente como errado ou impróprio. Sendo assim, gostaríamos de trazer o tema amor para que essas pessoas entendam que também somos capazes de amar e enfrentar a tudo e a todos por aqueles que amamos.
Por que a Parada foi transferida para a Praça da ETPC? Isso gerou algumas críticas. Na avaliação de vocês a mudança de local descaracteriza o evento ou tira a sua representatividade e importância?
Estudamos diversos locais para o evento acontecer e enfrentamos alguns problemas, como comércio, associação de moradores e falta de recursos. Temos que reconhecer a instabilidade financeira que se encontra nosso país hoje, e em nosso município não é diferente. Somente com o apoio da Prefeitura de Volta Redonda e de algumas parcerias que firmamos não seria possível arcar com todas as despesas e taxas para realizar um evento desse porte. E não encontramos parcerias privadas dispostas a nos ajudar, por isso tivemos que adotar um novo formato de evento, como um festival LGBT+ com uma caminhada diferente, sem o glamour e luxo que muitos esperam. Isso gerou algumas críticas que, para nós, da organização, foram construtivas. Todos que nos procuram estamos dando as explicações e abrindo diálogo. Sabemos que a Praça Pandiá Calógeras (ETPC) é um ponto da cidade afastado, porém um espaço maravilhoso que devia ser mais utilizado, e que nosso evento foi recebido de braços abertos pela associação de moradores.
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"A Parada do Orgulho LGBT+ é um momento onde vamos às ruas para mostrar que existimos e queremos ser vistos. Em diversas cidades onde acontece o evento, as organizações vêm adotando novos formatos para continuar a lutar pelos direitos da população LGBT+. Mesmo não conseguindo atender a expectativa de todos, acredito que seja um momento de união e que somos criativos o suficiente para fazer com que as pessoas nos vejam e nos ouçam".
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Esta semana (dia 10, quinta-feira) vocês conseguiram que fosse realizada uma caminhada, saindo da Praça Brasil, até a Praça da ETPC. Isso se deveu às críticas recebidas?
Sim. Fomos procurados por algumas pessoas e coletivos e juntos pensamos e decidimos que, mesmo sem trio elétrico, devemos ir às ruas. Vamos realizar uma concentração na Praça Brasil e em caminhada com cartazes e faixas vamos ocupar a Rua 33 com destino à Praça Pandiá Calógeras, onde vamos ser recepcionados com essa grande festa em prol do orgulho LGBT+ que estamos preparando.
A programação deste ano está bem diversificada e diferente dos anos anteriores. Como essa programação foi pensada e com qual objetivo? O que você destaca da programação?
Nosso Movimento vem focando na valorização dos talentos que existem em nossa região e consultamos bastante pessoas para saber como aproveitar o espaço onde o evento irá acontecer. Além de muita música, performances de artistas e discotecagem, estamos preparando tendas de informação, praça de alimentação e outras atividades extras de intervenção e esportivas que estarão rolando durante o evento.
Vocês chegaram a divulgar (com post de foto) que a Parada contaria com a parceria inédita entre Auê House e The Gaarden. Mas no material de divulgação nas redes sociais só consta o apoio da The Gaarden. O que aconteceu?
Quando iniciamos a discussão sobre o projeto da Parada do Orgulho LGBT+ buscamos tentar envolver as duas casas, para deixar claro que não existe uma rivalidade entre ambos e o foco seria a causa LGBT. Durante as reuniões, fomos estudando diversas formas para o evento acontecer e planejando a estrutura com o que tínhamos de recursos. Quando chegamos a esse novo formato o Auê House até um momento estava de acordo, porém no final nos comunicou que não tinha interesse de apoiar o evento nesse modelo. Com isso, poderemos contar com o apoio apenas da The Gaarden, que independentemente do formato do evento entende que a proposta deve ser apoiada, por ser tratar da causa LGBT.
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"A Parada nos trouxe visibilidade, e através da visibilidade o diálogo com as esferas dos poderes público e Judiciário. Tivemos grandes avanços nas políticas públicas para a população LGBT em Volta Redonda, e vamos lutar por mais avanços cada dia mais".
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Em um evento desse porte é praticamente impossível zerar excessos, cometidos por alguns, o que acaba gerando críticas e reclamações, generalizando todos os participantes. Vocês vão intensificar a segurança para tentar minimizar isso?
Durante a organização do evento sempre abrimos diálogo com a Guarda Municipal e com a Polícia Militar. Este ano estamos enfrentando a falta de efetivo de agentes em nossa cidade e região. Mesmo o nosso evento sendo bem tranquilo, será reforçado com segurança particular, para garantir que tudo corra bem aos participantes.
Quinta-feira, 10, houve uma ocupação da Câmara Municipal, coordenada pelo Movimento LGBT da cidade. Pode comentar o assunto, especificando o que motivou a ocupação e traçando um paralelo com a Parada que será realizada dia 27 de agosto?
Essa ocupação se fez necessária pelos discursos que alguns vereadores vêm realizando como um ataque às políticas públicas voltadas à população LGBT, que eles entendem como um privilégio. Em momento algum pedimos privilégios e sim Respeito. Os crimes de homofobia vêm crescendo em nosso país, e em nossa região não é diferente, ainda existem muitos casos de discriminação e muitos jovens estão sendo expulsos de casa por serem LGBTs. Ocupamos a Câmara Municipal e estamos dispostos a ocupar sempre que necessário. Até o dia da Parada do Orgulho LGBT devemos realizar diversos atos pacíficos dessa forma em defesa dos nossos direitos por vários pontos da cidade.
Após a Parada, quais os projetos? O que vem por aí?
Além das discussões que já estão em andamento e os atendimentos que realizamos na instituição, nosso próximo passo será a inauguração de uma Casa de Acolhimento LGBT+ para atender a demanda que estamos recebendo de jovens expulsos de casa, e ali vamos reinseri-los na sociedade e no mercado de trabalho, para que eles possam garantir sua estabilidade - um projeto da instituição em parceria com empresas privadas e movimentos organizados sem recursos públicos. E pretendemos ampliar nossas redes de atendimento para toda região sul fluminense.
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Fique de Olho
> 5ª Parada do Orgulho LGBT de Volta Redonda - Data: 27 de agosto (domingo). Horário: das 13 às 20h. Local: Praça Pandiá Calógeras - Praça do ETPC (final da Rua 33). Classificação: livre. Realização: Volta Redonda Sem Homofobia. Apoio: PortalVR, Smac - Volta Redonda, Secretaria de Cultura de Volta Redonda, Secretaria de Esporte e Lazer, Coordenadoria da Juventude de Volta Redonda e The Gaarden. Mais informações: (24) 9-8825-2120.